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De volta à Lua: por que a missão Artemis, da Nasa, é tão importante

Programa Artemis: perspectiva artística do retorno do ser humano à exploração da superfície lunar - Divulgação/Nasa
Programa Artemis: perspectiva artística do retorno do ser humano à exploração da superfície lunar Imagem: Divulgação/Nasa

Marcella Duarte

De Tilt, em São Paulo

16/11/2022 16h20Atualizada em 02/04/2023 13h04

Após imprevistos técnicos e adiamentos por causa das condições climáticas, a Nasa finalmente conseguiu lançar hoje de madrugada (16) o foguete da missão Artemis 1. É a primeira etapa do novo programa que pretende levar o ser humano de volta à superfície da Lua, até 2025.

Esta viagem inicial não leva tripulação mas é crucial. Irá sobrevoar nosso satélite natural, para realizar testes, coletar informações e, principalmente, confirmar se o veículo é seguro para os futuros astronautas.

A Artemis 2, prevista para 2024, será tripulada; mas apenas a 3, no ano seguinte, pousará na Lua.

O programa não recebeu esse nome à toa. Na mitologia grega, além de deusa da Lua, Artemis é a irmã do deus Apolo — cujo nome marcou o programa lunar da Nasa das décadas de 60 e 70. A mais icônica foi a missão Apolo 11, que, em 1969, levou Neil Armstrong e Buzz Aldrin ao solo lunar.

Mais de 50 anos depois, finalmente voltaremos a caminhar por lá.

Por que estamos indo para a Lua agora?

O programa Artemis é importante por diferentes motivos.

Em primeiro lugar, deve confirmar a eficácia do enorme foguete SLS (Space Launch System ou Sistema de Lançamento Espacial), o mais poderoso da história da Nasa, que lançou a cápsula Orion nesta madrugada.

É uma tecnologia mais moderna do que a utilizada no foguete Saturn V, da Apollo 11. Entre seus benefícios, está a capacidade de reutilização. "Este foguete custou muito suor e lágrimas", disse o chefe da Nasa, Bill Nelson, na terça-feira (15). "Ele nos permitirá ir e voltar à Lua por décadas."

Já cápsula Orion, que será capaz de levar astronautas mais longe do que nunca, passará cerca de seis semanas no espaço, percorrendo aproximadamente 2 milhões de quilômetros. Quando ela retornar, com um pouso previsto no Oceano Pacífico no dia 11 de dezembro, será a prova de fogo de seu escudo térmico — ela atingirá a atmosfera terrestre em Mach 32, ou quase 40 mil km/h, a reentrada de cápsula mais rápida desde o programa Apollo.

De acordo com a Nasa, o objetivo de retornar à Lua são "descobertas científicas, benefícios econômicos e inspiração para uma nova geração de exploradores: a Geração Artemis". E também reafirmar o protagonismo dos Estados Unidos na exploração espacial: "Mantendo a liderança americana na exploração, construiremos uma aliança global e exploraremos o espaço profundo para o benefício de todos", declarou a agência.

Outro ponto importante do programa Artemis é que levará a primeira mulher e a primeira pessoa negra a pisar na Lua — estes astronautas ainda não foram selecionados.

Buzz Aldrin - Nasa - Nasa
Missão Apollo 11: Buzz Aldrin foi o segundo homem a pisar na Lua, logo após Neil Armstrong, em 20 Julho de 1969
Imagem: Nasa

Da Lua, vamos para Marte

Mais do que realizar as breves visitas e coletas de amostras, como no programa Apollo, o novo conjunto de missões quer permitir uma presença humana permanente por lá.

O objetivo é criar uma base fixa no polo sul do satélite — uma área diferente daquela que foi explorada no passado, o que pode render novas descobertas geológicas.

Mas o sonho mais ambicioso é ir além. Uma estação espacial a ser instalada na órbita da Lua, chamada Lunar Gateway, servirá como um "entreposto" para lançamentos rumo a outro alvo mais distante: Marte.

Estima-se que as missões tripuladas ao planeta vermelho comecem no fim da década de 2030.