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Do balanço ao caos: como as ondas do mar se formam e o que causa ressacas?

Onda de Teahupo"o, no Taiti: fenômeno é formado pela ação do vento - WSL/Dunbar via Getty Images
Onda de Teahupo'o, no Taiti: fenômeno é formado pela ação do vento Imagem: WSL/Dunbar via Getty Images

Colaboração para Tilt

18/03/2023 04h00

Ondas são amadas por surfistas e temidas por banhistas pouco acostumados com o mar. Podem ser furadas, surfadas e rompidas. Mas você sabe como elas se formam?

O Sol aquece a superfície da Terra de maneira desigual. Isso acontece por causa das diferenças de relevo, distância e o eixo de inclinação do planeta, o que gera diferenças de pressão atmosférica e cria os ventos - principais responsáveis pela formação das ondas.

Ao soprarem de forma contínua por muitas horas (ou dias) sobre uma área muito grande do mar, os ventos transferem energia para a superfície da água e, por atrito, geram as ondas. A tendência é de que quanto mais energia é transferida, maiores as ondas e mais veloz seu deslocamento.

É assim que surgem as ressacas, quando fortes lufadas de ventos criam ondas muito maiores do que as normais. Já se a força dos ventos for de menor intensidade, as ondas serão menores e mais constantes.

Existem também os grandes sistemas de baixa pressão, como frentes frias, ciclones extratropicais e furacões, que apresentam ventos ainda mais intensos e capazes de gerar ondas bem grandes.

Essas ondas percorrem grandes distâncias pelos oceanos e se deslocam para longe de onde foram formadas. Nesse processo, se organizam como ondulações (ou swells, em inglês) bem alinhadas. São essas ondas que os surfistas buscam pelos mares do planeta.

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Os surfistas amam. O alemão Sebastian Steudtner é reconhecido pelo Guinness pela maior onda já surfada na história
Imagem: Reprodução

Mas, além da ação dos ventos, ondas podem ser formadas por perturbações na superfície da água, como a passagem de embarcações, grandes deslocamentos de terra ou gelo e terremotos. Em geral, porém, as ondas do mar são produzidas pelos ventos e estão relacionadas à liberação de energia.

Ondas grandes x ondas pequenas

As diferenças de altura entre as ondas dependem, basicamente, da energia transferida pelos ventos. Quanto mais intensos e longos eles forem, maiores serão as ondas geradas.

Quando a ondulação se organiza e se desloca, as ondas maiores tendem a "ir na frente". De todo modo, quando uma ondulação gerada em local distante chega à linha de costa, a tendência é que ondas maiores quebram primeiro; depois, tendem a diminuir.

Outro aspecto que pode alterar o tamanho das ondas é a posição da praia em relação à direção da ondulação. Praias que recebem a ondulação de forma perpendicular tendem a ter ondas mais altas.

Um último fator importante é o relevo do fundo do mar. Nos lugares onde a costa rapidamente alcança maiores profundidades, as ondas perdem menos energia. Em lugares onde a inclinação do fundo é suave, elas começam a perder energia muito longe da praia.

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Nazaré, em Portugal, tem ondas que atingem até 30 metros de altura
Imagem: @azhiaziam

Isso explica a ocorrência de ondas enormes no Havaí, pois trata-se de um arquipélago formado por ilhas vulcânicas no meio do oceano Pacífico, cuja profundidade ao redor passa dos mil metros e a localização faz com que as ilhas estejam expostas às ondulações geradas por intensos sistemas de baixa pressão que se formam próximo ao Japão.

Por que a onda quebra?

Quando se aproximam da costa ou encontram um obstáculo no mar, como um recife, por exemplo, as ondas "sentem" o fundo, devido ao atrito. A parte inferior da onda sofre mais atrito do que a parte superior. É como se um freio estivesse sendo aplicado na parte inferior da onda; a parte superior fica mais veloz do que a base, e acaba arremessando uma crista, provocando portanto a "quebra" da onda.

Fonte: Denis Moledo de Souza Abessa, professor da Unesp de São Vicente

*Com texto de Tatiana Pronin