Só volta em 50 mil anos: últimos dias para ver o 'cometa verde'; saiba como
A última vez que o cometa C/2022 E3 (ZTF) nos visitou foi há 50 mil anos — e deve demorar tudo isso para retornar. Por isso, observá-lo é uma oportunidade única.
Ele fez sua maior aproximação da Terra na semana passada, e é possível vê-lo com auxílio de binóculos ou telescópios e até mesmo a olho nu, dependendo do local e das condições climáticas.
O cometa está bem brilhante e esverdeado, após os gases de seu núcleo terem sido aquecidos pelo Sol, formando a bela cauda. Mas ele só fica visível por mais alguns dias — até desaparecer na escuridão do universo.
Como ver?
No hemisfério Sul, o "cometa verde" está potencialmente visível até o dia 10 (sexta-feira) ou 12 (domingo) de fevereiro — uma estimativa, pois a cada dia fica menos brilhante, mas também pode ter alguma explosão inesperada.
Ele aparece perto do horizonte e em uma pequena janela de tempo. No Brasil, um desafio encontrá-lo no céu, mas não custa tentar; observadores da região Norte e Nordeste têm certa vantagem.
É imprescindível usar um aplicativo de astronomia (como Star Walk, Stellarium, Star Chart, SkySafari ou Night Sky) para encontrar o local exato do cometa naquele momento e local. Mas temos algumas dicas:
- Procure um lugar alto, escuro e com o horizonte norte desobstruído
- Olhe para o norte, entre o pôr do Sol e a meia-noite; o melhor horário é por volta das 20h
- O cometa está aparecendo na região entre a constelação do Cocheiro (Auriga) e de Touro, próximo ao planeta Marte
- Procure uma uma estrela borrada, uma manchinha no céu (não dá para ver a cauda a olho nu)
- Recomendamos o uso de binóculos
Ele só consegue ser visto a olho nu se as condições do céu forem bastante favoráveis — sem poluição luminosa ou nuvens. "Para observar o cometa, o mais sensato é usar binóculos, que facilitarão a observação desse visitante ilustre. Além disso, é importante destacar que não é uma tarefa tão fácil achar um cometa no céu", recomenda o astrônomo Filipe Monteiro, do Observatório Nacional.
O brilho do cometa já está no limite do que o olho humano consegue enxergar. Por isso, além de instrumentos (binóculos, telescópios, câmeras fotográficas), é interessante que as pessoas procurem um lugar distante dos centros urbanos.
"Infelizmente, as grandes capitais não devem ter a oportunidade de acompanhar a passagem do cometa, nem mesmo com binóculos, talvez a única chance de vê-lo seja com um telescópio de pequeno porte", diz Cássio Barbosa, astrofísico da FEI. "Cometas são objetos difusos e de difícil visualização".
Truque: Quem tiver uma câmera profissional, ou mesmo um celular com regulagens, pode apontá-la para a direção estimada, dar um zoom, e programar uma longa exposição (20 ou 30 segundos devem ser suficientes), para tentar registrar o brilho esverdeado do cometa. Usando essa técnica, algumas pessoas estão conseguindo fotografar o cometa mesmo que não o veja no céu.
No hemisfério Norte, onde ele deu um show nas últimas semanas, os registros foram incríveis.
Por que é verde?
Nas imagens registradas por telescópios, chama a atenção seu brilho verde e a cauda longa e azulada.
Um cometa só "acende" assim quando se aproxima do Sol (longe dele, é apenas uma bola de gelo sujo, com pedaços de rochas), e substâncias de seu núcleo passam diretamente do estado sólido para o gasoso, liberando gases e poeira, que criam uma nuvem ao seu redor — chamada de coma ou 'cabeleira'.
A do C/2022 E3 (ZTF) é bem esverdeada, devido à sua composição diferente dos cometas esbranquiçados. A cor se deve à presença de moléculas de carbono diatômico.
Quanto mais perto do Sol, estas partículas espalham-se por milhares de quilômetros, "sopradas" pelos ventos solares. Aí se forma a cauda — que desaparece quando o cometa distancia-se da nossa estrela. A do C/2022 E3 (ZTF) é azulada e tem aparência tripla.
Mas estes detalhes são vistos apenas com auxílio de telescópios e câmeras profissionais (astrofotografias).
O cometa
O C/2022 E3 (ZTF) é um pequeno corpo rochoso e gelado, de apenas 1 km de diâmetro, vindo da Nuvem de Oort, nas profundezas do Sistema Solar. Ele passou perto da Terra pela última vez há 50 mil anos, no final da Era do Gelo; as testemunhas foram nossos antepassados neandertais e os primeiros Homo sapiens.
O objeto errante foi descoberto em março de 2022, por um telescópio do Zwicky Transient Facility (ZTF — por isso seu nome), na Califórnia, Estados Unidos. Inicialmente, se acreditou tratar-se de um asteroide. Mas o aumento de seu brilho, ao ultrapassar a órbita de Júpiter, revelou que o C/2022 E3 (ZTF) tinha origem cometária.
Na quarta, ele passou "apenas" 42 milhões de quilômetros da Terra — o ponto mais próximo de nosso planeta, chamado perigeu.
Saiba mais sobre cometas, meteoros e asteroides.
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