Mais grana para parceiros e 'leilão': as armas da InDrive contra Uber e 99

O mercado de transporte por aplicativo é dominado por Uber e 99 no Brasil. A InDrive quer ser a terceira via dos apps de viagens, sugerindo um repasse maior para os motoristas e maior flexibilidade de preço para os passageiros.

Segundo Thyerry Mendes, líder de equipe e aquisição de motoristas da InDrive, em 2022 a plataforma teve um aumento de 70% no número de corridas e 50% no número de motoristas cadastrados, comparado com o ano passado. Por enquanto, o marketing tem rolado pelo boca a boca e algumas campanhas publicitárias nas 100 cidades onde atua.

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A InDrive oferece três grandes diferenciais comparados com os outros apps:

• O motorista fica com a maior parte do valor da corrida (90,5% para o condutor, e 9,5% para a empresa) - na Uber e 99 a porcentagem que fica com a empresa pode chegar a até 40%;
• O condutor não é penalizado se recusar corridas;
• O passageiro pode sugerir um preço para a corrida, e o motorista pode fazer uma contraproposta, numa espécie de "leilão".

"Na saída de um show, se você sugerir colocar R$ 5 a mais no valor, por exemplo, dá para ter um carro com um pouco mais de rapidez"
Thyerry Mendes, líder de equipe e aquisição de motoristas da InDrive


A empresa oferece opções de transporte urbano (categorias viagem e comfort, com carros melhores e motoristas bem avaliados), entrega, frete (mercadorias acima de 20 kg) e interurbano (para transporte intermunicipal). Há ainda testes em alguns locais com oferecimento de serviços de profissionais, como técnico de ar-condicionado e limpeza.

No que diz respeito a preço de corridas, o valor sugerido pela InDrive costuma ser 10% menor que da 99 e da Uber sem tarifa dinâmica. Porém, com a negociação feita entre motoristas e passageiros, no fim das contas o valor pode ficar igual.

Plataforma faz intermediação; motorista recebe pagamento integral

A InDrive se define como um marketplace, e a companhia tem um funcionamento diferente.

O motorista recebe o dinheiro integral do passageiro via pix, cartão de débito ou cartão de crédito, e o repasse para a plataforma é feito em um esquema pré-pago.

Antes de começar a receber corridas, o condutor precisa fazer uma transferência para a InDrive, e este valor é descontado aos poucos conforme o motorista recebe o dinheiro das viagens.

Por exemplo: um motorista faz um depósito de R$ 100 para a InDrive. Considerando que isso equivaleria aos 9,5% que ficariam com a plataforma, esse valor permitira que ele recebesse de passageiros até R$ 952,63.

Por que importa?

Como o motorista recebe uma fatia maior da viagem, costuma haver pouco cancelamento e alguns aceitam ir a locais que condutores de outros apps não vão, como regiões periféricas.

Durante a negociação, muitas vezes o passageiro oferece uma quantia um pouco acima do valor mínimo sugerido e consegue a corrida - nos últimos tempos, vários motoristas de Uber e 99 passaram a recusar corridas por acharem que o valor não compensava, devido ao alto preço dos combustíveis.

E a segurança?

A InDrive cobra menos dos motoristas, mas chega em um cenário em que Uber e 99 já gastaram milhões investindo em recursos de segurança. Entre eles, maneiras de atestar a identidade de motoristas e passageiros e até solicitação de selfie, para assegurar que o condutor cadastrado no app é o mesmo que está atrás do volante.

A plataforma diz que tem medidas de segurança como um botão de pânico (que passageiro ou motorista podem acionar numa emergência) e um recurso para compartilhar a localização da corrida para um parente (para ser usada em uma situação suspeita, por exemplo). A empresa diz que confere identidade baseada no CPF, além de verificar antecedentes criminais e comentários de motoristas.

A Uber fala que tem mais de 30 milhões no Brasil; a 99 alega ter mais de 18 milhões. A InDrive, presente no Brasil desde 2018 com uma operação que começou no Nordeste, não diz seu total. Afirma apenas que já houve 21 milhões de downloads do app (somatória da opção do usuário e do motorista), sendo 4,5 milhões só neste ano.