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Falhas e explosões: os 7 maiores fracassos de foguetes em 2022; veja vídeos

Momento do lançamento do foguete Epsilon, do Japão, em outubro de 2022; foguete foi destruído durante ascensão - Kyodo via Reuters
Momento do lançamento do foguete Epsilon, do Japão, em outubro de 2022; foguete foi destruído durante ascensão Imagem: Kyodo via Reuters

Aurélio Araújo

Colaboração para Tilt*, em São Paulo

28/12/2022 04h00

O ano de 2022 foi um dos mais férteis para a exploração espacial, com um recorde de lançamentos de foguetes em nossa história.

São muitas histórias de sucesso, mas também fracassos retumbantes — desde foguetes que explodiram, nunca chegaram ao espaço, ou que até decolaram, mas não conseguiram realizar sua missão no espaço.

Tilt separou os 7 maiores desastres espaciais deste ano.

1. No fundo do mar

O principal foguete da ESA (Agência Espacial Europeia) é o Vega C, em parceria com a empresa Arianespace. Ele abre a lista por ter sido justamente o último a falhar em 2022: em 20 de dezembro, ele foi lançado do Centro Espacial de Korou, na Guiana Francesa, para levar dois novos satélites Plêiades, da Airbus (eles iriam se juntar a outros dois na órbita da Terra, para obter imagens em alta resolução da superfície do planeta). Três minutos após a decolagem, uma anomalia fez com que a missão fosse abortada. Resultado: o Vega C e os dois satélites estão agora no fundo do oceano Atlântico, na costa da América do Sul. Os controladores optaram pela autodestruição controlada, para evitar que cidades pudessem ser atingidas por eventuais destroços. Os foguetes Vega vêm de uma maré de azar, com três falhas nos últimos oito lançamentos.

2. Fiasco do Rocket 3

A empresa Astra, empresa privada parceira da Nasa, passou por apuros em fevereiro e em junho. Em seu primeiro lançamento a partir da base do Cabo Canaveral, tudo parecida bem no início. O foguete Rocket 3 chegou alto nos céus da Flórida, mas teve problemas na separação das carenagens, aos três minutos de voo. Ele começou a girar descontroladamente e caiu, perdendo também quatro pequenos CubeSats da missão ELaNa 41, da agência espacial norte-americana.

Em junho, outro Rocket 3.3 perdeu os dois primeiros CubeSats Nasa Tropics, que iriam estudar a formação de furacões. Mais uma vez, a decolagem correu bem — e foi melhor do que a anterior, chegando a mais de 500 km de altitude, aos oito minutos. O problema aconteceu lá no espaço, na hora de colocar os satélites em órbita. Com estas falhas, a empresa decidiu pausar os lançamentos para desenvolver sua próxima geração de foguetes; a Nasa está procurando outro parceiro.

3. Até tu, Jeff Bezos

O foguete New Shepard é o grande produto da Blue Origin, do milionário Jeff Bezos, fundador da Amazon. Com ele, a empresa já realizou o sonho de alguns turistas endinheirados de fazer uma viagem espacial. Em setembro, porém, uma missão não tripulada, que levaria uma duzia de experimentos científicos à órbita, não correu como esperado. O propulsor do foguete teve um problema antes de alcançar 9 mil metros de altitude, e caiu em chamas. Mas, ao menos, houve sucesso na falha: as medidas de emergência funcionaram como planejado, ejetando a cápsula ao detectar o defeito. Ela desceu com segurança para a Terra, de paraquedas, e foi recuperada (um bom exercício para um possível problema com pessoas a bordo).

4. Altos e baixos da China

Em novembro, foi a vez da China enfrentar problemas: seu foguete Long March 6A, embora tenha tido sucesso na decolagem e na sua missão (levar suprimentos para a estação Tiangong), causou um desastre na órbita da Terra. A mais de 500 km de altitude, ele se desintegrou em vários pedaços, virando uma nuvem de lixo espacial — que chegou a ameaçar a Estação Espacial Internacional. No início, falou-se que o foguete havia se espatifado em cerca de 50 pedaços, mas em dezembro a conta já estava em 350. Ainda não se sabe o que causou a anomalia (era para ele eventualmente ter caído inteiro de volta à Terra, após ser utilizado).

Outro baque dos chineses foi no primeiro lançamento de um foguete movido a metano (uma tecnologia inovadora) do mundo, realizado pela empresa Landspace: o Zhuque-2 caiu no oceano alguns minutos após a decolagem. O feito não deixa de ser, contudo, uma vitória chinesa na exploração espacial privada: o país construiu um foguete movido a metano antes de empresas dos Estados Unidos, como SpaceX e Blue Origin, que têm projetos similares.

5 - Satélites indianos

Em agosto, em seu primeiro lançamento, na costa da Índia, o foguete SSLV (sigla em inglês para "veículo de lançamento de satélite pequeno") apresentou uma falha em um sensor, impedindo que os dois satélites que carregava fossem colocados no ponto correto. A ideia era conseguir uma órbita circular, mas acabaram em uma órbita elíptica — um oval, que os colocava muito perto da Terra, a apenas 76 km, no ponto mais próximo — e caíram.

6 - Foguete japonês

Os japoneses fizeram um único lançamento este ano, mas ele deu bastante errado. Em outubro, o foguete Epsilon parecia estar indo bem, mas um problema não identificado no terceiro estágio fez com que os controladores terminassem a missão. O foguete foi destruído, impedindo que novas situações inesperadas aparecessem em decorrência da falha.

7 - Falhas em empresas privadas na Europa e EUA

O número recorde de lançamentos de foguetes em 2022 foi atingido com a ajuda do setor privado, cada vez mais presente na exploração espacial. Mas esta parceria nem sempre tem sucesso. Além dos casos já citados, na Europa, a startup britânica Skyrora tem planos de fazer um grande lançamento com o foguete Skyrora XL em 2023. Antes disso, contudo, um teste com um foguete suborbital não deu muito certo: o Skylark L não conseguiu atingir a altura desejada de 125 km, caindo no Mar da Noruega.

Nos EUA, a Firefly já tinha sofrido uma falha em seu foguete Alpha, em 2021. Desta vez, porém, considera que o lançamento feito em 1º de outubro, a partir da Califórnia, foi um sucesso. Ela até conseguiu lançar os satélites, mas sua vida foi encurtada, pois não foram inseridos na órbita pretendida: os caíram na Terra muito cedo, logo em 5 de outubro. A empresa se declarou otimista, dizendo que só precisa de "pequenos ajustes".

Veja os números de 2022 dos principais foguetes/empresas:

Falcon (SpaceX - EUA): 59 lançamentos - 59 êxitos - 0 falhas
Long March (China): 51 lançamentos - 51 êxitos - 0 falhas*
R-7 (Rússia): 19 lançamentos - 19 êxitos - 0 falhas
Electron (Rocket Lab - EUA): 9 lançamentos - 9 êxitos - 0 falhas
Atlas (Boeing/Lockheed Martin - EUA): 7 lançamentos - 7 êxitos - 0 falhas
Kuaizhou (China): 5 lançamentos - 5 êxitos - 0 falhas
SLV (Índia): 5 lançamentos - 4 êxitos - 1 falhas
Ariane (Europa): 4 lançamentos - 3 êxitos - 1 falhas
Astra (EUA): 3 lançamentos - 1 êxitos - 2 falhas

*o foguete despedaçado não entra nesta conta, pois não afetou a missão

Com informações do site Space.com