Do celular dobrável à tela rolável: futuro do seu próximo telefone está aí
Dominado pela Samsung, o setor de celulares com telas dobráveis ficará mais acirrado ao longo de 2023. É o objetivo das marcas Honor, Huawei, Oppo e Tecno, que levaram cinco novos modelos para o MWC (Mobile World Congress) 2023, maior de tecnologia móvel do mundo, em Barcelona.
A percepção depois de conhecer os telefones de perto é de que as empresas querem estabelecer uma nova era dos dobráveis. Para isso, tentarão convencer os consumidores com o discurso "fazemos melhor do que a Samsung" — na tecnologia da tela, estrutura, dobradiça e recursos.
A previsão também é de que as fabricantes chinesas ampliem a oferta de seus celulares dobráveis para mercados emergentes, como a América Latina, segundo algumas informaram a Tilt.
Honor Magic Vs: fecha tão bem que prende papel
Uma reclamação já conhecida entre os usuários das linhas Galaxy Z Fold e Z Flip, dobráveis pioneiros e únicos vendidos no Brasil até agora, é a lombada profunda no meio da tela e a dobradiça grossa, que deixa um vão em "V".
No último caso, além de dar um visual menos delicado, ele permite maior acúmulo de sujeira com o tempo. A proposta do celular dobrável Honor Magic Vs é resolver isso — o telefone pertence a fabricante chinesa Honor, que já foi uma subsidiária da Huawei.
O modelo foi o meu dobrável favorito entre os exibidos no evento. Segundo a empresa, o número de componentes da estrutura foi reduzido de 92 para 4, por isso, ele consegue ter um fechamento mais eficiente, capaz até de prender uma folha de papel.
Em termos de configurações, é um smartphone potente, com processador da Qualcomm Snapdragon 8+ e três opções de configuração de armazenamento interno e memória RAM (que ajuda no desempenho):
- 256 GB; 8 GB
- 256 GB; 12 GB
- 512 GB; 12 GB
O Magic Vs é vendido na China desde dezembro do ano passado. Agora foi anunciado na Europa a partir de 1.599 euros (R$ 8.900 na conversão direta e sem impostos).
A companhia informou que o modelo também deve chegar a países da América Latina nos próximos vezes. Contudo, não quis dizer se o Brasil será um deles.
Tecno Phantom V Fold: dobra suave na tela
A marca chinesa Tecno é menos conhecida do brasileiro, mas é interessante saber que ela tem lançado celulares que surpreendem (com inovações em telas e câmeras, por exemplo). Ela foi outro destaque no evento com seu dobrável.
O Phantom V Fold é visualmente parecido com o da Honor. O que me agradou ao usá-lo foi o fato de ele ser fino, sem deixar espaço ao ser fechado, além de ter uma dobra extremamente suave na tela.
É o primeiro do tipo equipado com um processador rival da empresa Qualcomm, o chip MediaTek Dimensity 9000+. Isso significa um produto mais barato — uma das barreiras para este tipo de celular é o preço alto.
A versão com 12 GB de memória e 256 GB de armazenamento interno custa US$ 1.099 (R$ 5.700 na conversão direta), e a de 512 GB sai por US$ 1.220 (R$ 6.300). Ele deve chegar a mercados da África e da América Latina, de acordo com a fabricante.
Oppo Find N2 e Find N2 Flip: guerra contra Samsung
A Oppo, uma marca gigante também da China, agora tenta atingir novos mercados. Durante a feira ela não escondeu que quer bater de frente com a Samsung.
Seus dobráveis são similares aos Galaxy Fold e Flip: respectivamente, o Find N2 (quando aberto, parece um tablet pequeno) e o Find N2 Flip (quando fechado, fica bem pequeno e cabe em qualquer bolso).
No Find N2, a empresa explica que a tecnologia do display é chamada "water droplet" (gota d'água), pois não forma um vinco grande no meio e permite uma transição suave ao dobrar e desdobrar.
Assim como o Magic Vs, ele é equipado com um Snapdragon 8+. As câmeras traseiras foram desenvolvidas pela empresa sueca de fotografia Hasselblad. Por enquanto, só é vendido na China.
Já o dobrável mais portátil da Oppo, o Find N2 Flip, deve chegar a outros mercados globais — ainda não há informações sobre o Brasil, onde a marca comercializa apenas um modelo, o Reno 7.
Gostei bastante desta versão menor, que fica bem portátil e bonito quando está dobrado. Ao mesmo tempo, ele tem telas grandonas. Elas são maiores do que as do Samsung Galaxy Flip 4, que tem a usabilidade prejudicada na mínima tela frontal de 1,9 polegada.
Com ele fechado, além de receber notificações, dá para interagir de outras maneiras com os aplicativos, inclusive ver muito bem como vai ficar uma foto que está sendo tirada de você — segundo os expositores, muito útil "para namorados".
Para custar menos, a empresa também utilizou o processador MediaTek Dimensity 9000+. As câmeras também são Hasselblad. Ele chegará a Europa e outros mercados globais neste ano.
Huawei Mate Xs 2: dobra para fora
O Mate Xs 2 também apresenta um vinco mais suave. Porém, ele abre diferente dos demais: tem apenas uma grande tela, que fica dobrada para o lado de fora.
Quando aberto, a parte de trás é uma superfície lisa, com um revestimento tipo couro, sem display — parece uma prancheta, muito reta e fina.
Atrás, há apenas uma área elevada onde ficam as câmeras e sensores. Isso faz dele mais leve. Segundo a empresa, também confere maior resistência do que outros dobráveis.
O processador é o Qualcomm Snapdragon 888 (o mesmo presente no top de linha Galaxy S21, lançado há dois anos).
Um celular potente e interessante pelo que deu para perceber. Porém, limitado à China. Não há previsões para outros mercados.
Desafios para popularizar os dobráveis
O mercado dos dobráveis ainda não é consolidado no mundo. No Brasil, então, nem se fale.
De acordo com a consultoria IDC, apenas 1,1% do total de vendas de smartphones em 2022 foi dentro dessa categoria de aparelho; espera-se que chegue a apenas 2,8% em 2026 — um crescimento baixo se pensarmos em avanços de tecnologia.
Isso ocorre, pois alguns fatores:
- São telefones muito caros.
- Há o desafio de convencer as pessoas a pagarem por eles. Ainda há muita gente (eu inclusa) que vê nesses modelos um tipo de celular desnecessário.
- Telefones com design mais comum conseguem, por enquanto, oferecer um conjunto de especificações técnicas mais encorpado do que os dobráveis vendidos atualmente.
Futuro pode envolver tela "rolável"
Paralelamente às discussões sobre o futuro dos dobráveis, um outro tipo de celular roubou a cena: um modelo com tela "rolável" (rollable) da marca Motorola, que Tilt viu em primeira mão:
Apelidado de Rizr (uma brincadeira com o clássico Razr), ainda é um protótipo em estágio inicial, sem data de lançamento ou informações de configuração. Claramente, precisa passar por melhorias e mais testes antes de virar um produto.
Mas vê-lo funcionando nos dá um vislumbre do que pode vir por aí de atraente nessa indústria. Um futuro diferente, em que as telas flexíveis podem se expandir gradualmente para oferecer uma área maior, em vez de serem completamente dobradas como livros.
A Lenovo — empresa mãe da Motorola — também destacou no MWC um notebook "rolável", usando a mesma proposta.
No ano passado, a Samsung já havia ganhado os holofotes com o seu conceito de telas "roláveis", batizado de Galaxy Z Roll. Estamos de olho nessa possível tendência no mercado de celulares.
*A jornalista viajou a convite da Huawei
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