Eleições 2022: veja 5 dicas práticas para você não cair em fake news
Um tuíte do apresentador Casimiro desmentindo uma fake news ultrapassou um milhão de curtidas menos de 24 horas após a publicação. O post no Twitter esclarecia uma imagem falsa compartilhada por Flávio Bolsonaro, filho do presidente e candidato a reeleição, Jair Bolsonaro, em que o streamer supostamente declarava apoio ao seu pai com balões que sinalizavam o número 22. Na imagem real, Casimiro segurava balões com o número 29.
A edição de fotos tem sido uma das armas eleitorais mais comuns para espalhar notícias falsas. No caso de Casimiro, a tática gerou comoção com foco nas Eleições 2022, já que ele é influente na internet — 3,4 milhões de seguidores só no Twitter — e já havia declarado apoio ao candidato Lula.
E é aí que entra o primeiro grande alerta na hora de identificar fake news: desconfie de tudo que cause fortes sentimentos e reações — como raiva, surpresa, indignação, repulsa.
1. Sentiu muita raiva? Desconfie
As fake news usam de um fator psicológico para convencer as pessoas. Elas geram diferentes e intensos sentimentos.
"As notícias falsas são capazes de confirmar nossas fantasias mais básicas, como as de perseguição, conspiração, megalomania, ciúmes. Toda vez que isso é feito temos um sentimento reassegurador de que, em meio ao caos, incerteza e complexidade do mundo, no fundo 'eu sabia'", explicou Christian Dunker, psicanalista e colunista de Tilt.
Estudiosos em mídias digitais defendem a importância da alfabetização digital, que implica em um distanciamento crítico do que acontece dentro das redes sociais. Essas ferramentas online utilizam uma "estratégia de sedução", uma tática para entregar aos usuários o conteúdo que eles querem ver e tudo aquilo que confirma suas próprias ideias.
Essa comunicação unilateral se faz quando passamos a seguir amigos, conhecidos e influenciadores que comungam com nossos pensamentos e passa também pela entrega de conteúdo patrocinado de acordo com nossos posicionamentos, compras online e comportamento na internet (como nossas curtidas, compartilhamentos e interações).
Desta forma, as pessoas têm a falsa sensação de estarem sendo bem informadas quando, na verdade, estão se alimentando de conteúdo que apenas corrobora com suas crenças.
Sendo assim, a dica então é: desconfie daquilo que lê e ouve, principalmente daqueles conteúdos compartilhados pelas redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas — como WhatsApp e Telegram — que despertam emoções muito exageradas, como ódio e admiração passional.
Se a informação não traz sua fonte, o motivo para desconfiar deve ser dobrado.
2. Se receber uma notícia, verifique a data da publicação
Muitas fake news tiram uma informação de contexto para influenciar quem as recebe. Em alguns casos, ela é retirada de sites de notícias confiáveis, mas as publicações são antigas. A estratégia é simples: utilizam um fato real do passado que foi publicizado para inventar uma mentira no presente.
Um exemplo? Uma notícia antiga que trata sobre a prisão de alguém que está em liberdade, se circulada hoje como se fosse um fato presente, trata-se de uma fake news.
Neste caso, a dica é ficar atento à data da publicação e também informações que ela traz. Veículos de imprensa costumam trabalhar informando datas de publicação (e eventual atualização) destacadas nas matérias em textos.
Nas situações em que o conteúdo vier no formato de vídeo, áudio ou imagem, a dica é "dar um Google" para verificar se aquela informação foi publicada em outros canais de comunicação que datem suas publicações. Use palavras-chaves na sua busca.
Outros detalhes que indicam uma fake news são erros gramaticais no texto, uso de caixa alta, emojis apelativos e utilização exagerada de pontuação.
Há ainda os sites de checagem de fatos, como:
3. Se todo mundo está falando, é verdade? Não
"Toda unanimidade é burra", já diz uma máxima atribuída ao escritor brasileiro Nelson Rodrigues. A frase trabalha sobre uma ideia simples: é muito mais difícil questionar um assunto quando muitas pessoas alegam que ele é verdadeiro.
E aqui, temos outro ditado: uma mentira repetida mil vezes torna-se uma verdade. Desta forma, pergunte, questione, vá atrás de outras informações que confirmem essa suposta verdade quando o assunto é diminuir o risco de você cair em fake news.
Além de veículos de informação jornalística, que trabalham com fatos, é possível fazer consultas em institutos de pesquisa com reputação confirmada, sites oficiais de organizações e entidades, além de livros de história. Confronte os dados e avalie a possibilidade de que a informação pode não ser tão verdadeira quanto parece.
Também é importante ler o conteúdo além do título da notícia recebida, porque nem sempre a chamada condiz com o texto.
Ah, aqui vale outro alerta: cheque se os sites que você utiliza não estão imitando o endereço eletrônico de veículos sérios. Muitas vezes, as notícias falsas são publicadas em sites cuja URL (endereço do link) imita a de empresas de conteúdo idôneo.
4. Cuidado frases clichês
Esse tipo de estratégia tem a mesma função de chamar a atenção por despertar sentimento e emoção. Frases clichês nos parecem familiares e quase sempre gera identificação em quem as lê.
Dados exagerados podem provocar revolta — ou felicidade, a depender do que ele comunica e para quem. Por exemplo, um percentual descontextualizado de outros números sobre uma métrica social — fome, desemprego — pode não indicar a realidade e deturpar a informação.
Por isso, desconfie de relações causais simples e de números aleatórios, porque até eles podem ser utilizados em diferentes contextos e interpretações.
Além disso, também os conteúdos que trazem afirmações chocantes e inacreditáveis. Essas certamente trazem informação falsa, pois é um recurso usado para chamar a atenção do leitor.
5. Na dúvida, não compartilhe!
Se você não conseguiu confirmar que determinado conteúdo é verdadeiro ou se as estratégias que utilizou não foram suficientes, não compartilhe com outras pessoas.
Não há como mensurar o impacto de uma fake news na internet e você pode estar sendo usado como parte da engrenagem de uma rede de propagação de mentiras.
*Fontes consultadas: sites do Tribunal Superior Eleitoral, da Universidade Mackenzie, do Iris/Paho (Repositório Institucional para Compartilhamento de Informações da Organização Pan-Americana da Saúde), Agência Lupa e reportagem especial de Bruna Souza Cruz, de Tilt.
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