Dá para voar na gravidade zero sem sair da atmosfera, mas requer estômago
Não é preciso ir para o espaço para saber como um astronauta sente-se livre da gravidade terrestre. É possível fazer isso com "apenas" um avião a jato, em condições perfeitas para realizar voos parabólicos, e um estômago em boas condições, para não vomitar.
O voo parabólico permite vivenciar a microgravidade semelhante à existente no espaço. O jato decola até atingir uma altitude segura no céu. Em seguida, ele passa a voar em ziguezague, como se estivesse subindo e descendo várias montanhas.
A aventura começa já na saída do solo, quando o jato decola a 47 graus de inclinação em relação à superfície terrestre. Para se ter uma ideia, uma decolagem de voo comercial nunca ultrapassa uma inclinação de 20 graus.
No fim da primeira subida, dá para sentir a microgravidade por alguns segundos. Na metade da altitude de descida, acontece o contrário: tudo fica muito, e é como se estivéssemos pregados no chão. Em seguida, o jato começa uma nova subida, e temos mais alguns segundos de ausência de peso, seguido de um novo período de hipergravidade.
Voos parabólicos começaram a ser usados para pesquisar a microgravidade - é mais barato do que enviar a pesquisa para uma estação espacial, por exemplo. Hoje, há empresas que realizam estes tipos de viagem apenas por diversão.
Só não é divertido para o bolso: um passeio destes num Boeing 727 modificado custa ao menos US$ 5 mil por pessoa.
Antes da decolagem, todos os passageiros são obrigados a tomar um remédio contra enjoo. Quem tem estômago forte e curte a viagem diz que a sensação é de estar dentro de uma piscina funda, só que sem água. Também é difícil ficar de pé na ausência de gravidade: normalmente, as pessoas flutuam como se estivessem sentadas em cadeiras invisíveis.
Fontes: Mauricio Pazini Brandão, engenheiro aeronáutico do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José do Campos (SP) e Thais Russomano (professora PhD em Space Physiology - King's College London e coordenadora do Centro de Microgravidade da PUC-RS), Guinness World Records e sites da empresas Embraer, Airbus e Zero G.
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