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Instagram perdeu alma e criou dinâmica aterrorizante, diz cofundador

Kevin Systrom, diretor-executivo do Instagram, apresentando o recurso Direct, durante coletiva de imprensa em 2013 nos Estados Unidos - Lucas Jackson/Reuters
Kevin Systrom, diretor-executivo do Instagram, apresentando o recurso Direct, durante coletiva de imprensa em 2013 nos Estados Unidos Imagem: Lucas Jackson/Reuters

Simone Machado

Colaboração para Tilt*, em São José do Rio Preto (SP)

20/03/2023 12h18Atualizada em 20/03/2023 20h28

O engenheiro de software norte-americano Kevin Systrom, 39, um dos cofundadores do Instagram, criticou a direção que a rede social tem seguido nos últimos anos. Para ele, a plataforma "perdeu a alma" e deixou de lado a essência que tornou o aplicativo famoso em todo o mundo.

A declaração de Systrom foi feita durante uma entrevista à jornalista norte-americana Kara Swisher em seu podcast. Ele deixou a empresa em 2018, seis anos depois de a rede social ter sido comprada pelo Facebook, por US$ 1 bilhão.

Os rumores da época indicavam atritos com Mark Zuckerberg, atual CEO da Meta (dona do Facebook, Instagram e WhatsApp).

O que rolou?

A crítica do engenheiro é que o Instagram deixou de ser uma plataforma para ver o que os amigos e familiares estão fazendo.

Nos últimos anos, essa essência foi deixada de lado para a rede social virar um negócio, um mercado para influenciadores. Criadores de conteúdo e marcas usam a plataforma para ganhar dinheiro.

Além disso, a plataforma foca seu modelo de negócio em quem produz conteúdo (pessoas físicas e empresas), esquecendo um pouco do usuário comum do Instagram, disse.

Acho que meu maior arrependimento no Instagram é o quão comercial ele se tornou Kevin Systrom, cofundador

"A plataforma concentrou a energia nas pessoas que vivem vidas aparentemente incríveis sem limites, fazendo as coisas mais extravagantes, com a melhor aparência, vestindo as roupas mais caras", afirmou o ex-executivo, acrescentando que esse cenário cria uma dinâmica "aterrorizante", em que os usuários do Instagram acreditam que o que veem no aplicativo é a vida real das pessoas.

"A vida é muito difícil, e tudo o que as pessoas postam no Instagram é a ponta do iceberg", completou.

O cofundador destacou que viu essa transformação do Instagram acontecer em seu próprio feed. Os amigos que costumavam postar fotos de suas vidas, do seu dia a dia, agora só postam "#ads" (anúncios). "Para mim não é o Instagram que começamos."

Systrom agora é um dos cofundadores do Artifact , um aplicativo de notícias com inteligência artificial lançado no início do ano.

*Com informações do site Insider