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Telescópio Hubble captura explosão de supernova em três momentos diferentes

Nicole D'Almeida

Colaboração para Tilt

15/11/2022 11h43

A explosão da supernova Abell 370, de mais de 11 bilhões de anos, foi capturada pelo telescópio espacial Hubble em três momentos diferentes. As imagens (abaixo) mostram a explosão desde seu início até seu desaparecimento. O material foi publicado na revista Nature.

Esse registro só foi possível devido a um fenômeno chamado "lente gravitacional", previsto pela primeira vez na teoria da relatividade geral de Albert Einstein. Nele, a luz do espaço é distorcida e amplificada o suficiente, devido a presença de corpos de massa extrema, para permitir que o espaço-tempo se torne visível.

A Nasa explica que no caso desta supernova, "a imensa gravidade do aglomerado de galáxias Abell 370 atuou como uma lente cósmica, dobrando e ampliando a luz da supernova mais distante localizada atrás do aglomerado".

Além disso, a deformação causada pela supernova fez com que várias imagens da explosão, geradas em diferentes momentos, chegasse à Terra ao mesmo tempo.

Supernova Abell 370 - Divulgação/Nasa ESA, STScI, Wenlei Chen (UMN), Patrick Kelly (UMN), Hubble Frontier Fields - Divulgação/Nasa ESA, STScI, Wenlei Chen (UMN), Patrick Kelly (UMN), Hubble Frontier Fields
Supernova Abell 370
Imagem: Divulgação/Nasa ESA, STScI, Wenlei Chen (UMN), Patrick Kelly (UMN), Hubble Frontier Fields

Isso aconteceu porque as imagens ampliadas fizeram caminhos diferentes, afetadas também pela desaceleração do tempo e da curvatura do espaço devido à gravidade.

Azul é a cor mais quente

Outro ponto interessante é a rápida alteração de cor da supernova, indicando mudança de temperatura.

Quanto mais azul, mais quente a estrela é. Nas imagens, é possível observar que na primeira fase capturada, a luz aparece nesse tom. Ao passar do tempo, a estrela vai se esfriando, mostrando uma cor mais avermelhada.

O evento durou cerca de uma semana e foi a primeira vez que astrônomos foram capazes de medir o tamanho de uma estrela moribunda no início do universo.

"É muito raro que uma supernova possa ser detectada em um estágio muito inicial, porque esse estágio é muito curto. Dura apenas algumas horas a alguns dias, e pode ser facilmente perdido mesmo para uma detecção próxima. Na mesma exposição, podemos ver uma sequência de imagens - como várias faces de uma supernova", explica Wenlei Chen, primeiro autor do artigo e pesquisador de pós-doutorado na Escola de Física e Astronomia da Universidade de Minnesota.

A pesquisa pode contribuir para que os cientistas aprendam mais sobre a formação de estrelas e galáxias no início do universo, além de entenderem se as estrelas que existiram há muitos bilhões de anos são diferentes daquelas do universo próximo.