Como o TikTok espionou jornalistas que faziam matérias sobre a plataforma
Funcionários do TikTok tiveram acesso não autorizado a dados pessoais de jornalistas que cobriam a empresa. A informação foi confirmada pela ByteDance, empresa chinesa responsável pela plataforma, no final do ano passado.
As informações foram usadas para analisar a localização dos jornalistas envolvidos como parte de uma investigação interna de vazamentos.
O que rolou?
- O incidente aconteceu em junho de 2022.
- Foram vazados dados de três jornalistas que trabalharam no BuzzFeed News, um repórter do Financial Times, além de pessoas próximas aos profissionais afetados pelo vazamento.
- A estratégia inicial da ByteDance foi negar a violação de privacidade. Mas, com tantas informações apontando o contrário, a companhia confirmou o problema.
Como o caso foi denunciado
A situação foi revelada pela jornalista Emily Baker-White, que também foi vítima do monitoramento. O caso foi relatado na revista Forbes.
Em junho do ano passado, quando era do BuzzFeed News, a repórter relatou que dados de usuários dos Estados Unidos foram acessados repetidamente por funcionários da China, país de origem da companhia.
Na mesma época, Cristina Criddle, jornalista do Financial Times, publicou uma série de matérias sobre condições de trabalho ruins e demissões de funcionários por tirarem algum tipo de licença.
O rastreio indevido foi descoberto a partir de áudios de reuniões realizadas dentro da ByteDance, que acabaram nas mãos de Baker-White.
Empresa monitorou localização de usuários
Na investigação foi descoberto que funcionários da ByteDance rastrearam vários jornalistas com o objetivo de descobrir quem de dentro da companhia estariam vazando informações para os profissionais da imprensa.
Para isso, foram usados dados pessoais dos jornalistas, como o endereço IP.
Os funcionários da ByteDance tentaram verificar se os jornalistas monitorados estiveram nos mesmos lugares que os colaboradores da empresa responsável pelo TikTok.
Políticos dos EUA querem banir o TikTok
A ByteDance afirma que a equipe de segurança criou uma iniciativa chamada "Projeto Raven" para identificar e demitir os funcionários envolvidos. O posicionamento, no entanto, não acalmou os ânimos de alguns políticos dos EUA, que se movimentam com a intenção de banir o TikTok do país.
Em um email interno acessado pela Forbes e pelo The Verge, o CEO da empresa disse que estava "profundamente desapontado" após ser informado da situação.
O senador republicano Marco Rubio anunciou um projeto bipartidário com a intenção de proibir o aplicativo nos EUA. O projeto está sendo apoiado pelo congressista republicano Mike Gallagher e pelo democrata Raja Rishnamoorthi.
Medo de espionagem
O medo de quem defende o bloqueio ao TikTok é de que o incidente indique um ato de espionagem por parte do governo da China.
Segundo um porta-voz da plataforma de vídeos curtos, porém, um possível banimento não teria resultados positivos para a segurança nacional dos Estados Unidos.
"É preocupante que, ao invés de encorajar o governo a concluir uma análise sobre possíveis riscos causados pelo TikTok, alguns membros do Congresso tenham decidido pressionar por uma proibição politicamente motivada que não fará nada para promover a segurança nacional dos Estados Unidos", comentou.
Ainda assim, estados como Alabama e Utah já proíbem o uso do aplicativo em dispositivos do governo ou redes governamentais de computadores.
Durante a presidência de Donald Trump, o TikTok já estava envolvido em momentos de tensão. A situação resultou até em um bloqueio por parte da Marinha dos EUA depois que a plataforma foi considerada como uma "ameaça de segurança", em 2019.
Desde que Joe Biden virou o novo presidente dos Estados Unidos a situação parecia ter se acalmado. Em setembro, o TikTok avançou em um acordo com os Estados Unidos sobre segurança de dados.
*Com informações do site do The Guardian
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