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Robôs trabalharão no espaço em telescópio sucessor do James Webb

Pilares da Criação, gigantes estruturas de gás e poeira repletas de estrelas, registrados pelo telescópio James Webb - Nasa, Esa, CSA, STScI; Joseph DePasquale (STScI), Anton M. Koekemoer (STScI), Alyssa Pagan (STScI).
Pilares da Criação, gigantes estruturas de gás e poeira repletas de estrelas, registrados pelo telescópio James Webb Imagem: Nasa, Esa, CSA, STScI; Joseph DePasquale (STScI), Anton M. Koekemoer (STScI), Alyssa Pagan (STScI).

Barbara Mannara

Colaboração para Tilt, no Rio de Janeiro

18/01/2023 11h36

A Nasa está com planos ousados para estudar mundos distantes e buscar sinais de vida fora da Terra. A agência norte-americana revelou detalhes sobre seu novo supertelescópio, sucessor do James Webb (JWST) — que tem feito observações históricas desde o ano passado.

Apelidado de HWO (Habitable Worlds Observatory; ou Observatório de Mundos Habitáveis, em tradução livre), ele será equipado com novas tecnologias, incluindo robôs para fazer sua manutenção. A previsão de lançamento é em 2040.

O que se sabe sobre o HWO

  • Terá um espelho maior do que o do James Webb, que tem 6,5 metros -- quanto maior o espelho, mais capacidade de observação;
  • Seu objetivo principal é buscar exoplanetas (planetas fora do Sistema Solar) habitáveis;
  • Vai operar em comprimentos de luz mais curtos e lidar com estrelas mais brilhantes;
  • Ficará em uma órbita gravitacional a 1,5 milhão de quilômetros da Terra, como o JWST -- parece longe, mas é uma pequena distância em termos astronômicos;
  • Atualizações e reparos serão feitos por robôs, diretamente no espaço, para que tenha uma vida útil maior.

Reparos feitos por robôs

Manutenção é de extrema importância para um telescópio espacial, para que siga funcionando corretamente e não fique obsoleto. Isso ajuda no financiamento do projeto e na longevidade da missão.

O telescópio espacial Hubble, por exemplo, chegou a ser consertado por astronautas, que foram até lá em uma missão do ônibus espacial.

No caso do HWO, a ideia é que os robôs possam melhorá-lo, conforme as tecnologias de observação avancem na Terra.

Ainda não há uma concepção artística de como deve ser a aparência do novo telescópio. No projeto, os cientistas dizem que ele deve ter um formato entre o HabEx (previsto para 2035) e o Luvoir (previsto para 2039).

Estima-se que o HWO necessite um investimento US$ 11 bilhões — para comparação, o James Webb custou US$ 10 bilhões.

Concepção artística do telescópio Luvair; modelo deve inspirar observatório HWO, que sucederá James Webb - NASA GSFC - NASA GSFC
Concepção artística do telescópio Luvair; modelo deve inspirar observatório HWO, que sucederá James Webb
Imagem: NASA GSFC

Sinais de vida alienígena

Um relatório divulgado pela Nasa, no final do ano passado, expressa o movimento para reviver o programa dos Grandes Observatórios.

O projeto lançou o Telescópio Espacial Hubble e diversos outros, entre os anos de 1990 e início de 2000. Para esta nova fase, o documento solicita um telescópio capaz de detectar sinais de vida em 25 exoplanetas semelhantes à Terra.

Agora, após anos na geladeira, a Nasa está dando prioridade para ser desenvolvimento.

A agência deve preferir usar tecnologias já testadas, como a de espelhos segmentados — compostos por várias peças, em vez de uma estrutura única — que provou sua efetividade no James Webb.

Os equipamentos do HWO têm desafios técnicos pela frente, pois terão operar em comprimentos de luz mais curtos — em comparação com o infravermelho do JWTS. Isso exigirá um controle rigoroso do espelho para atingir a precisão exata.

Além disso, terá de lidar com estrelas 10 bilhões vezes mais brilhantes do que o observatório Nancy Grace Roman, ainda a ser lançado, conseguirá observar. Para isso, é preciso desenvolver um novo coronógrafo — instrumento que permite a observação de objetos (como planetas rochosos) que ficam ao lado de outros muito brilhantes (como estrelas).

Assim, o HWO não deve ser o próximo telescópio espacial a ser lançado pela Nasa. Antes dele, o plano é enviar para o espaço o Roman, em 2027. Com 2,4 metros, seu objetivo é encontrar energia escura — forma de matéria que hipoteticamente esté por todo espaço, acelerando a expansão do Universo — e exoplanetas.