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Caso Emílio Santiago: como é a exumação para teste de DNA após a morte?

Aleksandre Nunes dos Santos se diz filho de Emílio Santiago - Reprodução/Instagram
Aleksandre Nunes dos Santos se diz filho de Emílio Santiago Imagem: Reprodução/Instagram

Victoria Borges

Colaboração para Tilt

25/10/2022 04h00

O corpo do cantor Emílio Santiago será exumado para a realização de um teste de DNA. O objetivo é confirmar se o ator e comerciante Aleksander Nunes dos Santos é filho ou não do cantor, que morreu em 2013. É possível fazer testes de paternidade precisos em pessoas que já morreram, mas os exames têm de seguir procedimentos legais e técnicos diferentes de um teste em vida.

Santos, que diz ser filho de Emílio Santiago, foi criado pela mãe e o padrasto — ele teria procurado o suposto pai biológico, mas nunca foi reconhecido legalmente como filho. Também não realizaram exames de DNA na época em que o cantor estava vivo. Aos 66 anos, Emílio Santiago morreu após complicações de um AVC (Acidente Vascular Cerebral).

Para fazer o teste de DNA em uma pessoa que já morreu, é necessário coletar informações genéticas da ossada do cadáver. O exame não depende de tempo de morte, causa ou local de sepultamento.

O processo, no entanto, é mais complicado do que um exame de DNA comum porque envolve questões burocráticas e legais.

Primeiramente, é preciso ter uma determinação judicial para solicitar a exumação de um cadáver — ou seja, retirar os restos mortais da sepultura.

A documentação solicitada deve ser apresentada à Secretaria Municipal, junto com o requerimento de exumação fornecido pelo cemitério. Depois, é preciso identificar a sepultura e garantir que aquele é o corpo certo.

Antes de ser aberto, o estado de conservação do caixão é avaliado. O cadáver é fotografado, removido do caixão, assim como eventuais bens que possam estar junto a ele.

Todo o processo deve ser realizado por um médico legista autorizado — que pode ser do IML (Instituto Médico Legal) local ou do laboratório contratado — e acompanhado por representantes legais, que vão garantir a regularidade do processo.

O material (que pode ser coletado dos dentes, mandíbula, costelas, esterno, clavícula, ilíaco e/ou fêmur) é enviado ao laboratório para perícia e comparado com o DNA obtido do suposto filho e da suposta mãe (caso esteja viva).

Quando o cadáver já está exumado, uma certa quantia da amostra pode ser retirada, como por exemplo um dente.

Aleksander Nunes dos Santos... - Veja mais em https://www.uol.com.br/splash/colunas/lucas-pasin/2022/10/20/corpo-de-emilio-santiago-sera-exumado-hoje-para-teste-de-dna-diz-advogado.htm?cmpid=copiaecola

Os testes de DNA servem para investigar possíveis vínculos genéticos entre duas ou mais pessoas. Para isso, é feita a leitura de uma espécie de "código de barras" único que todas as pessoas carregam em suas células e transmitem para os filhos. O resultado garante uma precisão de 99,9%.

Outras exumações já foram realizadas com esse mesmo objetivo. Em 2012, o corpo de Tim Maia, que morreu em 1998, passou pelo procedimento no Rio, a pedido de uma mulher que alegava ser filha do artista. O resultado do exame não comprovou a paternidade.

Fios de cabelo e 'teste de irmandade'

Quando o DNA a ser investigado é de uma pessoa que está viva, normalmente são coletadas amostras de sangue, saliva, ou fios de cabelo.

Se o exame é feito em uma pessoa que morreu já pouco tempo — em um período máximo de sete dias —, ainda é possível fazer a coleta do jeito usual.

Nesse caso, é mais comum que o material genético seja retirado dos fios de cabelo, desde que a raiz ou o folículo estejam preservados. Alguns laboratórios também podem utilizar unhas, dentes ou até mesmo sêmen seco.

Outra solução é a comparação com possíveis parentes vivos. Por exemplo, se o investigado deixou mais filhos, é possível comparar a carga genética de ambos — este é chamado de "teste de irmandade".

O processo ainda pode envolver outros familiares, como pais e irmãos do falecido. Os dados coletados são utilizados para reconstruir o perfil genético do suposto pai e, em seguida, comparados com o DNA do suposto filho.

Quanto mais parentes biológicos são investigados, mais preciso é o resultado.

Resultados não deram certeza

Emílio Santiago, morto em 2013 - Eduardo Queiroga/UOL - Eduardo Queiroga/UOL
Emílio Santiago, morto em 2013
Imagem: Eduardo Queiroga/UOL

No caso de Santos, esta é terceira tentativa de provar que Emílio é seu pai, segundo o advogado do ator e comerciante. Ele teria feito um primeiro teste de DNA com a meia-irmã de Emílio e o laudo apresentou resultado de 63% de certeza do grau de parentesco.

Também fez outro exame com material genético de Emílio que teria sido guardado antes de sua morte, mas o DNA apontou apenas 12% de chance.

A exumação que seria feita para comprovar a suposta paternidade de Aleksander Nunes dos Santos estava marcada para a última quinta-feira (20), mas teve de ser adiada.