Por que Mark Zuckerberg não pode ser demitido da Meta
O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, anunciou ontem (9) a demissão de 11 mil pessoas. O argumento principal do grupo, proprietário do Facebook, Instagram e WhatsApp, é a necessidade de ajustar as contas e cortas gastos. Só no fim de outubro, as ações caíram quase 20% na Bolsa de Valores de Nova York, nos Estados Unidos.
A crise financeira tem feito investidores questionarem as apostas de Zuckerberg, inclusive no metaverso, que teve perdas de mais de US$ 20 bilhões desde o início do ano passado. A situação delicada da empresa, levantou a dúvida: os acionistas poderiam tirar o executivo da presidência da Meta se quisessem?
A resposta é simples: não. A saída de Zuckerberg só pode ocorrer por decisão própria dele. Isso se deve por conta de uma organização interna, chamada de estrutura de ações de classe dupla.
Como funciona
Segundo informações dos sites Insider e The Conversation, nesse modelo os acionistas médios possuem um tipo de ação, a Classe A, enquanto Zuckerberg e um pequeno grupo possuem outro tipo, a Classe B.
Os detentores de ações da Classe B (negociadas publicamente) recebem 10 votos por ação, enquanto os detentores da Classe A recebem apenas um voto, o que significa que Zuckerberg e outros acionistas da mesma categoria são essencialmente intocáveis.
Zuckerberg possui 90% das ações Classe B da empresa, o suficiente para manter o controle absoluto da empresa sozinho enquanto quiser.
Em janeiro de 2022, havia cerca de 2,3 bilhões de ações classe A na Meta e 412,86 milhões de ações classe B, de acordo com o site The Conversation. Embora as do tipo B representem apenas 15% do total de ações, elas representam 64% dos votos.
Logo, Zuckerberg sozinho controla mais de 57% dos votos. Ou seja, a única maneira de ele ser removido do cargo de presidente-executivo é se ele mesmo votar para sair.
Ações do Google também funcionam assim
A Meta não é a única empresa norte-americana com ações de duas classes. O Google é uma das empresas que seguem esse modelo.
No ano passado, quase metade das empresas de tecnologia e quase um quarto de todas as empresas, que fizeram suas ofertas públicas iniciais (listadas na bolsa de valores) emitiram ações de classe dupla.
Jay Ritter, professor de finanças da Universidade da Flórida, entende que esse modelo funciona bem quando não há perdas.
"Até este ano, as ações do Facebook iam muito bem, o que é uma das razões pelas quais os investidores estão dispostos a comprar ações com direitos de voto inferiores", disse ele em entrevista para o Insider.
Com as perdas, o cenário acabou mudando para os investidores que, devido ao sistema de classe dupla, ficaram sem alternativa. "Vender suas ações é a única alternativa", disse Ritter.
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