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Muito além do Koo: 7 opções para quem quer dar adeus ao Twitter

Quer participar da "migração do Twitter"? Conheça 7 redes sociais alternativas - hapabapa/iStock
Quer participar da "migração do Twitter"? Conheça 7 redes sociais alternativas Imagem: hapabapa/iStock

Rosália Vasconcelos

Colaboração para Tilt, do Recife

22/11/2022 04h00

A insegurança causada pelo estilo de gestão controverso de Elon Musk acendeu o sinal de alerta para milhares de usuários do Twitter ao redor do mundo. Desde que o bilionário assumiu como CEO da rede social, demitindo centenas de funcionários e alterando regras ao seu bel-prazer, muitos tuiteiros estão prevendo o colapso iminente da plataforma.

Nas últimas semanas, já viralizaram as hashtags #RIPTwitter (da sigla em inglês para "descanse em paz"), #GoodbyeTwitter ("adeus, Twitter") e #TwitterMigration ("migração do Twitter").

A última é particularmente reveladora. Segundo a plataforma Bot Sentinel, que rastreia contas falsas e conteúdos tóxicos, mais de 1,3 milhão de pessoas desativaram suas contas no início de novembro. Muitas foram procurar outras opções de microblog para "tuitar" (um verbo que pode estar com os dias contados).

Se você quer se juntar a esse movimento migratório, aqui estão 7 opções:

Koo App

A rede indiana lançada em 2020 era praticamente desconhecida por aqui até o início deste ano. Nas duas últimas semanas, graças à vocação natural do nome do app para virar meme, milhares de brasileiros abriram uma conta na plataforma. Isso inclui famosos como as cantoras Claudia Leitte e Vanessa da Mata e influenciadores Casimiro, Nath Finanças e Camilla de Lucas.

Com quase 500 mil seguidores e um selo de verificação em poucos dias de uso, um dos maiores entusiastas é o youtuber Felipe Neto. Ainda assim, ele teve seu perfil hackeado um dia após a abertura de sua conta, demonstrando a fragilidade do app.

Neto postou (no próprio Koo) que o perfil havia sido recuperado e o hacker seria processado. Ele também revelou que, por telefone, o fundador do app havia se comprometido a resolver as falhas de segurança.

A ferramenta indiana tem um layout e um funcionamento muito parecidos com o Twitter. Até o mascote da rede é um pássaro, mas da cor amarela (o do Twitter é azul).

No microblog, há recursos para compartilhar textos de até 500 caracteres, além de fotos, vídeos, links e uma função específica para criar enquetes/pesquisas.

Tal como os trend topics, o Koo App possui o Trending Hashtags, onde são listados os assuntos mais comentados do momento.

A plataforma também possui a função 'voz para texto', que permite ao usuário postar sem usar o teclado.

Outras funções interessantes são a de agendar posts, salvar rascunhos e publicar em vários idiomas ao mesmo tempo — a tradução é feita pelo próprio aplicativo.

Pontos negativos: além das falhas de segurança, o design não é muito atrativo. Uma matéria da BBC afirma também que a plataforma pode ser uma ferramenta da extrema-direita na Índia, por não moderar discursos de ódio (especialmente contra muçulmanos).

Diante da possibilidade de se expandir globalmente, especialmente no Brasil, a equipe de desenvolvedores parece estar trabalhando rápido para adaptar a rede social às novas demandas.

Mastodon

É inspirada no Twitter, mas com uma lógica diferente e sem publicidade — pelo menos até agora.

Enquanto na rede de Musk os usuários compartilham o conteúdo em uma linha do tempo única, o Mastodon funciona como uma espécie de central de várias redes sociais menores (como se fossem fóruns), que eles chamam de servidores ou instâncias. Mas não há muitas opções.

Essas redes são criadas pelos próprios usuários, já que a ferramenta tem o código-fonte aberto. Elas funcionam com endereço próprio e cada uma tem suas regras, inclusive de moderação.

Quem decidir entrar nas comunidades do Mastodon precisa concordar com os termos propostos por cada criador.

Os assuntos são divididos por temas que podem ser desde a região de residência a interesses como ativismo, tecnologia, filmes, pets, etc.

Ao criar a conta, o usuário é obrigado a escolher o servidor que deseja participar. Só é possível escolher um. Na próxima tela, as regras do grupo aparecem para o novo postulante, que decide se aceita ou não.

Se concordar, a pessoa pode fazer o cadastro. Ao ingressar, é possível seguir perfis, curtir, comentar e republicar posts (ou toots, como chamam) e fazer publicações de até 500 caracteres, com suporte a fotos e vídeos.

A linha do tempo é muito semelhante a do Twitter, com a diferença de haver recursos que avisam sobre spoilers e a possibilidade de restrição de acesso a certas publicações.

Apesar da necessidade de escolher um grupo ao abrir a conta, é possível interagir e seguir perfis de diferentes servidores.

As políticas de segurança afirmam que o app não compartilha, vende nem mesmo coleta dados de seus usuários. Mas cada rede dentro da plataforma possui um endereço próprio e, nesse âmbito, as regras não são claras.

Muitas pessoas têm relatado dificuldades em abrir a conta e acessar o perfil. O app também sofre críticas por ser pouco intuitivo e oferecer poucos recursos.

