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Por que procurar por megaestruturas pode ser a saída para acharmos aliens

E se estivermos buscando vida inteligente no espaço do jeito mais difícil? - Getty Images/iStockphoto
E se estivermos buscando vida inteligente no espaço do jeito mais difícil? Imagem: Getty Images/iStockphoto

De Tilt, em São Paulo

15/04/2023 04h00Atualizada em 15/04/2023 15h26

Há tempos que a descoberta de vida fora da Terra é uma das grandes metas da ciência mundial. Só que existe um porém: e se estivermos procurando esses sinais de inteligência no universo da maneira errada?

A bola foi levantada por Seth Shostak, astrônomo sênior do instituto Seti (sigla que na tradução livre significa Busca por Inteligência Extraterrestre), em uma coluna publicada no site da publicação norte-americana NBC News.

No artigo, Shostak lembra que nos últimos 70 anos a estratégia preferida de cientistas para buscar por vida fora da Terra foi a de procurar por sinais de transmissões de rádio — vez ou outra, por sinal, vemos notícias de estranhos sinais captados por pesquisadores mundo afora.

Mas é aí que o astrônomo questiona: será possível que estamos fazendo a aposta errada? A alternativa dada por ele é que a busca seja focada em objetos físicos — ou as chamadas megaestruturas alienígenas.

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Essas estruturas não seriam círculos em plantações ou algum fenômeno do tipo por aqui. Na verdade, Shostak está falando de trabalhos construídos por uma sociedade avançada em algum lugar do espaço. E ele tem seus motivos para ver essa opção como a melhor.

Não precisa de contato

O primeiro ponto levantado pelo astrônomo para priorizar a busca por essas estruturas é interessante: ele não necessita que os seres extraterrestres tenham escolhido tentar contato com outras civilizações e depende apenas dos trabalhos terráqueos.

Shostak lembra que nem todos os aliens podem ter interesse em contatar seres de outros planetas com a transmissão de sinais de rádio. Talvez eles queiram ficar na deles ou prefiram o silêncio para sobreviver com medo do que outros seres podem fazer.

O problema do sinal

Outro fator envolve o grande problema em captar um sinal de outra civilização: é necessário que o sinal atinja seu telescópio no mesmo momento em que você esteja apontando para aquela direção. Se o intervalo de tempo for minimamente diferente, não pegaremos nada. Chamado de problema da "sincronicidade", isso é comparado ao ato de disparar um tiro e esperar que outra bala disparada por outra pessoa a atinja de frente.

Em qualquer experimento de rádio do instituto, o tempo gasto nas frequências é de poucos minutos — o universo, por outro lado, está por aí há uma infinidade de tempo. Os próprios aliens não saberiam que nós estamos aqui mesmo se estiverem em um sistema perto de nós — não houve tempo suficiente para que nossos sinais de radares ou de televisão os tenham atingido, ainda que estivessem na velocidade da luz. Sendo assim, provavelmente eles não estariam neste momento disparando sinais de rádio na nossa direção.

Os artefatos podem estar à solta

Em contraste com o problema da sincronicidade, os artefatos alienígenas podem estar aí pelo espaço simplesmente à espera que achemos eles. A Muralha da China e as pirâmides do Egito são dadas como exemplos para estruturas terráqueas gigantes que existem há séculos.

Anteriormente, cientistas já citaram a possibilidade de descobertas de megaestruturas de aliens. Uma delas ocorreu em 2015, quando a astrônoma Tabetha Boyajian e seus colegas notaram que uma estrela a 1.400 anos-luz da Terra tinha um comportamento bem estranho.

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Entenda

Levantou-se, então, a possibilidade de que ela estivesse rodeada pela esfera de Dyson, uma ideia proposta pelo físico Freeman Dyson de que civilizações realmente avançadas pudessem construir uma esfera gigante cheia de painéis solares em órbita no seu planeta para fornecimento de energia. A explicação para a estrela de Tabetha é considerada menos provável hoje em dia, mas cientistas não descartam que uma esfera do tipo exista por aí.

Outra ideia recente partiu do físico Daniel Hooper, da Universidade de Chicago. Ele lembra que o universo está em expansão, com as galáxias se distanciado umas das outras e, assim, é possível que civilizações avançadas possam tentar "roubar" estrelas de galáxias próximas e deixá-las mais próximas de sua vizinhança, prevendo um futuro em que a energia possa ficar escassa.

A opinião de Seth Shostak, é claro, se junta a várias e várias possibilidades universo afora da busca por vida inteligente. Mas não custa tentar todas, né?