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Arroto de vaca é perigoso para o ambiente, e Bill Gates quer combatê-lo

Bovinos são conhecidos por emitirem muito metano por meio de seus arrotos - Getty Images
Bovinos são conhecidos por emitirem muito metano por meio de seus arrotos Imagem: Getty Images

Gabriel Dias

Colaboração para Tilt, em Macapá (AP)

24/01/2023 12h40

O bilionário Bill Gates, cofundador da Microsoft, decidiu investir em uma startup australiana que visa reduzir o metano presente no arroto das vacas — o animal é uma das maiores fontes de emissão desse gás, que contribui para o efeito estufa.

Trata-se da empresa Rumin8, que está replicando em laboratório um suplemento alimentar à base de bromofórmio, substância química presente em algas vermelhas e que pode reduzir o metano emitido pelo gado durante o processo de fermentação entérica.

Como os bovinos poluem

Durante a digestão, os bovinos emitem gás CH4 (metano), segundo principal substância do efeito estufa. Isso ocorre na fase da fermentação entérica.

A dieta ingerida é fermentada no estômago do animal por um processo sem a presença de oxigênio, formando metano, que é então liberado para a atmosfera.

Isso também ocorre em caprinos e búfalos, que correspondem a um terço das emissões totais global e dois terços das emissões no Brasil.

O plano de Bill Gates

O investimento de Bill Gates para tentar reverter essa grande quantidade de metano na atmosfera vem através da Breakthrough Energy Ventures (BEV), uma iniciativa que ele criou em 2015 para apoiar empresas de ponta que trabalham em projetos sustentáveis.

Uma rodada de financiamento recente liderada pela BEV garantiu US$ 12 milhões para a Rumin8, que vai permitir que ela prossiga com seu trabalho de desenvolvimento antes de comercializar o suplemento.

Como é o suplemento da startup

  • É uma versão sintética de algas vermelhas, um alimento que foi encontrado para impedir a criação de metano no sistema digestivo de uma vaca.
  • Ele funciona inibindo uma enzima específica envolvida na produção de metano à medida que uma vaca digere os alimentos.
  • Teste independentes mostram que seus aditivos exclusivos para ração animal podem reduzir as emissões de metano em 95%.
  • Em pesquisas anteriores usando algas reais, a empresa conseguiu resultados promissores, no entanto as vacas rejeitaram o sabor salgado, levando alguns cientistas a direcionar sua atenção para suplementos mais palatáveis.
  • A ideia é que o produto final não custe mais do que 10% do valor de um animal ao longo da sua vida.

Parceria com o Brasil

A startup possui uma parceria com a Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) para realizar testes com o produto em gado criado em pastagens de forma extensiva, a forma de pecuária mais comum no Brasil.

Além do país, a empresa realiza testes na Austrália e deve começar a fazê-los também nos Estados Unidos, onde abriu seu primeiro escritório em novembro de 2022, em San Francisco, na Califórnia (EUA).

*Com informações dos sites Quartz e Digital Trends, e matéria de Ecoa.