Olhe para o céu em fevereiro: tem cometa verde, ocultação e conjunção

Fevereiro chegou e seu grande destaque astronômico é um raro cometa verde, que não nos visitava havia 50 mil anos. Também traz uma ocultação e uma conjunção na mesma noite, além da exuberante Lua cheia.

Dica: um site ou app de astronomia (como Skywalk, Starchart, Sky Safari ou Stellarium) são úteis para apontar a posição dos objetos e mostrar os melhores horários de visibilidade em sua região.

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1/2: Cometa C/2022 E3 (ZTF) em seu ponto mais brilhante

O cometa passará a "apenas" 42 milhões de quilômetros da Terra (o ponto mais próximo de nosso planeta, chamado perigeu) no dia 1º de fevereiro. Chamado C/2022 E3 (ZTF), ele está bem brilhante e esverdeado, após os gases de seu núcleo terem sido aquecidos pelo Sol, formando a bela cauda. Nas últimas semanas, tem sido registrado com auxílio de telescópios e até visto a olho nu de algumas partes do planeta — inclusive do Brasil.

Infelizmente, o hemisfério Norte é privilegiado nesta observação, devido à posição do cometa no céu. Por aqui, ele não será visível no momento do perigeu, mas sim algumas noites depois, entre os dias 3 e 10 de fevereiro, muito próximo ao horizonte e em uma pequena janela de tempo.

Olhe para o norte, na região da constelação do Cocheiro (Auriga), entre o pôr do Sol e a meia-noite — use um aplicativo de astronomia para encontrar o local exato do cometa. A olho nu, ele parecerá uma estrela borrada, uma manchinha no céu, cada vez menos brilhante com o passar dos dias. Recomendamos o uso de binóculos.

O C/2022 E3 (ZTF) é um pequeno corpo rochoso e gelado, de apenas 1 km de diâmetro, vindo das profundezas do Sistema Solar. Ele passou perto da Terra pela última vez há 50 mil anos, no final da Era do Gelo; as testemunhas foram nossos antepassados neandertais e os primeiros Homo sapiens.

5/2: Lua Cheia - Lua de Neve

A Lua Cheia de fevereiro nasce no primeiro domingo do mês (5), pouco após as 19h, junto com o pôr do Sol — quem tiver uma vista desobstruída poderá admirar os dois fenômenos simultaneamente, um em cada lado do céu. Ela ficará visível durante toda a noite, atravessando o firmamento de uma ponta à outra.

Dica: tente admirar a Lua na primeira hora após nascer, bem próxima ao horizonte, pois efeitos ópticos fazem com que apareça ainda maior, por conta da perspectiva com referenciais terrestres (como prédios e árvores), e apresente belas variações de tonalidade (amarelada, alaranjada, avermelhada, rosada), devido à interação com a atmosfera.

O dia seguinte (6) também é uma ótima oportunidade de observação, com nosso satélite ainda com 100% de iluminação. Mas nascerá um pouco mais tarde, por volta das 19h50.

A Lua Cheia de fevereiro era chamada de Lua de Neve pelos povos nativos norte-americanos, pois marca as temperaturas extremas do meio do inverno no hemisfério Norte (onde as estações são invertidas com as nossas).

22/2: Ocultação lunar de Júpiter

Basicamente, a Lua vai passar "na frente" de Júpiter, que desaparecerá do nosso céu por algum tempo. É como um eclipse.

Por volta das 19h, olhe para o horizonte oeste (mesma direção onde o Sol estiver se pondo), com o céu ainda um pouco iluminado, e procure pela Lua.

Ela estará superfininha, como um sorriso, pois acaba de sair da fase nova e começa a crescer. E o planeta Júpiter estará colado nela, à direita, como uma estrela bem brilhante.

Acompanhe o par descendo pelo horizonte e testemunhe o processo: Júpiter vai se aproximar cada vez mais e sumir por trás da Lua. Só não conseguiremos ver ele "voltando" pois o par se põe antes disso ocorrer, por volta das 20h.

22/2: Conjunção Lua-Vênus

Aproveite a observação da ocultação de Júpiter para ver também uma bela conjunção: Vênus estará logo abaixo da Lua, como mais uma estrela brilhante entre ela e o local onde o Sol se pôs.

Perceba que há pouco tempo para observar os dois fenômenos. Ambos são visíveis a olho nu, sem necessidade de qualquer instrumento especial — basta um céu limpo e ter uma vista com horizonte oeste desobstruído.

Ressaltando que, quando falamos em conjunções, nos referimos do ponto de vista da Terra. No espaço, os corpos estão separados por milhões de quilômetros.