A 'regra dos cinco segundos' para a comida que cai no chão funciona mesmo?
Conhece a "regra dos cinco segundos?" Para muitas pessoas, se um alimento que caiu no chão for resgatado em menos de cinco segundos, pode ser consumido normalmente.
Mas essa crença popular funciona mesmo? Ao longo dos anos, muitas pesquisas tentaram comprová-la. A maioria concluiu que a quantidade de bactérias transferidas para um alimento em contato com qualquer superfície não depende apenas do tempo em que aquele foi exposto, mas principalmente do montante de micro-organismos presentes.
Por exemplo, um pão que ficou por cinco segundos no chão da sua cozinha tem bem menos chance de ser contaminado do que se ele cair em uma calçada de uma rua movimentada da cidade. Desde, claro, que você mantenha a sua cozinha limpa.
Mas, além disso, o tipo de superfície também pode influenciar na contaminação. Alimentos que caíram em locais com carpetes, por exemplo, sofrem menos contaminação do que os que tiveram contato com pisos laminados ou em azulejos.
Um estudo da Universidade de Clemson, na Carolina do Sul (EUA) constatou que menos de 1% das bactérias que estavam no carpete foram transferidas para o alimento. Mas quando a comida teve contato com um piso laminado ou em uma madeira, foram transferidas entre 48% e 70% das bactérias.
Mas a regra funciona ou não?
Embora as pesquisas nos deem uma certa vantagem se levarmos em conta tempo, tipo de superfície e alimento, do ponto de vista de segurança alimentar, os médicos não recomendam a ingestão desses alimentos.
Quanto menos tempo no chão, menos chance a comida tem de ser contaminada. Mas não podemos garantir que a pessoa não terá uma infecção intestinal, por exemplo, se comer esse alimento.
Em princípio, ingerir os alimentos não traz um risco iminente. O risco está na possibilidade de as bactérias engolidas com a comida se multiplicarem e desenvolverem dentro do nosso corpo e causar uma infecção.
O risco da infecção depende também do tipo de bactérias que está presente no chão no momento da queda. Os vírus mais comuns responsáveis por infecções alimentares são o rotavírus e o norovírus. Entre as bactérias, estão a Salmonella, Shigella, Campylobacter.
Fonte: César Barros, médico infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo; Tatiana Tribess, coordenadora do curso de técnico de alimentos do Senai-Barra Funda
*Com texto de Cintia Baio, em colaboração para o UOL
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