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Por que IA deslancha nos bancos, mas se arrasta no agronegócio?

Getty Images/iStockphoto/lamyai
Imagem: Getty Images/iStockphoto/lamyai

Vitória Azevedo

Colaboração para Tilt, do Rio de Janeiro

07/05/2023 04h00

Executar pagamentos/transferências, fornecer informações e tirar dúvidas a partir de robôs de conversas (chatbots) são exemplos de como a inteligência artificial já é mais do que usada em sistemas bancários. E, se depender das instituições financeiras, esse uso será ainda maior para otimizar processos.

É o que destacou Pedro Bramont, diretor executivo de dados do Banco do Brasil, durante a conferência internacional de inovação Web Summit, que aconteceu no Rio de Janeiro nos últimos dias.

"Temos vários projetos interessantes que mostram o quão poderosa a IA se tornou para nós", disse. Um exemplo é o Minhas Finanças, de acordo com o executivo. Trata-se de um sistema de controle de gastos dentro do aplicativo do banco. Ele usa os dados da conta para entender o perfil de consumo e auxiliar a pessoa na organização financeira — outros bancos também já possuem plataformas parecidas.

Bramont também falou sobre o chatbot (robô de conversas) do Banco do Brasil, que usa IA para executar solicitações de transações e dar informações aos clientes sem a necessidade de ações humanas.

Gerry Giacomán Colyer, CEO da startup mexicana Clara, de cartões de crédito corporativo e sistemas de gestão de despesas, também destacou no evento a importância da inteligência artificial em suas soluções para melhorar processos e a tomada de decisões estratégicas.

Segundo ele, a IA é usada em uma plataforma de controle de gastos corporativos com o objetivo de substituir recibos de reembolso por cartões de crédito disponibilizados e geridos aos funcionários.

O diferencial da tecnologia é a sua capacidade de aprender com erros e reconhecer padrões, podendo fazer previsões a partir de bancos de dados, acrescentou — é o chamado machine learning (aprendizado de máquina).

"Quando um usuário solicita crédito em nossos serviços, a primeira decisão é tomada por uma máquina. Há muito mais que podemos fazer com a IA do que já fazemos. Os sistemas ainda podem nos ajudar muito", afirmou Colyer.

No agronegócio já é mais difícil

A executiva Aline Oliveira, cofundadora fintech Traive, plataforma financeira com foco no setor agropecuário, concorda que o uso da IA no ramo econômico é seguro e promissor. Contudo, ela destacou que uma regulamentação do setor é necessária para que ferramentas não sejam utilizadas pelos motivos errados.

"A agricultura é uma das indústrias mais complexas do mundo, extremamente importante para a população e, ainda assim, é uma das áreas menos digitalizadas. O ramo ainda possui muitos dados fragmentados e isso atrapalha no acesso às informações e nas consultas de crédito", explicou.

Entre os benefícios da IA na agropecuária, a executiva destaca:

  • Ter mais informações sobre a previsibilidade de condições naturais;
  • Maior eficiência operacional da propriedade rural;
  • Ajudar a melhorar o volume produzido e reduzir os custos.
  • Antecipar os movimentos do mercado a partir de ferramentas que auxiliam o produtor a identificar demandas e a determinar preços aos produtos de acordo com a safra.

Para tudo isso dar certo, a confiança dos usuários no processo é fundamental, ressaltou Aline Oliveira: "para mim, é sobre transparência. Precisamos explicar aos clientes o que é a tecnologia e o que ela pode fazer por nós. A inteligência artificial fará o dinheiro fluir de forma mais eficiente."