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'Sem chão': as reações dos demitidos da Meta no Brasil

Meta demitiu funcionários, congelou novas vagas e, no Brasil, irá mudar de escritório - pcess609/iStock
Meta demitiu funcionários, congelou novas vagas e, no Brasil, irá mudar de escritório Imagem: pcess609/iStock

De Tilt, em São Paulo

09/11/2022 16h51

A Meta - empresa controladora do Instagram, WhatsApp e Facebook — anunciou na manhã desta quarta-feira (9) a demissão de 13% do efetivo em todo o mundo, o que equivale a 11 mil pessoas, no maior desligamento já feito pela companhia em 18 anos de existência

As demissões atingiram funcionários do escritório brasileiro do grupo comandado por Mark Zuckerberg, diretor-executivo e fundador do Facebook, e muitos reagiram nas redes sociais sobre o ocorrido.

"Ainda sem chão para acreditar", disse uma (ex-)funcionária, da área de recrutamento da Meta, no Linkedin. Segundo ela, ficou sabendo por e-mail sobre o desligamento e que ainda estava "em choque", apesar de ter tido uma "jornada incrível na companhia".

"Decidimos remover o acesso da maioria dos sistemas da Meta para as pessoas que estão saindo hoje, dada a quantidade de informação sensível. Mas vamos manter os e-mails ativos por hoje para que todos possam dizer adeus", afirmou Zuckerberg, em comunicado.

A companhia diz que novas contratações vão continuar congeladas ao longo do primeiro trimestre de 2023 e que novas medidas para cortar gastos serão anunciadas.

De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, a empresa deve deixar sua sede na região do Itaim, centro financeiro da cidade de São Paulo, e se mudar para um prédio na avenida Faria Lima, que fora alugado em 2020.

Outro funcionário demitido pela Meta da área de análise de dados, lamentou a demissão dizendo que vai sentir "falta de colegas e amigos" que fez durante seu tempo na empresa e que tem "muito orgulho" de ter trabalhado com eles.

Uma funcionária da área do marketing, com quase dez anos de casa, postou que foi um sonho "trabalhar no Facebook": "Quem me conhece sabe o quanto fui feliz e me dediquei durante esses quase 8 anos que trabalhei lá".

Por que a Meta está demitindo?

Zuckerberg afirma que a Meta precisa ajustar as contas. O grupo aumentou significativamente os investimentos nos últimos tempos, mas o retorno não tem sido como o executivo esperava.

"Não apenas o comércio online voltou às tendências anteriores [da pandemia de covid-19], mas a desaceleração macroeconômica, o aumento da concorrência e a perda de sinal de anúncios fizeram com que nossa receita fosse muito menor do que eu esperava. Eu entendi errado, e assumo a responsabilidade por isso", explicou.

Além da demissão em massa, a Meta:

  • Congelou novas contratações ao longo do primeiro trimestre de 2023;
  • Transferiu mais recursos para um número menor de áreas consideradas de alta prioridade: como mecanismo de descoberta de IA, anúncios, plataformas de negócios e metaverso;
  • Reduziu orçamentos e gastos com infraestruturas imobiliárias.

Vale lembrar que as ações da Meta caíram mais de 70% neste ano, após o Facebook reportar a primeira queda em usuários ativos diários em 18 anos, um reflexo da queda de popularidade da rede social entre os mais jovens, que estão migrando para o TikTok.

A empresa apontou o cenário econômico como principal fator, mas os investidores também ficaram cautelosos diante dos gastos da companhia e ameaças ao principal negócio do grupo, as redes sociais.

Mudanças na política da Apple envolvendo a coleta de dados de usuários para segmentar anúncios impactaram o lucro da Meta, cuja receita vem muito de publicidade. Na prática, a dona do iPhone passou a exigir que apps peçam permissão para rastrear os internautas. Se a pessoa não quiser, é só informar que suas informações não podem ser usadas.

Investimento no Metaverso

Em outubro do ano passado, a empresa trocou o nome de Facebook para Meta e investiu bilhões de dólares na criação de um metaverso — um mundo virtual que usa realidade aumentada, em que as pessoas poderiam trabalhar, socializar e jogar.

O colunista do UOL José Roberto de Toledo disse que a demissão pode sinalizar uma crise profunda das grandes empresas de tecnologia. "Claro que não é só a Meta que tem sofrido com isso, mas, nessa proporção, ninguém tinha visto ainda uma crise dessa indústria das big techs", disse.

As demissões e outras medidas de contenção de gastos agradaram investidores, e a ação da companhia subia 3,88% no pré-mercado das bolsas de Nova York, às 08h31 (de Brasília).

"Este é um momento triste, e não há como contornar isso. Para aqueles que estão partindo, quero agradecer novamente por tudo que você colocou neste lugar. Não estaríamos onde estamos hoje sem seu trabalho duro, e sou grato por suas contribuições", destaca um trecho do comunicado.

*Com texto de Anna Satie e informações do Estadão Conteúdo.