Seus gatos estão brincando ou brigando? Cientistas mostram como diferenciar
Quem tem gatos já deve ter percebido uma brincadeira ficando violenta demais — será que ainda estão brincando ou brigando?
Um novo estudo, publicado na revista Scientific Reports, investigou este comportamento. O objetivo era descobrir sinais simples, facilmente observáveis, que pudessem levar a brigas.
Categorias de tretas
A equipe de cientistas, liderada pela eslovena Noema Gajdoš-Kmecová, analisou 105 vídeos de interações entre 210 gatos.
Eles desenvolveram um etograma — uma lista de comportamentos específicos, que foram categorizados em seis grupos:
- Inativo: cabeça e corpo imóveis e em posição específica, por exemplo, agachado
- Wrestling: gatos em contato físico com movimentos de luta
- Perseguição: um gato corre em perseguição ou outro foge
- Outras atividades interativas: por exemplo, lambendo o outro, se aproximando, com pelo levantado nas costas
- Não interativo: atividade dirigida a si mesmo ou a um objeto inanimado, por exemplo, beber, lamber-se
- Vocalização: por exemplo, rosnar, assobiar, miar
Os vídeos foram analisados para identificar quais desses comportamentos foram mostrados pelos gatos e quais apareceram juntos.
A partir disso, os pesquisadores separaram os vídeos em três categorias de interações:
- Brincalhão: 40% dos gatos dos vídeos; incluindo luta livre e falta de vocalização.
- Agonístico: 32% dos gatos dos vídeos; comportamentos sociais que incluem ameaça, agressão e submissão. Os gatos vocalizavam e tinham episódios recorrentes de inatividade;
- Intermediário: 28% dos gatos; mais associado ao grupo brincalhão do que ao agonístico. Os gatos deste grupo interagiram por períodos prolongados com pausas entre eles.
O que isso diz sobre as brincadeiras do seu gato?
- Se eles estão fazendo "lutinhas", muito provavelmente estão brincando.
- Quando há real rivalidade entre os gatos de uma casa, eles tendem a evitar contato físico prolongado
- Gatos que disputam um espaço usam manobras ofensivas ou defensivas, como tapas
- Se estão vocalizando e se perseguindo entre períodos de inatividade (como agachados), provavelmente estão brigando
- A vocalização é uma pista importante de uma interação agressiva
- Perseguir é bom se for mútuo, mas se apenas um gato está perseguindo ou fugindo, não é tão positivo
O grupo intermediário é mais complicado, pois une comportamentos lúdicos e agonísticos. Isso sugere que a brincadeira pode se tornar agressiva, dependendo do que acontece durante ela.
Os autores observaram pausas frequentes na interação, o que pode permitir que os gatos reavaliem o interesse de seu parceiro em brincar, e assim evitar a escalada da brincadeira para a agressão.
Brigas grandes são fáceis de perceber
Este estudo é o primeiro a aplicar uma abordagem científica a comportamentos felinos, que qualquer um pode identificar. Quando eles estão realmente brigando, é fácil de perceber — o problema são os casos mais cotidianos, em que tudo parece bem, mas pode sair do controle.
Gatos podem ser bastante sutis. Eles também usam expressões facial, posição da orelha e do rabo e feromônios para se comunicar. Isso pode ser igualmente importante na diferenciação entre uma brincadeira e uma briga.
Se seus gatos são melhores amigos — dormem em contato próximo e compartilham comida e brinquedos —, um pouco de brincadeira violenta ocasional faz parte (assim como nos humanos, não é?).
Mas se eles realmente não se dão bem, é necessário observar os sinais de comportamentos agonísticos e tentar amenizá-los (por exemplo, criando ambientes separados para cada um na casa). A tensão entre gatos nem sempre é óbvia, mas pode afetar sua saúde física e mental.
Se você não tem certeza se seus gatos são amigos ou rivais, procure ajuda de um veterinário especialista em comportamento felino.
*Com informações de Science Alert e The Conversation
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