IA será no futuro o que a internet é hoje, defendem especialistas

Não foram só as críticas ao uso indiscriminado do chatGPT, robô de conversas com inteligência artificial, que marcaram o segundo dia do Web Summit, uma das principais conferências de inovação do mundo, que acontece no Rio de Janeiro nesta semana.

Enquanto a presidente do aplicativo de mensagens Signal, Meredith Whittaker, acha que "não devemos levar o chatGPT tão a sério", outra leva de palestrantes optou por destacar no evento o potencial desse tipo de tecnologia generativa, capaz de criar conteúdos inéditos a partir de outros já existentes.

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Ela estará em breve na vida de todos, afirmou Daniela Braga, CEO e fundadora da Defined.ai, empresa portuguesa de treinamento de dados para inteligência artificial.

"A inteligência artificial é a próxima revolução industrial. É indispensável para todos os setores da indústria e será, nos próximos anos, o que a internet é hoje para nós. Vai afetar todo mundo, em todos os segmentos", disse a executiva.

Braga dividiu o palco com Ben Goertzel, CEO e fundador da SingularityNET - uma ferramenta que permite a criação de outras IAs em código aberto - e Itxaso del Palacio, sócia da Notion (empresa de apps de organização).

Uma das vantagens da IA generativa, segundo eles, é que o sistema "relembra" interações anteriores e o todo o conhecimento disponível na internet para gerar novas buscas mais "refinadas".

No painel, os três defenderam ainda que as dúvidas atuais sobre os avanços da inteligência artificial não evitarão que ela se consolide como parte da sociedade moderna.

O que vem pela frente?

Com a popularidade de ferramentas de IA generativa, como o ChatGPT, diversas empresas se interessaram em fazer parte do mercado. No início deste ano, as ações do Buzzfeed (BZFD) saltaram 120% no pregão. O motivo do aumento foi o anúncio de que a empresa começaria a utilizar inteligência artificial para a criação de conteúdo. O mesmo aconteceu com outras companhias.

Para Daniela Braga, a adoção de IAs é um movimento natural e que tende a se tornar cada vez mais comum. Segundo a CEO, as empresas que não puderem criar, se preocuparão em adquirir.

"Nós somos a maior empresa de treinamento de dados e sabemos os valores. A questão é quantas empresas realmente podem pagar pela inteligência artificial generativa. O que as organizações precisam decidir é se elas vão construir ou comprar. Não são todas que poderão construir".

Contudo, muito ainda precisa ser feito: "apesar de já ser importante para muita gente, ainda não está como gostaríamos. Tem popularidade e hype, mas também tem realidade. Precisamos levar isso em conta", afirma Goertzel.

O executivo acrescentou que outras perguntas importam ainda mais nesse processo: "Quem vai fazer essas conexões? As grandes empresas? E o mais importante: quem nós queremos que tenha controle dessas conexões?"

Segundo Itxaso del Palacio, outra questão que vale a atenção é de que forma os dados chegarão aos usuários.

"Tem coisas que eu estou pessoalmente interessada e preocupada em acompanhar, como os modelos de linguagens que serão utilizados. É possível construir soluções de inteligência artificial generativa para fintechs ou empresas de cuidados de saúde, por exemplo. Como elas serão verbalizadas para cada mercado? É preciso ter cuidado".

Web Summit Rio 2023

A 13ª edição do Web Summit começou ontem (1º) e vai até esta quinta-feira (4), no centro de convenções Riocentro, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Com caráter internacional, o objetivo é promover discussões sobre novas tecnologias e internet, conectando palestrantes, startups, multinacionais, investidores e entusiastas do assunto.

Os palestrantes se dividirão em 14 palcos, abordando temas como transportes, finanças, negócios esportivos, criptomoedas, ciência de dados, design e empreendedorismo. Os organizadores esperam mais de 20 mil participantes.

Entre as principais atrações, estão palestrantes como Ayo Tometi, cofundadora do movimento da causa negra Black Lives Matters, e o fundador e chefe-executivo do Nubank, David Vélez.

Também haverá a presença de nomes como Catherine Powell, chefe global de hospedagem do Airbnb, e Chelsea Manning, ex-militar americana que ganhou notoriedade ao vazar documentos secretos para o WikiLeaks.

Já entre os brasileiros mais conhecidos, teremos Konrad Dantas, fundador da produtora KondZilla, Luiza Trajano, fundadora do Magazine Luiza, e a ativista indígena pela Amazônia Txai Suruí.

O UOL também marcará presença no evento, com Murilo Garavello, diretor de conteúdo, Helton Simões Gomes, editor de Tilt, e Chico Barney, colunista de Splash, confirmados entre os painelistas. Veja a lista completa de palestrantes clicando aqui.

A expectativa é que o Rio de Janeiro receba o evento anualmente, como um encontro a mais do tradicional realizado em Lisboa. Já há um acerto para que a conferência ocorra na capital portuguesa pelo menos até 2028.