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Yanomami: como é a internet que governo instala na reserva indígena em RR

Malocas de indígenas em isolamento voluntário em reserva yanomami; terra enfrenta crise humanitária - FUNAI
Malocas de indígenas em isolamento voluntário em reserva yanomami; terra enfrenta crise humanitária Imagem: FUNAI

Aurélio Araújo

Colaboração com Tilt, de São Paulo

31/01/2023 12h52Atualizada em 31/01/2023 12h52

O governo federal ativou sinal de internet de banda larga na reserva indígena Yanomami, em Roraima, para auxiliar na comunicação entre as equipes que prestam ajuda humanitária na região, bem como para atender a população local, que enfrenta desnutrição entre crianças e doenças devido ao avanço do garimpo ilegal.

Território isolado geograficamente, a reserva também tinha dificuldade de comunicação com o exterior, razão pela qual muitos só agora estão descobrindo a grave crise de acesso a água e alimentos dos indígenas.

Para solucionar a questão, o Ministério das Comunicações, em parceria com a Telebras, estatal responsável pelas telecomunicações no Brasil, está instalando 15 antenas na reserva, que se somam a outras sete que já estavam disponíveis. Os modelos de antenas são conhecidos como T3SAT (Terminais Transportáveis Telebras por Satélite), e eles se conectam à internet por meio do SGDC (Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas).

O satélite, lançado em 2017, pertence ao governo brasileiro e é operado pela Telebras. Sua utilização se dá, em geral, para fins estratégicos e militares. Diante da grave situação dos indígenas em Roraima, o governo federal optou por usá-lo também agora.

O sistema é aplicado para operações militares e da Polícia Federal na região da Amazônia, mas também já foi utilizado em situações emergenciais anteriormente, como nos desastres causados pelas chuvas em Petrópolis (RJ) no ano passado, bem como após o rompimento da barragem em Brumadinho (MG), em 2019.

Como são as antenas

Antenas são instaladas pela Telebras na terra Yanomami - Divulgação/MCom - Divulgação/MCom
Antenas são instaladas pela Telebras na terra Yanomami
Imagem: Divulgação/MCom

O modelo T3SAT é bastante prático por seu tamanho: a antena é transportada em maletas de 97 cm de altura e 82 cm de largura, com 32 cm de espessura. A T3SAT em si tem 76 cm de altura.

Embora as antenas estejam sendo enviadas em caráter emergencial, o Ministério das Comunicações já anunciou que estuda sua instalação de forma permanente na reserva, aumentando as possibilidades de comunicação dentro da área. As antenas oferecem conexão Wi-Fi, sem a necessidade de cabos para ser aproveitada em aparelhos como computadores e celulares.

Como é a conexão

Segundo as informações do próprio ministério, a T3SAT tem bateria para uso emergencial em caso de falta de energia, com duração aproximada de 8 horas. Além disso, sua conexão tem taxa de download de 20 Mbps (megabits por segundo e taxa de upload de 2 Mbps (megabits por segundo).

Para efeito de comparação, segundo dados do site Statista, a velocidade média mundial de internet móvel em julho de 2022 (data mais recente sobre a qual os dados estão disponíveis) era de 30,7 Mbps para download e 8,5 Mbps para upload.

No Brasil, no começo de 2022, a conexão 4G mais rápida era a da Claro, com 71,16 Mbps de taxa de download. Contudo, operadoras como a Oi ofereciam 21,6 Mbps no mesmo quesito, uma velocidade bastante próxima à do equipamento governamental.