Além disso, se um servidor encerrar a atividade, todos os seus usuários perdem a conta.

Discord

Existe desde 2015 e é bastante utilizada por gamers. É mais intuitivo do que a Mastodon, mas a estrutura é diferente do Twitter.

A plataforma é composta de diversas comunidades. Ao criar a conta, o usuário precisa saber exatamente o endereço do grupo onde deseja entrar ou criar sua própria comunidade. Caso crie seu grupo, ele precisa estabelecer as regras de moderação, entre outras informações.

Em cada comunidade, há diferentes canais de comunicação. Por exemplo, no canal de textos, há o recurso de enviar mensagens gerais, fazer planejamento de reuniões e off-topics (assuntos que não se relacionam com a temática geral da comunidade). É possível incluir imagens, vídeos e GIFs.

No canal de voz, há possibilidade de realizar bate-papo ao vivo (com voz ou vídeo) na sala de reuniões ou no lounge.

A plataforma também permite adicionar amigos para conversar individualmente.

Essa dinâmica tornou o Discord muito procurado por grupos que tenham interesses em comum e querem criar discussões mais privativas, como turmas de escola ou faculdade, setores de empresas, fã-clubes e membros de uma banda, por exemplo.

Mas, claro, como toda plataforma que atrai muitos jovens e adolescentes, o Discord já se envolveu em polêmicas. Nos Estados Unidos, pais já relataram à CNN incidentes com perfis fakes e salas de bate-papo anônimas em que conteúdo adulto era compartilhado com usuários de 13 a 17 anos.

Em suas regras, Discord declara que compartilha dados dos usuários com terceiros e que coleta informações como local, dados financeiros, mensagens no app, arquivos e documentos, contatos, entre outros. Além disso, a plataforma permite anúncios.

Tumblr

É contemporânea ao Orkut e já foi uma ferramenta badalada no passado — mas perdeu força em 2018 quando as regras mudaram para banir conteúdo adulto.

Tem um visual semelhante ao Twitter, com um feed onde é possível navegar e compartilhar textos, fotos, vídeos, links e áudios, com possibilidade de interações como curtidas e reposts.

Ao criar uma conta, o usuário precisa escolher cinco tags principais de seu interesse, que são editáveis. Também é possível personalizar o perfil, alterando cores, fontes, cabeçalhos e outros detalhes.

Na lupa, além de aparecer os assuntos relacionados às hashtags escolhidas, a ferramenta traz sugestões de outros perfis (chamados de "blogs"), outras tags, assuntos populares e "coisas importantes" (em geral ligadas às temáticas sociais, como coronavírus).

A rede social permite seguir perfis e assuntos, além de enviar mensagens privadas para outras pessoas.

Em relação à privacidade, coleta dados pessoais mas não as compartilha com terceiros. Afirma ainda que as informações são criptografadas em trânsito.

Apesar disso, já passou por um mega vazamento de dados em 2016, quando mais de 65 milhões de contas foram hackeadas e as informações foram vendidas no contrabando digital.

Tribel

Foi criada pelos irmãos ativistas democratas Omar e Rafael Rivero, donos do site Occupy Democrats. É focada em conteúdo político e não permite qualquer tipo de intolerância, notícias falsas ou discurso de ódio.

Mesmo sem conta, é possível navegar pelo feed e ver os últimos conteúdos postados, embora a interação só esteja disponível para quem está logado.

A dinâmica do feed é muito semelhante a do Twitter. O usuário pode compartilhar textos (aparentemente sem limitação de caracteres), fotos, vídeos e figurinhas.

Ao criar posts, a pessoa pode segmentar sua audiência (por exemplo, ativismo, finanças pessoais, negócios) e selecionar um público específico (todos ou apenas amigos).

Também há o recurso Trending, onde aparecem os assuntos mais comentados do momento.

Nos termos de privacidade, a plataforma afirma que não coleta nenhum dado dos usuários.

Parler

Comprada em outubro deste ano pelo rapper americano Kanye West, é voltada para um público mais conservador, graças a uma suposta ausência de moderação de conteúdo. Por isso, absorveu muitos dos usuários banidos do Twitter.

Lançada em 2018, envolveu-se em dois escândalos em 2021. Primeiro, foi acusada de ter sido usada para coordenar a invasão ao Capitólio dos Estados Unidos naquele ano. Por isso, foi expulsa da Play Store e da App Store. Depois, sofreu um mega vazamento de dados, cuja autoria foi assumida pelo grupo hacktivista Anonymous.

Possui semelhança com o Twitter na rolagem do feed, mas os posts, limitados a mil caracteres, são distribuídos no mural dos seguidores na ordem cronológica e não baseados em algoritmos.

A interação com as publicações é feita através dos botões votar (curtir) e ecoar (retuitar). Também é possível enviar mensagens privadas.

Bluesky

Ainda está em desenvolvimento, em uma longa fase de testes. Mas tem chamado atenção por ser do mesmo criador do Twitter, Jack Dorsey.

A ideia do projeto é criar um protocolo único, aberto e descentralizado, em que diversas redes sociais são integradas e atuam de forma conjunta, utilizando recursos das tecnologias blockchain e peer to peer (p2p).