Caso Emílio Santiago: como é a exumação para teste de DNA após a morte?
O corpo do cantor Emílio Santiago será exumado para a realização de um teste de DNA. O objetivo é confirmar se o ator e comerciante Aleksander Nunes dos Santos é filho ou não do cantor, que morreu em 2013. É possível fazer testes de paternidade precisos em pessoas que já morreram, mas os exames têm de seguir procedimentos legais e técnicos diferentes de um teste em vida.
Santos, que diz ser filho de Emílio Santiago, foi criado pela mãe e o padrasto — ele teria procurado o suposto pai biológico, mas nunca foi reconhecido legalmente como filho. Também não realizaram exames de DNA na época em que o cantor estava vivo. Aos 66 anos, Emílio Santiago morreu após complicações de um AVC (Acidente Vascular Cerebral).
Para fazer o teste de DNA em uma pessoa que já morreu, é necessário coletar informações genéticas da ossada do cadáver. O exame não depende de tempo de morte, causa ou local de sepultamento.
O processo, no entanto, é mais complicado do que um exame de DNA comum porque envolve questões burocráticas e legais.
Primeiramente, é preciso ter uma determinação judicial para solicitar a exumação de um cadáver — ou seja, retirar os restos mortais da sepultura.
A documentação solicitada deve ser apresentada à Secretaria Municipal, junto com o requerimento de exumação fornecido pelo cemitério. Depois, é preciso identificar a sepultura e garantir que aquele é o corpo certo.
Antes de ser aberto, o estado de conservação do caixão é avaliado. O cadáver é fotografado, removido do caixão, assim como eventuais bens que possam estar junto a ele.
Todo o processo deve ser realizado por um médico legista autorizado — que pode ser do IML (Instituto Médico Legal) local ou do laboratório contratado — e acompanhado por representantes legais, que vão garantir a regularidade do processo.
O material (que pode ser coletado dos dentes, mandíbula, costelas, esterno, clavícula, ilíaco e/ou fêmur) é enviado ao laboratório para perícia e comparado com o DNA obtido do suposto filho e da suposta mãe (caso esteja viva).
Quando o cadáver já está exumado, uma certa quantia da amostra pode ser retirada, como por exemplo um dente.
Os testes de DNA servem para investigar possíveis vínculos genéticos entre duas ou mais pessoas. Para isso, é feita a leitura de uma espécie de "código de barras" único que todas as pessoas carregam em suas células e transmitem para os filhos. O resultado garante uma precisão de 99,9%.
Outras exumações já foram realizadas com esse mesmo objetivo. Em 2012, o corpo de Tim Maia, que morreu em 1998, passou pelo procedimento no Rio, a pedido de uma mulher que alegava ser filha do artista. O resultado do exame não comprovou a paternidade.
Fios de cabelo e 'teste de irmandade'
Quando o DNA a ser investigado é de uma pessoa que está viva, normalmente são coletadas amostras de sangue, saliva, ou fios de cabelo.
Se o exame é feito em uma pessoa que morreu já pouco tempo — em um período máximo de sete dias —, ainda é possível fazer a coleta do jeito usual.
Nesse caso, é mais comum que o material genético seja retirado dos fios de cabelo, desde que a raiz ou o folículo estejam preservados. Alguns laboratórios também podem utilizar unhas, dentes ou até mesmo sêmen seco.
Outra solução é a comparação com possíveis parentes vivos. Por exemplo, se o investigado deixou mais filhos, é possível comparar a carga genética de ambos — este é chamado de "teste de irmandade".
O processo ainda pode envolver outros familiares, como pais e irmãos do falecido. Os dados coletados são utilizados para reconstruir o perfil genético do suposto pai e, em seguida, comparados com o DNA do suposto filho.
Quanto mais parentes biológicos são investigados, mais preciso é o resultado.
Resultados não deram certeza
No caso de Santos, esta é terceira tentativa de provar que Emílio é seu pai, segundo o advogado do ator e comerciante. Ele teria feito um primeiro teste de DNA com a meia-irmã de Emílio e o laudo apresentou resultado de 63% de certeza do grau de parentesco.
Também fez outro exame com material genético de Emílio que teria sido guardado antes de sua morte, mas o DNA apontou apenas 12% de chance.
A exumação que seria feita para comprovar a suposta paternidade de Aleksander Nunes dos Santos estava marcada para a última quinta-feira (20), mas teve de ser adiada.
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