Por que é tão difícil que avatares do metaverso tenham pernas?
Um ano após lançar a empresa Meta, junto com seus planos de se tornar referência de um mundo virtual, Mark Zuckerberg anunciou uma série de novidades para seu metaverso, incluindo headsets mais imersivos e uma nova geração de avatares com pernas e pés.
Até então, os principais aplicativos de realidade virtual da empresa só permitiam a criação de representações de pessoas da cintura para cima, que pareciam flutuar, com ares fantasmagóricos. O assunto chegou a ser motivo de chacota nas redes sociais, no ano passado.
Talvez por isso, o próprio Zuckerberg, durante o evento Meta Connect da semana passada, ironizou sobre a demora em apresentar os avatares completos. "Acho que todo mundo estava esperando por isso, porque provavelmente é o recurso mais solicitado pelos usuários. Chega de flutuar da cintura para cima!", disse. O evento do grupo Meta tem a proposta de divulgar os avanços da empresa nas áreas de metaverso e realidade virtual (VR).
Por que é difícil recriar membros inferiores em avatares?
De acordo com a própria Meta, a principal dificuldade em introduzir pernas nas representações digitais de pessoas está relacionada às limitações tecnológicas.
Isso porque os sensores dos óculos de realidade virtual não conseguiam acompanhar com precisão as pernas dos usuários, reduzindo a qualidade da experiência imersiva e até mesmo criando cenários perturbadores.
"Quando seu corpo digital é renderizado incorretamente — no local errado, por exemplo — pode gerar uma situação perturbadora ou engraçada, retirando imediatamente o usuário da experiência. Se as pernas estiverem embaixo de uma mesa ou mesmo atrás dos braços, é possível que o headset não as veja corretamente, precisando confiar na previsão", esclareceu a Meta. E nem sempre dá certo.
Por outro lado, sem conseguir imitar todos os movimentos humanos possíveis, os avatares sem pernas se assemelham mais a bonecos com o corpo pela metade, colocando em xeque a própria qualidade e eficiência de um amplo mundo virtual.
Já com os braços é diferente. Os sensores dos óculos e dos controladores (como joysticks) ficam próximos ao tronco, detectando facilmente as partes do corpo localizadas da cintura para cima e permitindo o rastreamento dos movimentos com precisão.
Investimento em IA é uma saída
Ao longo dos anos, empresas que desejaram representar pernas no mundo virtual usaram como estratégia câmeras direcionadas para o chão ou até mesmo sensores físicos, que se conectam diretamente ao corpo.
Mas esta solução tem se apresentado obsoleta por diversas razões, além de ser limitante em muitas situações — por exemplo, os sensores não permitem uma visão precisa das pernas e dos pés, dificultando a captura de alguns movimentos.
Para resolver a questão, a Meta disse que vai apostar em inteligência artificial (IA). Embora a empresa não tenha divulgado detalhes do processo, especialistas no tema já explicaram em sites internacionais que os movimentos dos membros inferiores devem ser baseados em um extenso banco de dados a ser implantado no headset, tecnologia que não prevê um rastreamento propriamente dito.
Os novos avatares com pernas no metaverso devem ser apresentados no próximo ano. Eles chegarão primeiro ao Horizon Worlds, principal aplicativo de realidade virtual da Meta. Segundo a empresa, se a experiência der certo e à medida que a tecnologia for aprimorada, os membros inferiores serão levados a outros apps.
Além das pernas, a Meta anunciou que os novos avatares serão mais bonitos e personalizáveis, chegando mais próximos da aparência humana. Entre as melhorias, a empresa destacou a adição de mais tipos de corpos, tons de pele e expressões faciais.
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