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Pedacinhos do cometa Halley: como ver a chuva de meteoros Orionídeas hoje

Chuva Orionídeas pode gerar até 30 "estrelas cadentes" por hora nesta madrugada - Reprodução
Chuva Orionídeas pode gerar até 30 "estrelas cadentes" por hora nesta madrugada Imagem: Reprodução

Marcella Duarte

De Tilt, em São Paulo

21/10/2022 04h00

Para fechar a astronomia de outubro com chave de ouro, temos uma das mais aguardadas chuvas de meteoros do ano: a Orionídeas, que atinge seu pico na madrugada entre hoje (21) e sábado. Gerada por resquícios do icônico cometa Halley, ela pode ser observada a olho nu de qualquer parte do Brasil — basta um céu limpo.

Esta chuva é conhecida por gerar belos espetáculos, com até 30 meteoros (as populares "estrelas cadentes") por hora. E a Lua vai nos ajudar a vê-las — na fase minguante, estará bem "fininha" e com pouco brilho, deixando o firmamento mais escuro.

O que faz da Orionídeas mais especial é a sua composição. Os fenômenos luminosos são gerados por pedacinhos da cauda do famoso cometa Halley — que nos visitou pela última vez há 35 anos, em 1986, e só voltará em 2061 —, que entram em nossa atmosfera em alta velocidade.

Como ver?

Não é preciso nenhum equipamento especial, como binóculos ou telescópios, para ver qualquer chuva de meteoros. O principal é ter paciência e estar bem posicionado.

Desta vez, também será preciso ficar acordado até tarde: o melhor horário para ver a Orionídeas esta semana é de madrugada.

Tilt separou algumas dicas para aumentar suas chances de ver uma "estrela cadente":

  1. Torça por um céu sem nuvens. Procure um lugar com pouca luz, como uma varanda ou quintal. Quanto menos poluição luminosa, mais chances de observar mais meteoros.
  2. Fique confortável. Sente em uma cadeira (de preferência uma reclinável ou de praia), proteja-se do frio e evite usar o celular (para não se distrair ou ter a visão ofuscada pela claridade da tela).
  3. Tenha paciência. Nossos olhos demoram cerca de 20 minutos para se acostumar com a baixa luminosidade e a diferenciar o brilho dos diferentes corpos celestes (estrelas, planetas, meteoros).
  4. Olhe para o leste (onde o Sol nasce) a partir da meia-noite, quando estará nascendo a constelação de Órion (onde ficam as conhecidas "Três Marias").
  5. Este é o radiante da Orionídeas (por isso o nome); ou seja, os meteoros vão aparentar convergir nela. Mas não fixe a visão ali, eles podem surgir de qualquer ponto ao redor.
  6. Um software de observação dos céus (como Stellarium, Star Walk, Star Chart, Sky Safari ou SkyView) podem te ajudar a encontrar a constelação.
  7. Observe atentamente e espere pelos meteoros. O melhor momento de observação é partir das 2h, quando o radiante estiver mais alta no céu. Os meteoros poderão ser vistos até o amanhecer.
  8. Faça um pedido a cada "estrela cadente" vista, como manda a tradição.
  9. Se não der certo hoje, observe também nos próximos dias. A chuva continua ativa até o final do mês, com cada vez menos meteoros. Até segunda-feira, ainda estará bem intensa.
  10. Com uma câmera em modo de longa exposição, é possível fazer belas imagens dos rastros dos meteoros.

O cometa Halley

A Orionídeas acontece todos os anos no final de outubro, quando a Terra, em seu movimento de translação em torno do Sol, cruza a órbita do cometa, onde flutua uma trilha de destroços e poeira — derrubados nas passagens anteriores do Halley ao longo de milhares, talvez milhões, de anos.

Ao entrar em nossa atmosfera em altíssima velocidade (cerca de 70km/s), eles queimam e são vaporizados pelo atrito, deixando o belo — e inofensivo — rastro luminoso.

Nosso planeta atravessa a "estrada" do cometa duas vezes por ano, em dois pontos diferentes. Ele também é responsável pela chuva de meteoros Eta Aquáridas (radiante na constelação de Aquário), que vemos todo mês de maio, quando a Terra passa por outra "perna" de sua órbita.

O Halley visita nossa região do Sistema Solar a cada 74-79 anos. É o único cometa regularmente visível a olho nu. E nos deixa bons — e brilhantes — motivos para nos lembrarmos dele todos os anos, mesmo quando está longe.

Veja este belo vídeo timelapse da Eta Aquáridas, observada durante uma note em Santa Catarina, em maio deste ano: