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Google, Amazon e mais: demissões nas big techs podem impactar sua vida?

Logotipo do Google em escritório da empresa em Berlim, na Alemanha - Annegret Hilse/Reuters
Logotipo do Google em escritório da empresa em Berlim, na Alemanha Imagem: Annegret Hilse/Reuters

Simone Machado

Colaboração para Tilt, em São José do Rio Preto (SP)

25/01/2023 04h00Atualizada em 25/01/2023 09h13

Depois de uma crescente nas contratações durante a pandemia de covid-19, as gigantes da tecnologia vivem um momento demissões em massa. Entre novembro e janeiro, Amazon, Google, Meta (dona do Facebook, Instagram e WhatsApp), Microsoft e Twitter anunciaram o desligamento de mais de 51 mil funcionários.

O período de crise tem causas como: alta da inflação, queda nas vendas e quadro de funcionários inflado. Segundo o site de tecnologia Layoffs.fyi, quase 194 mil trabalhadores da área perderam seus empregos nos Estados Unidos desde o início de 2022.

Confira a seguir como as demissões podem afetar na sua vida e previsões para o setor.

Menos produtos no mercado

Segundo Diogo Cortiz, professor de tecnologia e design da PUC-SP, as demissões não devem atingir o consumidor final de forma drástica.

O que pode acontecer é falta ou demora no lançamento de novos produtos e serviços online, já que essas gigantes da tecnologia devem reduzir suas criações nesse período de crise. "Nada muito além", afirma Cortiz, que também é pesquisador do NIC.BR.

A professora Ana Paula Gonçalves Serra, coordenadora dos cursos de Ciência da Computação e Sistemas de Informação do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), concorda que o impacto não será tão grande nesse aspecto.

Isso porque as demissões anunciadas representam uma pequena porcentagem (em torno de 5%) quando comparado ao número de contratações feitas durante a pandemia.

"Agora é hora de readequar o quadro de funcionários. É preciso lembrar que entre os que estão sendo demitidos estão profissionais de RH, gestão de pessoas, marketing e poucos são da área de tecnologia, porque essas empresas precisam continuar investindo em inovação", acrescenta.

Contudo, quando o cenário é analisado com foco na força de trabalho, a situação é grave, destaca Cortiz.

"Quando grandes empresas começam a demitir, surge uma pressão de investidores para que outras empresas do setor façam o mesmo processo, dado que a situação econômica que vai ser desafiadora esse ano em todo o mundo. Então o movimento que uma organização faz acaba puxando outras gerando um problema sistêmico dentro do mercado de trabalho", acrescenta.

É por isso que estamos vendo tantos nomes de empresas famosas demitindo muitos de uma vez.

Quem vai ocupar as vagas? Inteligência artificial?

A onda de demissões trouxe à tona outra questão: a tecnologia e máquinas estão substituindo o trabalho de humanos? O tema é recorrente e ganhou nova força com o avanço de sistemas automatizados com Inteligência Artificial (AI).

A Microsoft, por exemplo, anunciou nesta semana investimento bilionário numa parceria com a empresa OpenAI, criadora do ChatGPT, um polêmico robô de conversas. Isso ocorreu menos de uma semana depois anunciar que iria demitir 10 mil funcionários.

Para a professora Serra, sistemas automatizados têm foco na parte operacional do trabalho e é difícil que eles tirem empregos de humanos de modo geral.

"Para algumas pessoas, os programas de IA são considerados substitutos de funcionários e geram demissões, mas isso não é real, pois a tecnologia e plataformas como essas servem para melhorar, otimizar e deixar o trabalho das pessoas mais criativos e menos operacional", explica.

Os bastidores das demissões

Google

A empresa Alphabet Inc, controladora do Google, anunciou na semana passada que vai demitir 12 mil funcionários, o que representa 6% de sua força de trabalho.

Os cortes afetarão funcionários de toda a empresa, incluindo setores como recrutamento, equipes de engenharia e produtos.

Além disso, as demissões ocorrerão em diferentes países, com início imediato nos Estados Unidos, já que o processo pode levar mais tempo em outros países devido às leis trabalhistas de cada local.

A reportagem de Tilt entrou em contato com o Google, mas não obteve retorno até a publicação dessa reportagem.

