Relógio da Garmin é salgado, mas me fez querer virar atleta de verdade
Há quem diga que o avanço dos celulares foi a morte dos relógios de pulso — ou pelo menos, o rebaixamento do status deles de acessório útil para adereço. Em contrapartida, há quem acredite que os smartwatches avançam tanto que, em breve, os smartphones é que se aposentarão. Se você não acredita nessa última parte, talvez usar um dispositivo da Garmin te faça repensar.
No mercado de relógios inteligentes, a marca conquistou uma legião de fãs apaixonados por seus produtos, que combinam muitos dados de saúde e de performance esportiva (muitos mesmo!), design robusto e ajuste finíssimo de recursos.
No review de hoje, vamos falar do modelo Garmin Fenix 7 Solar, um dos mais recentes aparelhos da empresa. Parte monitor de saúde, parte assistente esportivo, e com um design 100% "topa-tudo", o relógio inteligente promete colocar no chinelo dispositivos da Samsung, Apple, Xiaomi e todos os outros competidores ferrenhos testados no último Tilt Lab Day — programa que ajuda você a escolher o melhor eletrônico para o seu bolso e necessidades.
Será que o Fenix 7 Solar é tudo isso mesmo? Passamos duas semanas com ele e detalhamos agora como o smartwatch se sai na briga pelo seu bolso.
Design durão
Direto da caixa, o smartwatch impressiona. Como relógio, ele é redondo, grande e bem pesado — são 47 mm de diâmetro e 72 g no pulso. Por incrível que pareça, este é o "intermediário" em termos de tamanho: há o Fenix 7s, com 42 mm, e o Fenix 7X, com 51 mm.
Como é de se esperar de um dispositivo cujo foco é atividade física, o visual é bem esportivo e o conjunto do aro metálico no exterior e os botões dão um toque bem robusto ao design final. Por falar neles, o Fenix 7 Solar vem com cinco botões no exterior: três deles específicos para navegação, um para iluminação e outro que leva direto ao menu de atividades esportivas.
Por esse conjunto todo, pode ser que pessoas com pulsos mais finos não curtam muito o visual e usabilidade.
O conjunto final é um smartwatch que parece aguentar qualquer tranco ou pancada. Agora, se você vai usá-lo o dia todo ou não, depende do quanto você achar pesado. No meu caso, às vezes, à noite dava vontade de tirá-lo.
O aparelho está disponível em cor única, com corpo cinza e pulseira preta (a testada neste review). Outras variações de cores são contempladas nas versões Fenix 7s e 7X.
Tela com recarga solar
Um dos pontos mais charmosos do Fenix 7 Solar, a tela é feita com lentes Power Glass, um vidro resistente e com capacidade de absorção de luz solar desenvolvido em parceria com a Corning — a fabricante dos Gorilla Glass, famosa no mercado de celulares.
A mecânica não serve para uma recarga a partir do zero, mas sim um "extensor" do tempo longe da tomada (falaremos sobre isso adiante).
É útil seja para ver os dados de corrida durante uma maratona, ou para checar a hora enquanto dá uma voltinha com o cachorro. Mais tempo longe da tomada é mais tempo de uso — o que é ótimo.
O visor é composto de tal forma que se torna muito fácil de enxergar, mesmo sob o sol. Durante a noite, o botão lateral emite uma luz bem baixa, que não atrapalha o sono.
Dados... muitos dados
A variedade de dados que o relógio oferece o seu melhor ponto. A começar pelo aspecto de saúde, com informações sobre: batimentos cardíacos, estresse, sono, pressão e oxigenação do sangue.
A maioria desses indicadores também é tratada pela concorrência. No entanto, é a profundidade de detalhes (e o que é feito com eles) que coloca os produtos da Garmin em outro nível: o relógio mediu a frequência da respiração no minuto, nível de oxigenação do sangue e até mesmo quantos lances de escada eu subi ou desci.
Para mim, uma diferença positiva quanto aos concorrentes ficou clara na avaliação de nível de sono. A depender dos sensores do smartwatch ou smartband, eles pode captar menos sono profundo do que o quanto você realmente teve — o que pode causar ortossonia, se você for paranoico com isso.
