Topo

Facebook remove 600 mil posts de ódio para 'proteger a eleição brasileira'

Até o primeiro turno, cerca de 310 mil postagens removidas incitavam violência e outras 290 mil eram discurso de ódio  - iStock
Até o primeiro turno, cerca de 310 mil postagens removidas incitavam violência e outras 290 mil eram discurso de ódio Imagem: iStock

Gabriel Daros e Marcella Duarte

De Tilt

11/10/2022 17h38

A Meta, empresa-mãe do Facebook e do Instagram, informou ter removido mais de 600 mil conteúdos de violência e discurso de ódio das duas redes sociais, relacionados às eleições no Brasil. Um relatório com os dados foi divulgado ontem (10), chamado "Dando transparência ao trabalho da Meta para proteger a eleição brasileira de 2022".

As postagens em questão foram derrubadas entre 16 de agosto e 2 de outubro, ou seja, desde o início da campanha eleitoral até o dia de votação do primeiro turno.

Cerca de 310 mil violavam políticas de incitação à violência — por exemplo, pedindo para os eleitores irem às urnas portando armas — e outras 290 mil se enquadravam como discurso de ódio — como ataques preconceituosos e xenofóbicos.

"Em 2 de outubro, antes mesmo do fim da apuração dos votos, detectamos mensagens que atacavam a população do Nordeste e removemos conteúdos que violam nossas regras", ressaltou a empresa, se referindo à reação de certos eleitores, principalmente do presidente Jair Bolsonaro (PL), ao verem a liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em nove estados da região.

Também foram excluídos posts com desinformação (fake news) e interferência eleitoral — incluindo datas e horários incorretos de votação ou números errados de candidatos.

Inteligência artificial

As remoções foram realizadas em uma ação conjunta entre algoritmos de inteligência artificial, treinados em português para detectar os conteúdos problemáticos de maneira autônoma, e análise humana, com uma equipe de 40 mil especialistas em "ciência de dados, políticas públicas, direito, segurança, moderação de conteúdo e engenharia".

Nos últimos meses, a Meta ativou um "Centro de Operações para Eleições" no país, para acelerar o tempo de resposta às potenciais ameaças no Facebook e Instagram.

"Graças ao aprendizado de máquina ('machine learning'), nossa tecnologia nos ajuda a identificar posts com alta probabilidade de violar nossas políticas para reduzir sua distribuição e, se for o caso, removê-los", explica o comunicado. "Um exemplo em que esse mecanismo foi aplicado no fim de semana do primeiro turno inclui alegações falsas de que 'urnas tinham votos pré-registrados'".

No WhatsApp, também controlado pela Meta, mais de 85,7 milhões de mensagens foram trocadas no Tira-Dúvidas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de 1º de abril a 2 de outubro, atendendo mais de 4,7 milhões de brasileiros. Também foi criado um canal de comunicação direta com o TSE, para receber denúncias de postagens.

Ação remonta a críticas de delatora do Facebook

Mais que um reforço para a proteção eleitoral, os esforços para proteger as pessoas e os fatos parecem uma resposta às críticas que o Facebook vinha recebendo por descaso com as democracias.

Em vista ao Congresso Nacional ainda este ano, a ex-funcionária e delatora dos Facebook Papers, Frances Haugen, alegou que a Meta "não protege as eleições no Brasil".

"Se a gente não consegue aprovar uma regulamentação das redes sociais no Brasil, é urgente que estes agentes assumam compromissos mais efetivos, principalmente em um país como este e principalmente em um cenário como as eleições neste ano", afirmou ela durante a ocasião.

Dois dias depois, a Meta anunciou que estava alterando, já nas eleições deste ano, a maneira como distribui conteúdo político aos usuários, dando menos ênfase a comentários e compartilhamentos que envolvam o tema. Assim, esperava-se reduzir o impacto da disseminação de conteúdo tóxico e fake news.