Money Look: influenciadores espalham golpe que usa Shein e já faz vítimas
Influenciadores digitais, como a modelo Emily Garcia e a ex-BBB Kerline, estão promovendo um golpe que usa indevidamente a marca de comércio online Shein. A falsa promessa é de dar dinheiro a pessoas que avaliarem roupas. A empresa varejista confirmou a Tilt que a situação se trata de uma fraude.
Os influencers usam posts patrocinados para divulgar a ação. Para ter acesso ao dinheiro, é preciso fazer um cadastro, fornecendo os dados pessoais e bancários, além de desembolsar R$ 97. Em fóruns online, há registros de usuários que perderam grana dessa forma e não conseguiram receber a quantia prometida após as avaliações dos produtos.
A Shein informou que está tomando medidas legais para inibir que os sites continuem usando a marca para cometer golpes. Uma dos denunciados é a plataforma Money Looks.
A Shein não tem relação alguma com o site fraudulento denominado Money Looks. Esse website está sendo enganosamente utilizado para propagar informações falsas sobre a companhia, com uso indevido do nome e imagem da empresa, com intenção de enganar usuários para que eles adquiram um aplicativo com falsa promessa de obtenção de uma renda extra por meio de avaliações de looks da marca.
Shein, em nota
Consumidores lesados
Na plataforma Reclame Aqui, pessoas relatam, de forma anônima, terem sido enganadas.
Vi um vídeo no Instagram onde dizia para avaliar roupas da Shein para evitar prejuízo para a empresa, sendo assim se eu avaliasse eu ganharia dinheiro por isso. Porém tive que pagar para baixar o app, onde não tive acesso. Quero meu reembolso, isso é propaganda enganosa e usam influenciadores para propagar essa mentira
consumidor de Carambeí (PR)
Comprei esse produto do Money Looks com a proposta de avaliar roupas da Shein e ganhar com isso, só que até agora, três dias depois, eles estão falando que o site está em manutenção. Me deram acesso a outro produto para curti fotos que demora horrores para carregar e para sacar o dinheiro tem que juntar R$ 2 mil. Quero meu dinheiro de volta
consumidor de Araçatuba (SP)
Como é o golpe
No vídeo divulgado nas redes sociais, os influenciadores divulgam que a Shein está pagando para as pessoas avaliarem as roupas vendidas na plataforma. Argumentam que a ação é uma estratégia para divulgar peças pouco vendidas. O valor seria de R$ 1 por curtida. Para participar, os consumidores deveriam:
- Integrar a equipe de "avaliadores" ao se inscrever em um link que acompanha o vídeo da postagem;
- Depois disso, eles são direcionados para um site identificado como Money Looks, em que devem se cadastrar ao informar dados pessoais e bancários;
- Ao acessar a página, são orientados a pagar uma taxa de R$ 97, a pretexto de fazer avaliações e poder receber por isso;
- Já na plataforma, basta visualizar as roupas e clicar em "gostei" ou "não gostei" para que as "avaliações" gerassem dinheiro automaticamente;
- Além do Money Looks, outro site que aparece é o Segredo Dinheiro. Nenhum dos endereços está atrelado à Shein.
A reportagem tentou contato com o site Money Looks por meio das redes sociais, mas não obteve retorno. A empresa divulgou uma nota em seu perfil informando sobre golpes.
Influenciadores alegam que foram vítimas
A modelo Jéssica Amaral, com 485 mil seguidores, foi uma das influenciadoras que endossaram o golpe. Ela disse à Tilt que não sabia que se tratava de um fraude.
Quem me passou essa "publi" foi um amigo assessor que eu confio e conheço há muito tempo. Ele nunca me trouxe problemas. Já fiz vários trabalhos que ele me indicou. Minha consciência está tranquila porque eu não preciso roubar ninguém e jamais compactuaria com golpes em internet
Jéssica Amaral, modelo
A influenciadora Victória Azevedo, com 214 mil seguidores, também disse ser vítima e que não sabia que estava fazendo propaganda para um site fraudulento. Ela conta que recebeu a proposta de publicidade por meio de uma agência e fez o trabalho após pesquisar o CNPJ da empresa.
Eu também vi influenciadoras que acompanho divulgando essa empresa e jamais imaginaria que era algo de errado. No dia seguinte que fiz o vídeo já comecei a receber mensagens de seguidores falando do golpe. Fiquei muito chateada, mas eu também fui uma vítima
Victória Azevedo, influenciadora
O valor recebido pela publicidade não foi divulgado pelas entrevistadas.
Além delas, outras influenciadoras que também fizeram a propaganda em seus perfis foram:
- Yanka Barreiros (1,1 milhões de seguidores);
- Nadja Pessoa (1,7 milhões de seguidores);
- Ex-BBB Kerline (1,7 mi de seguidores);
- Davi Mateus (5,4 mi de seguidores);
- Mariana Menezes (3,1 mi de seguidores);
- Emily Garcia (12,2 mi de seguidores).
A reportagem tentou contato com todos eles, mas, até a publicação da reportagem, não obteve retorno. O espaço segue aberto.
Como evitar ser enganado por sites falsos
Em seu site, a Shein explica sua política de trabalho e afirma que não faz nenhum tipo de pagamento. Além disso, pede aos usuários para desconfiarem de links.
É fundamental ser desconfiado o tempo todo. E, principalmente, saber que não tem milagre, não existe dinheiro fácil, ganho rápido e promoção com descontos além do normal, nem atividade de fácil execução, que traga um retorno como em lucratividade expressiva. Não é porque um influenciador está compartilhando isso que torna legítimo
Arthur igreja, especialista em tecnologia
Daniel Marques, presidente da AB2L (Associação Brasileira de Lawtechs e LegalTechs), acrescenta que é importante o usuário sempre acessar o site oficial da empresa para verificar se a campanha é real.
"Também é valido pesquisar antes em páginas como 'Reclame Aqui' ou 'consumidor.gov' para ver se não há nenhuma reclamação em relação à empresa", acrescenta.
Vale ressaltar ainda que, caso o usuário caia em um golpe ou se sinta lesado, é preciso denunciar a situação, seja na plataforma ou na polícia.
Se você vir algum post suspeito, denuncie-o para tratamento da própria rede social, por meio dos botões de denúncia, golpes e fraudes. Se você cair em algum tipo de golpe, cabe registrar um boletim de ocorrência e abrir uma denúncia junto à instituição ou marca responsável para tratamento do incidente da melhor forma possível
Fellype Cazorino, professor de Cyber Security da Faculdade Impacta
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