No caso do Fenix 7 Solar, não só a medição parece mais precisa, como a avaliação da qualidade do sono e exibição das informações de forma organizada fez toda a diferença. Em alguns casos, tive menos sono profundo, mas a quantidade de tempo foi suficiente para dar uma nota boa ao período que passei no colchão.
Todos esses dados ajudam a compor Body Battery, um indicativo de quanto de energia você tem para o dia, e o quanto já gastou. Para isso, o aparelho avalia a qualidade do seu sono para ditar um número, que é o total da sua "disposição". Ao longo do dia, ele vai comparando atividade corporal, batimentos cardíacos e estresse para avaliar o quanto da sua "bateria corporal" foi gasta.
Falando assim, esse cruzamento parece muito simples — mas boa parte dos smartwatches não oferece ele automaticamente, precisando de um comparativo feito pelo próprio usuário, e que é muito fácil de se perder. No caso do Garmin, o dado apareceu de maneira muito simples.
Detectou aumento na minha frequência cardíaca
Foi justamente esse grande volume de dados gerados a partir do relógio que acabou apontando uma tendência interessante: meus batimentos cardíacos apareciam elevados em diversos momentos de descanso — após uma refeição, ou no meio da tarde, por exemplo. A anormalidade da situação e a frequência em que ocorria me fez procurar um médico para exames, antes que a coisa piore.
Sigo nesse processo e irei fazer exames. Espero não encontrar nenhum problema grave de saúde. Mas, caso encontre, isso terá sido graças ao dispositivo.
Melhor amigo dos esportistas (de amadores a profissionais)
Na parte de monitorar atividades esportivas, o Garmin é ótimo também. Isso se torna visível em todos os momentos em que o app traça as métricas, seja para a meta diária de passos, horas de exercício semanais ou as metas para um programa de treino.
Os mais animados podem escolher desafios, como correr 10 km em uma semana, ou preparativos para uma maratona ou circuito profissional de bicicleta, diretamente no aplicativo do relógio. Para ex-sedentários como eu, isso já foi uma surpresa bem agradável, pois permite que você cumpra metas para ir, pouco a pouco, atingindo seus objetivos.
Cada objetivo cumprido é recompensado por um sistema de medalhas para marcar as metas como "conquistas" pessoais. O app vai um passo além e permite o registro de durabilidade de acessórios, como por exemplo, tênis de corrida das mais diversas marcas. No final, com tantos incentivos, a vontade que dá é de explorar o relógio ainda mais, e aos poucos, virar um atleta de verdade.
O único ponto ruim foi que senti falta de esportes de contato, como boxe. Mesmo ultra durão e resistente, o Fenix 7 Solar não tem a opção de atividades de combate, permitindo apenas registros de atividades livres no lugar.
Recarga de horas, bateria de semanas
De zero a cem, o Garmin precisou ficar duas horas e quarenta minutos conectado em um USB — o que é um tempo bem razoável se você se preocupa, por exemplo, em usar o acessório para monitorar o tempo de saúde. Algo que não ajuda muito é o plug de recarga, que desencaixa com muita facilidade. Para garantir que o Fenix 7 Solar estivesse carregando, precisei manter o olho nele o tempo todo.
Por outro lado, a carga completa durou uma semana e meia, com a bateria quase não sendo estendida por contato com a luz solar (apenas pelo modo de economia de bateria). É bem possível que um usuário deste relógio, que tenha uma rotina com mais vitamina D que a minha, também veja a bateria do aparelho durar mais tempo que isso.
Vale a pena?
O Garmin Fenix 7 Solar é encontrado por R$ 8.999 na loja da marca e consideravelmente mais barato no varejo e marketplaces — mas a empresa ressalta que apenas os produtos homologados pela Anatel e comprados em revendas autorizadas no Brasil têm direito à garantia no país. E, se adquirido este mês pelos canais oficiais (site ou loja da Amazon), há 12 meses a mais de cobertura, totalizando dois anos.
Embora este smartwatch seja fantástico e produza dados muito interessantes, o valor é bem salgado, e é difícil recomendá-lo para todos os perfis de público.
Mesmo com recursos bem-vindos aos novatos, o acessório parece mais útil para atletas já experientes, ou de esportes mais extremos, que utilizam amplamente suas funções e precisam de todos os ajustes finos entre descanso e performance. Ou, se você realmente é muito entusiasta (e tem dinheiro sobrando).
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