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Como o radar 'à prova de migué' flagra mau motorista de longe

Radar Doppler fiscalização de velocidade - Prefeitura de Curitiba/Divulgação
Radar Doppler fiscalização de velocidade Imagem: Prefeitura de Curitiba/Divulgação

Simone Machado

Colaboração para Tilt*, em São José do Rio Preto (SP)

16/06/2023 04h00Atualizada em 18/06/2023 16h08

Com a promessa de acabar com motoristas que tentam "enganar" radares ao frear perto do equipamento de fiscalização para evitar multas, o radar Doppler já vem sendo testado em rodovias no interior de São Paulo e Curitiba (PR).

O novo equipamento começa a medir a velocidade de um veículo antes do ponto onde está instalado e continua a mensuração até 50 metros depois. Com isso, o condutor que acelerar logo após passar o radar é flagrado e multado.

Isso é possível porque diferentemente dos radares convencionais, que medem a velocidade por meio de sensores instalados no asfalto, a novidade mede ondas eletromagnéticas. Funcionam assim:

  • Quando é emitida, a onda eletromagnética reflete no veículo em movimento;
  • Ao receber essa onda, o carro, caminhão ou moto rebatem de volta para o radar, que capta o sinal com uma antena;
  • A partir deste estímulo, o equipamento calcula a distância e chega à velocidade do automóvel analisado.

Essa tecnologia faz com que o condutor não diminua a velocidade apenas "em cima" do radar, mas permaneça dentro do limite da via por pelo menos 50 metros após a localização do dispositivo.

Os radares possuem tecnologia para distinguir a fiscalização feita de dois veículos próximos e não confundir os dados gerados por eles.

Essas antenas são muito diretivas e com pontaria bastante apurada. Por isso, o radar mede o carro de forma precisa e não confunde com o que está ao lado, por exemplo Eduardo Pouzada, doutor e professor de Engenharia Eletrônica do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT)

Além de fiscalizar velocidade, os "radares à prova de migué" também podem flagrar outras infrações de trânsito, como mudança de faixa em local proibido e avanço de sinal vermelho.

Existe um ponto estático, que é o sensor e o emissor, e tem algo que está sendo sensoriado, no caso um carro, uma moto. Como a onda está mudando, o radar consegue saber a localização ou a mudança de localização do objeto, se está mais à esquerda ou mais à direita Arthur Igreja, especialista em tecnologia

Doppler, o nome do radar, faz menção a um fenômeno físico que analisa o efeito das reflexões de uma onda quando o emissor se aproxima do receptor. Uma forma prática de ilustrar isso é o exemplo de uma ambulância passando.

Dependendo da distância do veículo, percebemos o som da sirene mais agudo (quando está próximo a você) ou mais grave (quando ele se afasta).

"Se pegar essa mudança no som e o quão rápido essa mudança está acontecendo, é possível calcular a velocidade do veículo e mapear onde ele está. Dependendo da variação do barulho da ambulância, dá para saber quando ela chegará a você. E é isso que esse radar faz", comenta Igreja.

Para fazer essa medição —emitir e receber as ondas eletromagnéticas—, os radares fixos do tipo Doppler possuem em sua estrutura uma ou duas antenas, que, normalmente, ficam embutidas no aparelho.

Esses equipamentos estão homologados por portaria do Inmetro e são averiguados periodicamente, conforme resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito).

*Com informações de Jainara Costa, em Colaboração para o UOL

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado sobre o exemplo do efeito Doppler com uma ambulância passando, a percepção de som não está relacionada ao volume do barulho. O fenômeno envolve a mudança de frequência (sons graves e agudos, por exemplo). O erro foi corrigido.