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Trenzinho no céu: o que são as luzes vistas no Sul do Brasil? Veja vídeos

Estevan Duarte/Reprodução Instagram
Imagem: Estevan Duarte/Reprodução Instagram

Marcella Duarte

de Tilt, em São Paulo (SP)

03/02/2023 14h27

Moradores do Sul do Brasil foram surpreendidos por uma intrigante fileira de luzes, cruzando lentamente o céu, na noite de quarta-feira (1º). Algumas pessoas se assustaram, achando até que poderiam ser naves alienígenas.

Mas a explicação é simples e sem mistérios: os pontos brilhantes eram apenas satélites Starlink, rede de telecomunicações da SpaceX, do bilionário Elon Musk.

Nas redes sociais, há relatos de diversas cidades do Rio Grande do Sul, como Porto Alegre, Venâncio Aires, Gravataí, Santa Rosa e Rio Grande, e até de países vizinhos, como Paraguai e Uruguai.

As luzes apareceram por volta das 20h e levou mais de 15 minutos até o "trenzinho" inteiro cruzar o céu. Veja alguns dos vídeos:

Por que apareceram agora?

  • Há cerca de 3.500 minissatélites Starlink em órbita, que em geral não conseguem ser vistos da Terra a olho nu
  • Isso é possível apenas em uma ocasião: nas semanas seguintes ao lançamento, enquanto os novos equipamentos estão bem juntos e relativamente baixos (a menos de 300 km de altitude)
  • Eles são enviados para o espaço em lotes (entre 50 e 60 satélites)
  • Houve quatro lançamentos este ano: nos dias 19, 26 e 31 de janeiro e em 2 de fevereiro -- o 71º lançamento do projeto, iniciado em 2019
  • Todos estes ainda estão potencialmente visíveis
  • Nas próximas semanas, eles vão se separando e subindo para sua altitude operacional de 550 km, e deixarão de ser vistos a olho nu
  • Eles são pequenos (230 kg cada um) e não emitem luz própria -- o que vemos é a luz do Sol refletida em sua estrutura metálica

Como ver?

Eles passam o tempo todo sobre nossas cabeças — mas às vezes isso ocorre de dia, ou com condições climáticas ruins, ou sobre outra região. Para saber quando um trenzinho de Starlinks poderá ser visto no lugar em que estamos, há alguns sites e apps que fazem o rastreamento.

Um deles é o Find Starlink. Além das datas e horários exatos de todas passagens, ele mostra a direção do céu que os objetos seguirão, a condição de visibilidade (boa, média ou ruim) e qual é aquele grupo de satélites.

Hoje ele informa, por exemplo, 14 passagens sobre São Paulo nos próximos dias, duas delas com boas condições de serem vistas:

  • 4/2 às 19h54; de sudoeste para norte (lote 69)
  • 6/2, às 4h54, de nordeste a sudoeste (lote 70)

Poluição e prejuízos à astronomia

Eles deixam de ser vistos a olho nu mas não pelos nossos olhos no espaço — os telescópios. Esta quantidade de absurda de satélites (Starlinks e muitos outros) em órbita, além de gerar muito lixo espacial e liberar gases poluentes pelos motores dos foguetes, tem sido prejudicial à astronomia.

Muitas imagens, como observações de planetas e asteroides, têm sido invadidas por estes objetos humanos — aparecem como riscos luminosos. Algumas são totalmente arruinadas por eles, como esta:

Veja quantos satélites cruzaram neste pequeno vídeo do cometa C/2022 E3 (ZTF), que está passando perto da Terra:

E o plano de Musk mal começou; ele quer criar uma verdadeira constelação de satélites, com pelo menos 12 mil deles — mas que pode chegar a 42 mil —, para oferecer internet de alta velocidade em todo o planeta. Para se ter uma ideia da dimensão disso, há cerca de 9.000 estrelas visíveis a olho nu ao redor da Terra.