Topo

Copa 2022: as incríveis novas tecnologias que entrarão em campo no Catar

Estádio da Cidade Educação, em Doha (Catar): refrigeração com jatos potentes para público e atletas - Reprodução/Confederação Asiática de Futebol (AFC)
Estádio da Cidade Educação, em Doha (Catar): refrigeração com jatos potentes para público e atletas Imagem: Reprodução/Confederação Asiática de Futebol (AFC)

Aurélio Araújo

Colaboração para Tilt*, em São Paulo

20/11/2022 04h00Atualizada em 20/11/2022 12h35

Tradicionalmente resistente à tecnologia, o futebol viu sua principal competição, a Copa do Mundo, permitir a entrada do árbitro de vídeo em 2018. Agora, em 2022, outras novidades tecnológicas estão prestes a ser implementadas no Catar, como um cálculo de impedimento semiautomático e um aplicativo de desempenho voltado aos jogadores.

Fora de campo, também haverá novidades que seriam impossíveis há alguns anos, como a tecnologia de refrigeração dos estádios, já que o Catar é um país bastante quente. O torneio também apresentará pela primeira vez um estádio desmontável e um aparelho para converter conteúdo digital para o braille.

As novas tecnologias fazem parte de um projeto da FIFA, órgão que comanda o futebol mundial, chamado "Visão 2020-2023". Delineado por Gianni Infantino, suíço-italiano que preside a FIFA desde 2016, o plano diz que a entidade deve "se aproveitar" dos avanços tecnológicos para melhorar a qualidade da experiência futebolística dentro e fora do campo.

É uma mudança significativa na mentalidade do esporte. O VAR (sigla em inglês para "árbitro auxiliar de vídeo") está cada vez mais consagrado como parte do futebol atual, mas não era assim há quatro anos, quando ele fez sua estreia na Copa da Rússia. O uso de vídeo era encarado com muita desconfiança por dirigentes e torcedores, mesmo com a tecnologia já sendo aplicada no vôlei, no tênis e no futebol americano e em outra modalidades.

Impedimento semiautomático

Quem ainda não aceitou a presença do VAR nas partidas costuma alegar a demora para o equipamento tomar uma decisão. Muitas vezes, essa demora se dá justamente pela dificuldade que é traçar as linhas do impedimento.

Esse problema deve ser resolvido, de acordo com a FIFA, pela implementação de uma nova tecnologia que levará apenas 25 segundos, em média, para definir se um jogador está impedido ou não. Montadas sob o telhado de cada estádio do Catar, 12 câmeras de rastreamento captarão a posição de 29 partes do corpo de cada jogador 50 vezes por segundo.

Essas partes incluem membros e extremidades que são essenciais para determinar um impedimento. A infração ocorre quando um jogador de ataque se beneficia ao receber a bola, estando com uma parte do corpo (exceto mão e braço) mais próxima da linha de meta adversária do que o penúltimo defensor.

Além disso, a própria bola da Copa terá um sensor que emitirá sua posição no campo 500 vezes por segundo, permitindo uma precisão muito maior ao apurar onde ela estava na origem da jogada. Combinando esses dados, um alerta é emitido aos operadores do VAR quando um jogador em posição de impedimento recebe a bola.

Antes de avisar o árbitro de campo, eles checam manualmente o lance, com uma linha de impedimento sendo traçada de forma automática. E, quando a decisão for confirmada pelo juiz no gramado, os dados posicionais coletados são usados para gerar uma animação 3D do lance e mostrar aos espectadores, tanto no telão do estádio quanto nas TVs em casa, como se deu o impedimento na jogada.

Essa nova tecnologia já foi testada e aprovada pela FIFA em eventos como a Copa Árabe e o Mundial de Clubes.

App para jogadores

Outra novidade testada e aprovada nesses torneios foi o FIFA Player App, um aplicativo desenvolvido especialmente para jogadores em parceria com o FIFPRO, organização que representa os atletas do futebol em nível global.

Embora seja restrita a um público muito pequeno, a novidade é interessante. Por meio do programa, os atletas poderão rever como jogaram, com vídeos em diferentes ângulos de câmeras, além de fotografias de suas ações nos momentos-chave do jogo.

Mas o mais importante está nos dados coletados: serão apresentadas aos jogadores informações como métricas de performance, análise de suas ações e índices de velocidade e distância percorrida.

Outras informações incluem seu mapa de calor durante a partida, os passes que quebraram linhas de marcação, onde ele recebeu mais a bola e onde foi mais pressionado pelo adversário.

Tecnologias fora do campo

Algumas obras de engenharia da organização do Mundial no Catar impressionam. É o caso da refrigeração artificial nos estádios, que viabilizará que um país de clima desértico receba uma Copa do Mundo.

Sete dos oito estádios da Copa terão essa tecnologia, promovida por usinas energéticas localizadas próximo a cada um deles. A partir delas, serão lançados jatos de ar frio sobre o campo e por baixo das cadeiras, mantendo jogadores e espectadores numa temperatura fresca de aproximadamente 21ºC.

Outra obra curiosa é o Estádio 974, a primeira arena totalmente desmontável a receber uma Copa do Mundo. Ela foi construída usando contêineres de transporte e armações de aço modulares. Foram utilizados justamente 974 contêineres para fazer o estádio, em referência ao código telefônico da área do Catar.

Por fim, uma outra invenção catari promissora é o Bonocle, um dispositivo tecnológico voltado a deficientes visuais. Ele foi desenvolvido por cientistas do Catar para integrar pessoas que normalmente estão excluídas do futebol, já que não podem ver os jogos.

Para fazer isso, o aparelho vai converter conteúdo digital em braille, conectando-se aos smartphones por meio de Bluetooth e fazendo uma "tradução" desse conteúdo para o sistema de escrita tátil. Suas aplicações vão bem além da Copa do Mundo, é claro, mas por ser um produto desenvolvido pelo Catar, a estreia do Bonocle no palco global ocorrerá durante a competição.

*Com informações de FIFA, Goal e National News