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Por que lá? A ciência por trás do terremoto que devastou a Turquia e Síria

07.fev.23 - Equipes de resgate e civis procuram sobreviventes sob os escombros de prédios desabados em Kahramanmaras, no sul da Turquia, um dia depois que um terremoto de magnitude 7,8 atingiu o sudeste do país - ADEM ALTAN/AFP
07.fev.23 - Equipes de resgate e civis procuram sobreviventes sob os escombros de prédios desabados em Kahramanmaras, no sul da Turquia, um dia depois que um terremoto de magnitude 7,8 atingiu o sudeste do país Imagem: ADEM ALTAN/AFP

Simone Machado

Colaboração para Tilt*, em São José do Rio Preto (SP)

08/02/2023 12h04Atualizada em 09/02/2023 14h05

O terremoto de magnitude 7,8 que atingiu a região central da Turquia e o noroeste da Síria já contabiliza mais de 12 mil mortos — sendo 9.057 na Turquia e 2.992 na Síria. Pelo menos 38 mil pessoas ficaram feridas nos dois países, e ainda há centenas de desaparecidos.

Terremotos nesses dois países não são raros. Isso porque eles estão geograficamente localizados em áreas suscetíveis ao fenômeno. Contudo, o registrado nesta semana surpreendeu por ter sido grande e devastador. Muita energia foi liberada. Entenda a seguir explicações da ciência para o ocorrido.

O que causou o terremoto

De acordo com a professora Jenny Jenkins, do departamento de Ciências da Terra na Universidade de Durham, as ondas sísmicas que causaram os tremores de terra foram captadas por sensores em todo o mundo, incluindo lugares distantes da região, demonstrando a grandeza desse terremoto.

A área de Türkiye, uma das mais atingidas na Turquia, é propensa a terremotos porque fica no encontro de três das placas tectônicas que compõem a crosta terrestre: as placas da Anatólia, da Arábia e da África. A Arábia está se movendo para o norte em direção à Europa, fazendo com que a placa da Anatólia seja empurrada para o oeste.

O movimento das placas tectônicas aumenta a pressão nas zonas de falha em seus limites. E é justamente a liberação repentina dessa pressão que causa terremotos e tremores de terra.

Para a professora, é provável que o desta semana tenha acontecido na falha da Anatólia Oriental ou na falha Transformada do Mar Morto. Ambas são "falhas de deslizamento", o que significa que acomodam algum movimento de placas que se movimentam umas sobre as outras.

mapa - Reprodução/ Mikenorton/NASA/Wiki/CC BY-SA - Reprodução/ Mikenorton/NASA/Wiki/CC BY-SA
Síria está esbarrando na Europa e espremendo Turquia
Imagem: Reprodução/ Mikenorton/NASA/Wiki/CC BY-SA

Como cientistas medem o grau do terremoto

O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) afirma que apenas três terremotos com magnitude acima de 6 aconteceram na região desde 1970.

Os sismólogos usam a escala de magnitude do momento, que representa a quantidade de energia liberada por um terremoto (a escala Richter está desatualizada).

Essa escala não é linear: cada degrau representa 32 vezes mais energia liberada. Isso significa que uma magnitude de 7,8 libera cerca de 6.000 vezes mais energia do que os terremotos de magnitude 5, mais moderados, que geralmente podem acontecer naquela região.

Para algo tão grande quanto a magnitude de 7,8, é provável que tenha havido movimento em uma área de aproximadamente 190 quilômetros de comprimento e 25 quilômetros de largura. Isso significa que o tremor pôde ser sentido em uma área muito grande.

Estima-se que tremores (suficientes para causar danos materiais significativos) tenham sido sentidos por 610 mil pessoas na área circundante, até cerca de 80 quilômetros de distância a nordeste ao longo do limite da placa tectônica.

Um tremor leve foi sentido na principal cidade turca, Istambul (a cerca de 815 quilômetros), bem como em Bagdá, no Iraque (800 quilômetros), e no Cairo, no Egito (950 quilômetros).

Tremores podem continuar

Após grandes terremotos, acontecem muitos terremotos menores, conhecidos como tremores secundários, à medida que a crosta se reajusta às mudanças das placas tectônicas. Estes podem continuar por dias ou até mesmo anos após o tremor principal.

Nas primeiras 12 horas após o tremor inicial no sudeste de Türkiye já havia registrado outros três terremotos acima de magnitude 6. O primeiro foi um 6,7 que aconteceu apenas 11 minutos após o primeiro choque, e houve centenas de outros secundários de menor magnitude.

Embora os tremores secundários sejam significativamente menores do que o choque principal, eles podem ter consequências igualmente devastadoras, danificando ainda mais a infraestrutura já comprometida pelo primeiro terremoto e dificultando os resgates.

*Com informações do Science Alert