Data centers são péssimos para o meio ambiente. Mas uma nova geração vem aí
Encravado nas montanhas da cidade norueguesa de Rennesøy, em um antigo armazém de munições da OTAN, funciona um dos maiores data centers do mundo. Com área de 22.600 metros quadrados, o SVG1-Rennesøy, construído em 2013 pela empresa Green Mountain, atende os principais países da Europa.
Mas não são só suas proporções que impressionam. Ele é também um dos mais sustentáveis que existem. Roda com energia hidrelétrica 100% renovável e, para sua refrigeração, usa a água dos fiordes, que naturalmente tem temperatura constante.
Ele conseguiu solucionar um nó górdio que preocupa o mercado de TI. Como um data center pode atender a uma demanda em franca expansão (por causa de tecnologias como 5G, IoT e inteligência artificial), e ao mesmo tempo reduzir seu impacto no meio ambiente?
"Por questões de tráfego de dados e banda, essas estruturas precisam estar perto dos usuários. Mas elas afetam toda a comunidade ao seu redor", diz Alex Sasaki, gerente técnico de vendas da Vertiv LATAM. "Todas as variáveis de sua construção e funcionamento precisam ser analisadas para evitar danos ambientais, sociais e de governança."
"Os data centers representam, em média, entre 3% e 5% do consumo mundial de energia", lembra Thiago Viola, diretor de cloud pública da IBM na América Latina.
Eles precisam de eletricidade não apenas para funcionarem 24 horas por dia, mas também para seu complexo sistema de resfriamento (que, além de tudo, ainda precisa muita água). Para piorar, a fabricação desses equipamentos utiliza metais pesados, como baterias feitas de chumbo, cuja cadeia de produção é extremamente impactante.
Receita para um data center sustentável
Como sempre, a solução passa pela inovação. "Não é preciso, por exemplo, resfriá-los com ar condicionado elétrico como classicamente se fez por muitos anos. Podemos ter painéis solares ou túneis de vento, sem uso algum de eletricidade ou qualquer outra fonte de energia além da captação do vento", afirma Emanuel Fernandes Zaninetti de Queiroz, diretor de desenvolvimento de software ao cliente da Capgemini, multinacional francesa de consultoria, tecnologia e outsourcing.
Queiroz cita ainda o uso de provedores de computação na nuvem, que permitem o compartilhamento de data centers e podem apresentar uma taxa de emissão até quatro vezes menor; ou ainda a computação em borda, com equipamentos de processamento de informações próximos à cadeia produtiva, enviando aos data centers somente as informações mais relevantes e evitando grandes transmissões de dados.
Algumas soluções são ainda mais simples. Por exemplo, a economia circular, que promove a reciclagem e o reuso dos aparelhos, inclusive em outras indústrias. Equipamentos modulares podem ser facilmente reaproveitados e atualizados.
Só 20% prestam atenção no problema
No Brasil e no mundo, porém, as empresas ainda estão dando seus primeiros passos. Casos como o do SVG1-Rennesøy ainda são minoria.
De acordo com dados da Capgemini, apesar de pelo menos 50% das empresas terem uma estratégia de sustentabilidade séria em seu processo produtivo, apenas 20% tratam seu data center da mesma forma.
Outra pesquisa recente da IBM sobre sustentabilidade, que também incluiu o tema data centers, confirma a situação. A cada cinco empresas, quatro acreditam que investimentos em ESG (modelo de gestão que foca em sustentabilidade, impacto social e boa governança) trarão resultados expressivos nos próximos cinco anos. Mas, ao mesmo tempo, apenas 23% têm, efetivamente, projetos em execução.
Mas a lição de casa não pode ficar para depois. Trata-se de uma questão de sobrevivência. "É notório que as empresas que têm muito mais comprometimento com a agenda de ESG são mais resilientes, especialmente ao mitigar possíveis riscos e limitadores de crescimento", acredita Sasaki.
Vale lembrar ainda que soluções que utilizam com responsabilidade os recursos ambientais costumam contribuir para diminuir gastos. "O data center norueguês, por exemplo, tem custo de operação baixíssimo", diz Sasaki.
A multinacional IBM é um exemplo positivo nesse sentido, com o compromisso de garantir emissão zero de carbono em seus data centers até 2030. Para isso, suas três instalações no Brasil contam com inovações de peso, como um sistema otimizado de iluminação e uso de energia que liga os racks apenas em períodos de consumo efetivo.
Já entre as soluções oferecidas aos clientes, por exemplo, está a nova linha de servidores, LinuxONE 4. Graças a um novo padrão de arquitetura, respiro e componentes, eles funcionam apenas com o estritamente necessário. Resultado: são 75% mais econômicos que os modelos tradicionais.
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