Amazon

Na primeira semana de janeiro, a Amazon também anunciou uma demissão em massa de 18 mil funcionários em diversas partes do mundo e em todos os setores, incluindo as divisões de varejo e de recursos humanos.

O número equivale a 6% de todo o quadro de profissionais da companhia, sendo a maior demissão em massa da história dela.

"A revisão deste ano foi mais difícil devido à economia incerta e ao fato de termos contratado rapidamente nos últimos anos. Em novembro, comunicamos a difícil decisão de eliminar vários cargos em nossos negócios de Dispositivos e Livros e também anunciamos uma oferta de redução voluntária para alguns funcionários em nossa organização de Pessoas, Experiência e Tecnologia (PXT)", afirmou Andy Jassy, CEO da gigante americana, em comunicado aos funcionários.

"Várias equipes são impactadas; no entanto, a maioria das eliminações de função ocorre em nossas lojas Amazon e organizações PXT", completou.

Twitter

Após ser comprado pelo empresário Elon Musk, o Twitter anunciou a demissão de cerca de 3,7 mil funcionários. O número representa praticamente metade dos 7,5 mil colaboradores que a empresa tinha.

Entre os demitidos estão cerca de 150 brasileiros que trabalhavam no Brasil.

O argumento para a ação foi a necessidade de redução de custos e imposição de uma nova ética de trabalho, segundo a agência de notícias Reuters, que teve acesso aos planos internos do Twitter.

Tilt tentou contato com o Twitter através de seus canais oficiais, mas não teve retorno. Dentro da onda de demissões, a equipe de comunicação do Brasil foi extinta.

Meta

A Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, demitiu cerca de 11 mil funcionários no fim do ano passado. O corte representa 13% de toda a equipe contratada pelo grupo. Essa é maior baixa no quadro de funcionários na empresa desde a sua fundação, em 2004, quando ainda se chamava Facebook.

Mark Zuckerberg, diretor-executivo da empresa afirmou que a demissão foi necessária para que a Meta pudesse ajustar as contas. O grupo aumentou significativamente os investimentos nos últimos tempos, mas o retorno não tem sido como o esperado.

"Não apenas o comércio online voltou às tendências anteriores [da pandemia de covid-19], mas a desaceleração macroeconômica, o aumento da concorrência e a perda de sinal de anúncios fizeram com que nossa receita fosse muito menor do que eu esperava. Eu entendi errado, e assumo a responsabilidade por isso", explicou.

Além da demissão em massa, a Meta também congelou novas contratações para o primeiro trimestre de 2023.

Microsoft

A Microsoft foi uma das mais recentes a anunciar desligamentos. Eles ocorrerão entre abril e junho de 2023. O corte representará cerca de 5% do total de seus funcionários.

A empresa ainda não detalhou quais os setores que serão mais afetados pelos cortes.

Em nota, a Microsoft explicou que vem passando por mudanças significativas e que o momento vivido pelo mercado exige cautela. E afirma que alguns setores seguirão contratando.

"Continuaremos a investir em áreas estratégicas para o nosso futuro, o que significa que estamos alocando nosso capital e talento para áreas de crescimento secular e competitividade de longo prazo para a empresa, enquanto desinvestimos em outras áreas. Esses são os tipos de escolhas difíceis que fizemos ao longo de nossos 47 anos de história para continuar sendo uma empresa importante neste setor que é implacável com quem não se adapta às mudanças de plataforma", explicou, em nota, a gigante de tecnologia.

"Como tal, estamos assumindo uma cobrança de US$ 1,2 bilhão no segundo trimestre relacionada a custos de rescisão, alterações em nosso portfólio de hardware e custo de consolidação de aluguel à medida que criamos maior densidade em nossos espaços de trabalho", completou.

Spotify

Na segunda-feira (23), o Spotify, líder mundial das plataformas de áudio com mais de 500 milhões de assinantes, anunciou a demissão de cerca de 600 funcionários, o correspondente a 6% do seu quadro.

"Olhando em retrospecto, tenho sido muito ambicioso investindo mais rápido do que o crescimento do nosso volume de negócios", disse o CEO e cofundador da empresa, Daniel Ek, em mensagem enviada aos funcionários.

Esse é o maior corte da história da empresa sueca, fundada em 2006.

*Com informações de agências internacionais.