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Monitorar o sono com eletrônicos é uma boa ideia? O perigo da ortossonia

Mulher acordando e olhando o celular, sono, cama, acordar - iStock
Mulher acordando e olhando o celular, sono, cama, acordar Imagem: iStock

Simone Machado

Colaboração para Tilt, em São José do Rio Preto (SP)

30/10/2022 04h00

Na tentativa de dormir bem (em quantidade e qualidade), muita gente recorre a aplicativos de monitoramento de sono, disponíveis em smartwatches ou pulseiras. Mas o tiro pode sair pela culatra: esse tipo de autoanálise pode causar situações de estresse que atrapalham o descanso.

Especialistas no assunt afirmam que é normal haver uma grande variação no sono - não se espera que ele seja exatamente igual todas as noites. Mas essa variação não vem sendo bem compreendida. Algumas pessoas pensam que seu sono é inadequado e se preocupam tanto com isso que acabam tendo ansiedade de desempenho, tornando a hora de dormir um motivo de pavor.

Dois dos critérios mais avaliados (a hora de ir para a cama e o total de horas dormidas) não seguem um padrão universal. Eles variam com a idade, os fatores culturais, ambientais e até comportamentais de cada pessoa. A maioria dos adultos requer aproximadamente oito horas de sono, mas essa necessidade pode variar de seis a nove horas.

Como funcionam os aplicativos de sono?

A maioria dos aplicativos analisa sons, movimentos e frequência cardíaca enquanto você dorme para fornecer informações como duração e qualidade do seu sono.

Esses aplicativos afirmam determinar quanto tempo você passa em sono leve ou profundo e quantas vezes você é perturbado durante a noite.

No entanto, muitas vezes as avaliações dos melhores apps limitam apenas testam suas funcionalidades e recursos, mas não conseguem definir se eles realmente medem com precisão o que afirmam. Por isso, apesar de esses rastreadores estarem se tornando bastante precisos na detecção do sono e da vigília, a classificação dos estágios do sono permanece pouco confiável e inconsistente.

Existem perigos no uso de aplicativos de sono?

É importante não colocar muita ênfase em dados que podem ser imprecisos, estabelecer metas de sono irreais ou criar ansiedades de performance.

Relativamente, há poucos estudos que se concentraram no uso efeitvo dessas ferramentas para impulsionar mudanças positivas no comportamento da saúde do sono. O mais recente encontrou um efeito ligeiramente positivo - mas em voluntários saudáveis e sem problemas na hora de dormir.

Por outro lado, existe o risco de que o foco exagerado na otimização desses dados biométricos possa acarretar problemas como a preocupação e a obsessão em acertar os números. Isso está se tornando tão comum que existe agora um nome para essa condição: "ortossonia".

O que é ortossonia?

Ortossomnia não é um distúrbio médico - ele é descrito como um fenômeno de ansiedade que está afetando pessoas que ficam obcecadas com os resultados de seus rastreadores de sono.

Ortossones acreditam que esses dispositivos oferecem informações altamente precisas e confiam mais nesses dados do que em testes médicos, como uma sessão de avaliação em uma clínica especializada, por exemplo.

Isso pode evoluir para comportamentos inúteis, como passar mais tempo na cama para "inflacionar" os dados, o que acaba piorando a qualidade e a quantidade do sono.

É hora de desinstalar os aplicativos de sono?

Os dispositivos de rastreamento do sono não oferecem risco para a população em geral, que tem boa qualidade de sono e não fica refém dos monitores.

Mas, se você acha que pode estar preocupado demais em acompanhar esses gráficos e fica ansioso com o sono, provavelmente está na hora de você desinstalar seu aplicativo de monitoramento.