Metaverso, carro camaleão e análise de xixi: as tendências da CES 2023

Se no ano passado, a CES, maior feira de tecnologia do mundo realizada em Las Vegas, ainda estava em clima de pandemia, com todo mundo mascarado, espaços vazios e um número reduzido de empresas participando, a edição de 2023, que termina neste domingo (8), foi o contrário.

Nesta edição teve menos gente de máscara, estandes lotados, presença das principais big techs e lançamentos que indicam como será nossa vida num futuro próximo — que vão de dispositivo para análise de xixi feita em casa, passando por padronizações para facilitar integrar itens de casa conectada a carro que pode mudar de cor.

Apesar do relaxamento da pandemia, era comum ver avisos recomendando o uso de máscara, o distanciamento social e solicitando que as pessoas não entrassem na feira se estivesse se sentindo mal. Havia até distribuição de testes rápido de covid na entrada de eventos fechados.

Abaixo, vai um resumão com os principais destaques da CES 2023 que vimos ao longo da semana que passou.

1. Ter casa conectada ficará mais fácil

Andando pelas pavilhões da CES, tinha a presença constante de um símbolo que lembra um asterisco.

Trata-se do Matter, um protocolo de comunicação de casa inteligente que foi criado em 2019 e que agora está começando a dar as caras em vários produtos.

Fazem parte da aliança que criou a iniciativa gigantes como Google, Apple, Amazon, entre outras.

O protocolo foi pensado para fazer com que itens de casa inteligente conversem uns com os outros.

Já era hora de ter este tipo de padronização. A indústria espera que facilitando a comunicação, as pessoas se convençam aos poucos de ir comprando eletrônicos e integrando-os em suas casas.

2. Análise de xixi e gadgets para bem estar

Saúde é um tema recorrente na feira anual. Neste ano, chamou a atenção tecnologias que prometem fazer uma análise diária do xixi das pessoas, com o objetivo de dar dicas de saúde.

São sensores instalados no vaso sanitário e que enviam uma análise detalhada da acidez, sódio e vitaminas dos usuários.

Isso parece ser um novo patamar para análise de saúde, além dos relógios e pulseiras inteligentes que recomendam fazer exercício físico e medem batimentos cardíacos.

No campo do bem-estar, a Ergomotion apresentou a ErgoSportive, uma cama inteligente. Talvez uma das suas principais funções seja o modo anti-ronco. Conforme ela detecta o ruído, faz ajustes na elevação do colchão para que a pessoa pare de roncar.

Além de dormir melhor e acordar mais disposto, principalmente após atividades mais pesadas, os sensores também entregam recomendações de saúde, que podem ser usadas para mudar hábitos e também no acompanhamento médico.

3. Carro que muda de cor

A BMW aprontou de novo na CES. Ano passado, a marca alemã apresentou um carro que podia mudar de cor, neste ano ela foi além, pois o modelo permite até 32 tonalidades.

Batizado de iVision Dee, o veículo é um sedã conceito de médio porte. O segredo da mudança de cor é a tecnologia e-ink (tinta eletrônica) — semelhante à usada em livros digitais, com o o Kindle.

A possibilidade de mudar a cor de um veículo é impressionante, e espero que num futuro próximo isso possa ser feito por todo mundo.

4. "Sentir" o metaverso atrai, mas não impressiona

Um dos pontos do metaverso é tentar reproduzir a experiência humana em um terreno virtual. Pude observar várias empresas mostrando soluções que envolvem vestir acessórios para sentir as interações no mundo virtual.

Ainda que os estandes não fossem gigantes, companhias com essas soluções eram as que mais tinham fila de espera — contribuía também para a demora a constante limpeza dos equipamentos.

A bHaptics, por exemplo, exibiu um colete e uma luva que permitem sentir um abraço ou segurar algo no ambiente virtual. Consegui provar um colete, e a sensação é quase de uma cadeira de massagem dessas encontradas em shopping.

Da parte das luvas hápticas, em conversa com quem testou, a impressão é que a sensação de tocar as mãos de alguém ou a sensação de segurar algo ainda é fraca.

Apesar da curiosidade das pessoas, a tecnologia ainda precisa evoluir e mostra que estamos longe de cenários futurísticos em que a experiência virtual se assemelha à real.

5. Visão para quem tem pouca, e voz a quem não tem

As empresas claramente estão de olho em tecnologia para melhorar a vida de idosos — seja por empatia ou por causa própria; as pessoas estão vivendo mais, então as soluções para questões desse público público estão cada vez mais presentes na feira.

A Samsung anunciou o Relumino Mode, um modo presente nas novas TVs da marca que aumenta brilho e contraste para ajudar pessoas com baixa ou pouca visão. Não faz milagre, mas já ajuda quem tem algum tipo de deficiência visual a ter uma experiência mais confortável ao assistir televisão.

Outra ótima iniciativa é o My-own-voice, do Acapela Group, um sintetizador que cria uma "voz digital" de pessoas que estão para ficar afônicas, devido a condições de saúde, como distrofias musculares, paralisia cerebral e esclerose lateral amiotrófica.

Enquanto isso, a Labrador desenvolveu um robô assistente que pode pegar uma bandeja com remédios, por exemplo, e enviar direto para uma pessoa.

É um protótipo, mas anima saber que esse tipo de solução está sendo desenvolvida para atender quem tem mobilidade reduzida.

6. Páreo duro em tecnologias de TVs

2023 vai ser um grande ano para quem gosta de TVs caras e sofisticadas. A Samsung informou que lançará pela primeira vez no Brasil uma série de modelos Oled - tecnologia em que os pixels se autoiluminam.

É curioso, pois desde 2013 a LG produz este tipo de tela, que é considerado pela crítica como a de melhor qualidade. Um dos seus diferenciais é que em cenas escuras, os pixels ficam apagados, dando um maior contraste às imagens.

Quem quiser uma TV top de linha Oled em 2023 no mercado brasileiro vai precisar pesquisar bem e poderá checar quem tem o melhor equipamento com esta tecnologia.

*O jornalista viajou a convite da Samsung