Deu a louca em Musk: Twitter pode ter vídeo (pornô?) pago e volta do Vine
A aquisição do Twitter pode ter custado US$ 44 bilhões a Elon Musk, mas a conta é ainda mais alta. O New York Times estima que a companhia conta com um serviço da dívida anual de US$ 1 bilhão e faturamento médio de apenas US$ 630 milhões. Ou seja, o empresário vai ter que rebolar para tornar a rede social mais lucrativa.
Isso explica a recente avalanche de informações e boatos a respeito das mudanças que ele planeja implementar em breve. A maioria é bastante arriscada e pode dar certo... mas também afetar gravemente o alcance, a popularidade e a relevância de uma rede social que ainda é apenas a 15ª em total de usuários ativos.
A seguir, quatro propostas que estariam circulando na sede da companhia.
Selinho de verificação apenas para quem pagar
Já é dado como certo que o selo azul de verificação passará a ser cobrado, dentro do Twitter Blue, o serviço de assinatura da plataforma. A discussão é o valor. Musk havia anunciado inicialmente US$ 20 por mês (o que equivaleria a cerca de R$ 103). Agora, ele já baixou para apenas US$ 8 (cerca de R$ 41).
Musk confirmou o preço em um tuíte, no qual dizia que o atual sistema criava uma divisão entre "lordes [quem tinha o selinho] e camponeses [quem não tinha]".
A postagem já foi apagada, mas curiosamente ele manteve a resposta a quem não gostou do preço: "por favor, continuem a reclamar, mas vai custar US$ 8".
Diversas figuras públicas populares no Twitter já haviam anunciado seu descontentamento com a ideia. O escritor Stephen King, com 6,9 milhões de seguidores, disparou: "Foda-se essa ideia, eles é que deviam me pagar".
Kara Swisher, jornalista do New York Times e uma das principais analistas de tecnologia do mundo, foi direto na metáfora utilizada por Musk: "então, essencialmente, lordes que podem pagar vão receber serviços melhores e camponeses sem meios de oferecer mais grana para o homem mais rico do mundo estão ferrados como sempre. Pode fingir que é algo relacionado à luta de classes, mas eu nunca pedi pelo selinho azul e ele, no geral, não tem significado nenhum para mim."
Cobrança para acessar certos vídeos
Segundo o Washington Post, engenheiros do Twitter já estão trabalhando em um paywall para vídeos. Ou seja: você terá que pagar para assistir a certos conteúdos. A grana iria para o autor do tuíte, mas uma taxa ficaria com o Twitter.
Um email interno da companhia obtido pelo jornal detalha a ideia: "quando um criador postar um tuíte com vídeo, ele poderá ativar um paywall assim que o vídeo for adicionado à postagem".
Será possível escolher entre valores pré-fixados: US$ 1, US$ 2, US$ 5 ou US$ 10.
Haveria muitas aplicações possíveis para a novidade, mas a mais óbvia, apontada por especialistas, é a da cobrança por conteúdo pornográfico - que já é permitido na plataforma.
A análise condiz com um relatório obtido pela Reuters que revela que vários assuntos estão em declínio na rede social, mas um dos poucos em ascensão é a hasthag #nsfw, usada exatamente para marcar conteúdos com nudez ou sexo.
O problema é que esse tipo de material afasta anunciantes, então a plataforma precisaria descobrir novas maneiras de capitalizá-lo. O paywall colocaria o Twitter em concorrência direta com fenômenos como OnlyFans e Privacy.
A volta do Vine
Ainda na seara de vídeos, Musk aparenta ter sido seduzido pela mesma ambição que acometeu YouTube e Instagram: tentar vencer o TikTok (a rede social que mais relevante entre jovens atualmente) em seu próprio jogo, o dos vídeos verticais curtos.
Para isso, segundo o site Axios, Musk exigiu que a equipe de engenheiros do Twitter ressuscite o Vine, plataforma de vídeos curtos que fez sucesso (mas depois sumiu) há cerca de sete anos, pouco antes do boom do TikTok.
Musk ventilou a ideia também para a própria comunidade do Twitter, em uma enquete. Cerca de 69% dos 4 milhões de votantes aprovaram a volta da ferramenta.
O problema é que muitos enxergam Vine como um produto da sua era - um momento de crescimento no mercado de celulares. As pessoas estavam adquirindo pela primeira vez smartphones com boa capacidade de vídeo, e o Vine foi um repósito desse conteúdo.
Ele acabou funcionando como uma base do que viria a ser o TikTok depois (o triunfo dos vídeos curtos, verticais, muitas vezes voltados para o entretenimento efêmero).
Twitter adquiriu a empresa Vine ainda em 2012, mas o app foi estripado pela concorrência quando o Instagram (que tinha uma base maior de usuários) começou a permtiir vídeos de 15 segundos em 2013.
Hoje, este ainda seria o principal problema para fazer o Vine "voltar a pegar": por que alguém abandonaria o público do TikTok, do Instagram ou do YouTube (que também lançou sua versão do formato) em prol da base bem menor no Twitter?
Botão de edição de graça
Nem tudo tem sido má ideia, porém. Embora Musk queira bombar a assinatura do Twitter Blue (tornando-a indispensável para se manter o selinho de verificado, por exemplo), ele também planeja extrair de lá sua ferramenta mais popular: o botão de editar tuítes.
Esse recurso, que o próprio Twitter já havia confirmado ser o pedido mais popular e frequente entre os usuários, passou a valer para alguns assinantes do Blue, em caráter de teste, no mês passado.
Segundo o site Platformer, porém, a demissão de Leslie Berland, antigo diretor executivo de marketing, sinaliza uma mudança prevista por Musk que incluiria a liberação do botão para qualquer pessoa.
A reportagem também revela discussões de que a assinatura do Twitter Blue pode virar anual, por US$ 99. Talvez agora Stephen King mude de ideia?
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