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Ray Tracing: Como celulares Galaxy S23 reinventam a luz em cenas digitais

Galaxy S23 teria imagem de modelos vazadas na internet - Reprodução/Twitter/@AhmedQwaider888
Galaxy S23 teria imagem de modelos vazadas na internet Imagem: Reprodução/Twitter/@AhmedQwaider888

Rodrigo Lara

Colaboração para Tilt, em São Paulo

27/02/2023 04h00Atualizada em 27/02/2023 08h36

Um dos pontos altos no lançamento do Samsung Galaxy S23 e suas variantes foi a presença de um processador, criado em parceria com a Qualcomm especialmente para a nova linha de celulares.

Trata-se de uma versão do Snapdragon 8 Gen 2, um SoC (System on Chip, ou Sistema no Chip) que reúne processador, placa gráfica — no caso, uma Adreno 740 — e modem. Ainda que o processador tenha oito núcleos e alta velocidade máxima (3,36 GHz), o que chamou a atenção, para além dos aspectos técnicos, foi o que ele faz. Traz o recurso chamado Ray Tracing, que trabalha para recriar no mundo digital a luz tal qual a vemos no mundo real.

A tecnologia tem as seguintes características:

  • Uma das principais aplicações é em jogos;
  • A ênfase total é na iluminação de modelos renderizados, com a meta de tornar o visual mais realista;
  • É um recurso que demanda um enorme poder de processamento para ser aplicado;
  • Em celulares, deixará games mais bonitos e pode motivar avanços em IA e realidade aumentada

O Ray Tracing é algo que começou a dar seus primeiros passos com o lançamento da linha RTX de placas de vídeo da Nvidia, em 2019. E ganhou mais corpo com o lançamento de PlayStation 5 e Xbox Series, no fim de 2020.

Como funciona?

O Ray Tracing é aplicado a cenários e objetos gerados por computação gráfica. O intuito é iluminar uma cena, com todos os objetos ali presentes, da maneira mais realista possível.

A dificuldade para isso é conseguir reproduzir no digital como a luz se comporta no mundo real. Imagine a cena: estamos dentro de um cômodo e sentados na frente de uma janela durante o dia. Todo mundo pensa que a luz segue um trajeto de fora da janela para dentro e ilumina apenas o que tiver em contato direto com ela, certo?

Não é bem assim. Os raios de luz entram, sim, pela janela, mas são refletidos por todos os elementos dentro do cômodo. "O efeito da luz é algo que faz uma cena parecer mais ou menos realista. E ela reflete em várias superfícies diferentes que acabam iluminando um objeto", explica Angelo Sebastião Zanini, coordenador do curso de Engenharia de Computação do IMT (Instituto Mauá de Tecnologia).

Antes dessa tecnologia, os pontos a serem iluminados em uma cena artificial eram pré-definidos. E, por mais que o trabalho fosse feito de forma primorosa, o resultado passava longe da realidade.

Para funcionar, o Ray Tracing se vale da inteligência artificial. Ela calcula a trajetória dos raios de luz em uma cena, dependendo do ângulo no qual ela é vista. Essa mágica só é possível graças ao desenvolvimento de novas arquiteturas de placas de vídeo, explica Cleiton Pereira, professor de Sistemas de Vídeo e Áudio Digital do Centro Universitário FEI.

Como pode ser usado em celulares?

A principal aplicação do Ray Tracing nos celulares Galaxy S23 tende os games. "Com o recurso, os smartphones serão capazes de reproduzir jogos mais realistas com a melhor experiência possível. A tendência é que as marcas que utilizarem essa tecnologia conseguirão se tornar bastante competitivas contra aparelhos dedicados para games", afirma Pereira.

O professor, porém, acredita que a presença da função nos aparelhos também tende a trazer benefícios para outras atividades. "Acredito que com a disponibilidade do Ray Tracing em dispositivos móveis teremos um grande avanço em aplicações de tecnologias como a realidade virtual e a realidade aumentada", conclui.