Revolução de sistemas como ChatGPT não está na IA, diz cientista do Google
O robô de conversas ChatGPT não impressiona só pela capacidade, mas por toda a sua interface de interação, destacou a cientista de dados do Google Cassie Kozyrkov, durante participação no Web Summit Rio, um dos maiores eventos globais de tecnologia e inovação, que acontece nesta semana no Rio de Janeiro.
Para ela, o que esse sistema de Inteligência Artificial (IA) tem — e que cresce aos olhos do público — é justamente a estratégia pensada de UX Design, termo em inglês para a área voltada à experiência do usuário. A profissional destacou suas percepções no painel "A IA automatiza o trabalho de quem?", realizado hoje (3).
O "segredo" de sistemas como o ChatGPT
Kozyrkov ressaltou que a inteligência artificial está por toda a parte. O que acontece é que nem todos a percebem.
Quando você usa a Netflix, por exemplo, você está interagindo com a IA e, muitas vezes, o usuário nem se dá conta. Isso acontece porque a preocupação do sistema é gerar bem-estar, não fazer com que o indivíduo se preocupe com o que está debaixo dos panos.
O objetivo de bem-estar e a praticidade da tecnologia citados pela cientista é o mote do UX Design, segundo ela. Neste campo, o que mais importa é a interação das pessoas com o produto, trazendo ao máximo uma percepção positiva e uma aproximação com o sistema.
Para Kozyrkov, é isso que promove o sucesso de programas como o ChatGPT, e não o aspecto de revolução do poder da inteligência artificial.
Os primeiros artigos sobre sistemas como o ChatGPT foram publicados há seis anos pela Google. Cientistas e pesquisadores do mundo todo já estudavam o tema, e apenas agora o público se encantou com o sistema. Se você se encantou com o tema há seis anos, você se encantou pela IA. Se você se encantou com o tema agora, você se encantou com o UX Design
"Hoje, outra coisa está acontecendo. O usuário está sendo incentivado a ver o programa como um sistema criado com IA e pensar sobre o seu funcionamento. Devemos encarar a revolução da inteligência artificial pelo que ela realmente é: uma mudança no que consideramos ser um design", acrescentou.
IAs criadas para agradar, não informar
Ao abordar os sistemas generativos (IA capaz de criar conteúdos), a cientista de dados alertou que é preciso ter cuidado com o nível de confiança nas respostas geradas por eles.
"O que você coloca no sistema, ao interagir com ele, serve de exemplo para a interação com você e com os outros usuários. O algoritmo da inteligência artificial busca similaridade entre os exemplos e os transforma em instruções", explicou.
"No fim das contas, são instruções automatizadas. A verdade é que a inteligência artificial generativa é a criação de informações falsas que parecem plausíveis ao público. Os sistemas estão sendo feitos para agradar, não informar", completou.
O futuro das IAs
Ao analisar a evolução dos sistemas de inteligência artificial nos últimos anos, Kozyrkov relembrou que, inicialmente, a interação era maior entre plataformas e empresas.
Agora, os programas são voltados aos usuários e criados para gerar soluções individuais: "O indivíduo se tornou o alvo dos sistemas, não mais as empresas. Os usuários se tornaram os maiores divulgadores dos programas de inteligência artificial e a utilizam para resolver seus problemas."
Dentro desse aspecto, as soluções individuais não podem ofuscar o potencial desse tipo de ferramenta tecnológica:
O que me preocupa é a distribuição desigual das tecnologias na sociedade. O que significa se poucas pessoas podem ter acesso a uma ferramenta que melhora a produtividade? Nós precisamos pensar nisso. Não podemos nos distrair com as funções robóticas dos sistemas. É animador poder usar a inteligência artificial para resolver problemas individuais, mas estou mais ansiosa pelo momento em que vamos começar a resolver problemas da sociedade como um todo.
Web Summit Rio 2023
A 13ª edição do Web Summit começou na segunda-feira (1º) e vai até esta quinta-feira (4), no centro de convenções Riocentro, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Com caráter internacional, o objetivo é promover discussões sobre novas tecnologias e internet, conectando palestrantes, startups, multinacionais, investidores e entusiastas do assunto.
Os palestrantes têm se dividido em 14 palcos, abordando temas como transportes, finanças, negócios esportivos, criptomoedas, ciência de dados, design e empreendedorismo. Os organizadores esperam mais de 20 mil participantes.
Entre as principais atrações, estão palestrantes como Ayo Tometi, cofundadora do movimento da causa negra Black Lives Matters, e o fundador e chefe-executivo do Nubank, David Vélez.
Também merece destaque a presença de nomes como Catherine Powell, chefe global de hospedagem do Airbnb, e Chelsea Manning, ex-militar americana que ganhou notoriedade ao vazar documentos secretos para o WikiLeaks.
Já entre os brasileiros mais conhecidos, a conferência destaca Konrad Dantas, fundador da produtora KondZilla, Luiza Trajano, fundadora do Magazine Luiza, e a ativista indígena pela Amazônia Txai Suruí.
O UOL também marca presença no evento, com Murilo Garavello, diretor de conteúdo, Helton Simões Gomes, editor de Tilt, e Chico Barney, colunista de Splash, confirmados entre os painelistas. Veja a lista completa de palestrantes clicando aqui.
A expectativa é que o Rio de Janeiro receba o evento anualmente, como um encontro a mais do tradicional realizado em Lisboa. Já há um acerto para que a conferência ocorra na capital portuguesa pelo menos até 2028.
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