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Por que jornalista, matemático e contabilista serão impactados pelo ChatGPT

Robô humanóide usa um computador portátil - Freepik
Robô humanóide usa um computador portátil Imagem: Freepik

De Tilt, em São Paulo

14/04/2023 04h00Atualizada em 16/05/2023 12h47

Um estudo da OpenAI, desenvolvedora do ChatGPT, mostrou que profissões como jornalista, contabilista, matemático e auditor são altamente expostas ao chatbot inteligente, a ponto de o uso da ferramenta poder concluir tarefas na metade do tempo que humanos as realizaria.

A questão que fica é: por qual motivo essas profissões em específico aparecem como mais, digamos, "afetadas" pelo ChatGPT?

Ainda que o estudo não seja fatalista a ponto de dizer que o ChatGPT vai "acabar" com profissões, ele cita que o uso do ChatGPT ou softwares baseados no chatbot vai influenciar habilidades de diversas ocupações.

Vale lembrar que atualmente o ChatGPT é bom em:

  • "entender" pedidos em linguagem natural;
  • criar textos;
  • revisar textos;
  • fazer cálculos matemáticos;
  • mostrar prós e contras sobre um assunto;
  • adaptar um texto a um público ou linguagem;
  • fornecer exemplos de códigos de programação.

Dito isto, os pesquisadores usaram o O*Net — o equivalente norte-americano à Classificação Brasileira de Ocupações — e listaram as habilidades principais de várias profissões (compreensão de texto, escrever, aprendizado ativo, resolução de problemas fazendo cálculos, pensamento crítico, entre outros).

A partir disso, analisaram quais profissões têm habilidades mais propensas de serem feitas por inteligência artificial para concluir quais teriam mais ou menos "exposição" à tecnologia.

As profissões com maior "exposição", segundo o estudo são:

  • 100%: contabilista e auditor, matemático, jornalista, assistente administrativo, secretário jurídico, preparador de imposto;
  • entre 90 e 100%: engenheiro de blockchain (97,1%), secretário de correspondência (95,2%), taquígrafo e legendadores (92,9%) e revisor (90,9%);
  • abaixo de 90%: pesquisador de mercado (84,4%), intérprete e tradutor (82,4%), especialista em relações públicas (80,6%) e escritor (82,5%)

As habilidades de programação e escrita mostram uma forte associação positiva com a exposição, o que implica que as ocupações envolvendo essas habilidades são mais suscetíveis a serem influenciadas pelos chatbots inteligentes
estudo da OpenAI

O levantamento indica que pessoas com diploma universitário estão mais expostas ao ChatGPT, enquanto ocupações com menos instrução têm menos exposição, porém contam com salários médios menores.

Outra conclusão da pesquisa indica que ocupações ligadas à ciência e que exijam habilidades de pensamento crítico são menos expostas à influência do ChatGPT.

E as profissões sem nenhuma exposição ao ChatGPT?

Por outro lado, a lista de profissões sem nenhuma exposição ao ChatGPT é longa. O estudo compilou 34 delas. Alguns exemplos: lavador de pratos, operador de máquina agrícola, reparador de vidro automotivo, carpinteiro, açougueiro, atendente de cafeteria, instalador elétrico e pintor.

Pelo fato de o ChatGPT influenciar em profissões em que a leitura, compreensão e programação são importantes, trabalhos manuais são menos propensos a terem influência do chatbot inteligente.

Algumas dessas ocupações, no entanto, podem ser impactadas pela automatização no futuro.

Estes postos de trabalho devem sobreviver por ter maior relação com o alto custo da robótica e com normas sociais, como explica Carl Frey, pesquisador da Universidade de Oxford e referência no assunto.

Segundo ele, em alguns países a automatização por robôs é muito cara e acaba valendo mais a pena manter um humano no trabalho. Sem contar que há normas culturais envolvidas — há ocasiões em que um atendimento humano é preferido em vez de um feito por um robô.