Colisão na Terra pode ter formado nossa Lua em questão de horas; veja vídeo
Cerca de 4,5 bilhões de anos atrás, "Theia", um hipotético planeta com aproximadamente o tamanho de Marte, se chocou com a Terra — na época bem diferente do que conhecemos hoje. Sabemos que esse impacto gerou a Lua, mas uma pesquisa oferece uma nova teoria sobre a velocidade em que isso ocorreu: nosso satélite teria se formado em questão de horas, e não de anos.
Segundo cientistas da Nasa e da Universidade de Durham, no Reino Unido, o material que se soltou com a colisão destruidora, incluindo partes de Theia e do manto do nosso planeta, imediatamente se aglutinou e criou a Lua — diferente da teoria mais aceita até agora, de que muitos anos teriam se passado até a formação do nosso satélite natural, a partir de detritos.
A Nasa acaba de publicar um vídeo com uma simulação super detalhada do novo estudo. Nele, é possível observar que, logo após o impacto, dois corpos se formam, um maior e um menor. O menor virou a Lua e, o maior, foi absorvido pela Terra, aumentando seu tamanho.
Nesta teoria, a gravidade do detrito maior e da Terra empurra o material menor para frente, em uma órbita ampla e estável. Essa evidência explicaria porque a rotação do nosso planeta e a órbita de seu satélite possuem orientações semelhantes.
Como o interior da Lua, no momento da colisão, não estaria totalmente derretido e formado, a simulação também acaba oferecendo uma resposta sobre o porquê de o satélite ter uma órbita inclinada e a crosta fina.
A nova visão sobre a criação da Lua, e sua origem compartilhada com a Terra, foi feita em um supercomputador da Nasa, capaz de simular um evento cósmico.
De acordo com a agência espacial, a modelagem usada tem a mais alta resolução do que qualquer simulação já feita para aplicar teorias envolvendo as origens da Lua ou de outros grandes impactos.
História de amor entre a Terra e a Lua
Jacob Kegerreis, pesquisador de pós-doutorado no Centro de Pesquisa Ames, no Vale do Silício (Califórnia, EUA), disse que a nova teoria abre uma infinidade de possibilidades sobre a evolução do satélite e a história entrelaçada da Lua e da Terra.
É ele quem assina o artigo sobre a descoberta, publicado este mês no The Astrophysical Journal Letters.
A equipe usou um programa chamado SPH With Inter-dependent Fine-grained Tasking (SWIFT), projetado para simular de perto a complexa rede gravitacional e forças hidrodinâmicas que atuam sobre grandes quantidades de matéria do espaço.
"Entramos neste projeto sem saber exatamente quais seriam os resultados dessas simulações de alta resolução. Portanto, além da grande surpresa de que as resoluções padrão podem fornecer respostas enganosas, por perder aspectos importantes do movimento, foi ainda mais empolgante que os novos resultados pudessem incluir um satélite tentadoramente parecido com a Lua em órbita", comemorou Kegerreis.
Ele comparou a importância da alta resolução numa pesquisa como essa com o uso de um telescópio. Quanto mais potente, mais detalhes podem ser vistos. Em termos comparativos, a resolução padrão que geralmente era utilizada nesse tipo de estudo girava em torno de 100.000 e 1 milhão de partículas. Agora, a modelagem consegue chegar a 100 milhões de partículas.
A nova tecnologia permitiu que os pesquisadores observassem novos comportamentos, que estudos anteriores não conseguiam ver.
Lua e Terra possuem mesmo 'DNA'
Essa descoberta pode explicar algumas questões que já vinham sendo discutidas sobre a formação e a composição da Lua. Segundo os cientistas, as amostras lunares já analisadas em laboratório mostram que a assinatura isotópica (com base nos elementos químicos) desse material é muito semelhante às rochas da Terra, o que são muito diferentes, por exemplo, das de Marte.
"Isso torna provável que grande parte do material que compõe a Lua tenha vindo originalmente da Terra", divulgou a Nasa em seu site oficial.
"Quanto mais aprendemos sobre como a Lua surgiu, mais descobrimos sobre a evolução de nossa própria Terra. Suas histórias podem ecoar nas histórias de outros planetas alterados por colisões semelhantes ou muito diferentes", disse Vincent Eke, pesquisador da Universidade de Durham e coautor do artigo.
As análises de futuras amostras lunares obtidas pelas missões Artemis, da Nasa, poderão colocar à prova o grau de conformidade dessas teorias.
As primeiras pistas sobre a criação da Lua foram obtidas após o retorno da missão Apollo 11, em julho de 1969, quando os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin trouxeram 21,6 quilos de rocha lunar e poeira de volta à Terra.
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