'Vidas negras não importam': usuários testam 'nova' moderação do Twitter
Usuários do Twitter estão apontando uma onda de mensagens com discurso de ódio na plataforma, em consequência da compra da rede social por Elon Musk. O bilionário sempre indicou que diminuiria a moderação de conteúdo, promovendo mais "liberdade de expressão" - e, ao que tudo indica, alguns tuiteiros decidiram testar se o algoritmo já mudou.
Entre as postagens, há imagens com alusões ao nazismo e uso de termos racistas. Alguns tuítes promovem que "blacks live don't matter" ("vidas negras não importam"), em oposição ao slogan que se popularizou após os protestos contra a morte de George Floyd por violência policial nos EUA, em 2020.
A empresa não se manifestou sobre qualquer mudança em suas políticas de uso ou em seus algoritmos, mas dificilmente algum ajuste tenha sido feito tão rapidamente desde a conclusão da compra ontem (27) à noite, por US$ 44 bilhões.
O próprio Musk ainda não confirmou se haverá alterações nesse sentido. Ele publicou em sua conta que "o pássaro está livre"e "deixe os bons tempos rolarem". Este segundo tuíte aparece com um alerta de spoiler, aumentando as expectativas sobre os rumos da rede.
Mas ele também tuitou diretamente para os anunciantes na plataforma, afirmando que a rede social "obviamente não pode virar um inferno onde vale tudo".
Infelizmente, alguns usuários não receberam esse recado.
Conteúdo violenta e fascista gera preocupação
Christopher Bouzy, criador do BotSentinel, ferramenta que monitora bots no Twitter, denunciou que milhares de contas já estão postando conteúdos de caráter racista, misógino e transfóbico.
Alguns posts, inclusive, fazem menção à violência e ao discurso antissemita, com imagens de símbolos nazistas. A hashtag #FreeSpeech, em referência a uma liberdade de expressão sem mediação ao conteúdo de ódio, está nos trend topics da plataforma para a língua inglesa.
"Ainda não se passaram 24 horas, e o Twitter agora é 4chan [fórum famoso por postagens com discurso de ódio e incitação à violência]", publicou Bouzy.
Grupos de direitos humanos e veículos de mídia independente também se posicionaram sobre à movimentação de tweets de ódio neste primeiro dia de funcionamento da plataforma sob a batuta de Musk.
"Elon Musk acabou de comprar o Twitter, estamos um pouco assustados com o futuro da conta", postou o perfil @TransphobicLs
Muitos usuários já começaram a pedir a volta do ex-presidente norte-americano Donald Trump.
Ao tuíte de Musk, o comissário de mercado interno da União Europeia, Thierry Breton, sugeriu que as autoridades europeias ainda aplicarão controle rígido sobre o conteúdo na rede: "Na Europa, o pássaro voará de acordo com nossas regras."
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