Após anos de críticas, assistente Alexa agora terá voz com timbre masculino
A assistente de voz Alexa vai finalmente ganhar uma opção de voz com timbre masculino. A novidade será liberada a partir desta quinta-feira (27) pela Amazon.
Segundo a empresa, nada muda na forma de pedir coisas, basta continuar falando o nome "Alexa" para dar um comando para o dispositivo.
Como ativar
Diga "Alexa, mude de voz" ao seu dispositivo (como alto-falante Echo, celular, fones de ouvido da Amazon). E só.
A resposta que vem na sequência já estará com outro timbre do usado anteriormente.
"Vale ressaltar que imitações, histórias e canções originais não estarão disponíveis nesta opção. Quando o cliente estiver ouvindo esses tipos específicos de conteúdo, a voz será a já conhecida de Alexa, desde seu lançamento", avisa a Amazon em seu comunicado.
"Ao finalizarem esses conteúdos, a voz volta ao timbre masculino se tiver sido selecionado. Em uma casa com mais de um dispositivo, é possível personalizá-los, escolhendo a opção de voz de preferência para cada dispositivo selecionado", completa.
A novidade vai além de um simples recurso
A mudança da Amazon vem após anos de críticas recorrentes envolvendo empresas de tecnologia e a oferta de assistentes virtuais apenas com vozes com timbre feminino — como Siri (Apple), Cortana (Microsoft) e Google Assistant, além da Alexa. Muitas delas passaram a disponibilizar outras opções de vozes com o tempo.
O problema de tecnologias com vozes que fazem referência às mulheres é que elas reforçam estereótipos e violência de gênero e funcionam dentro de um sistema machista, dizem especialistas que criticam esse formato e entidades de defesa do direito das mulheres.
Isso porque os algoritmos trabalham com vieses inconscientes associados à mulher, concluiu a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) já em 2019. Sabe a crença ultrapassada de alguns de que a mulher tem que ser prestativa e responder/fazer o que se pede para ela? E de que mulheres são mais amigáveis, calorosas?
Tecnologias e assédio
Um estudo realizado em 2019 pela Unesco, por exemplo, observou que quase metade das conversas entre seres humanos e robôs continha alguma referência à aparência física. Esse volume foi maior nas interações com tecnologias com vozes femininas e 18% envolveram o assunto "sexo".
Por que as tecnologias nasceram assim?
Antigamente, a indústria argumentava que a predileção por criar dispositivos com timbres de voz feminina vinha de resultados de pesquisas com clientes, e juravam que assistentes de vozes não tinham gênero definido (mesmo que todas falassem com um tipo de voz).
Um estudo de 2005 observou que a voz sintética feminina era percebida como capaz de ajudar a resolver problemas, enquanto a masculina era vista como uma figura de autoridade, de que sabe das coisas. Uma dinâmica que reflete o machismo da sociedade reproduzido em tecnologias.
"As mulheres são colocadas na tecnologia em um espaço menos dinâmico. Essas empresas transferem o padrão cultural mais atrasado para o padrão tecnológico mais avançado. Assim dão continuidade a essa cultura com medo de perder dinheiro e competição no mercado", chegou a afirmar Cristina Buarque, pesquisadora especializada em feminismo da Fundação Joaquim Nabuco, em reportagem especial do UOL Tecnologia.
Ou seja, já passou da hora de essa dinâmica mudar.
*Com reportagem de Rosália Vasconcelos, em colaboração para Tilt
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