Por que não achamos vida fora da Terra? Cientista revela desafio e viraliza
Um vídeo em que a cientista da Nasa Heather Graham detalha todos os esforços que estão sendo feitos para caçar sinais de vida fora da Terra viralizou nos últimos dias e já foi visto quase 1,8 milhão de vezes.
O vídeo é apresentado pelo YouTuber australiano AstroKobi, também conhecido como Kobi Brown, que explica que o programa de astrobiologia da Nasa trabalha atualmente para encontrar respostas para três questões fundamentais:
- Como a vida começa e evolui?
- Existe vida em outro lugar do universo?
- E qual é a melhor forma de procurar vida fora da Terra?
Afinal, o que é vida?
Graham diz que a primeira coisa a ser considerada é entender que quando se fala em vida não se refere apenas a dos seres humanos, mas sim incluir uma variedade de organismos diferentes.
Em todos os lugares que vamos neste planeta vemos vida. No fundo do oceano, nos sedimentos mais profundos, envolto em gelo e no topo das montanhas secas. Na verdade, ainda não sabemos como a vida neste planeta começou e é realmente um problema difícil e complicado de resolver, porque a Terra passou por diversas mudanças ao longo de sua história
Heather Graham
Isso significa, ela acrescentou, que "retroceder o relógio" na Terra é considerar ambientes diferentes dos atuais. Isso significa que quando a Nasa está estudando como a vida começou, ela deve pensar em como qualquer vida poderia começar.
"Quando começamos a olhar para a vida dessa maneira e percebemos que ela é essa grande conversa com seu ambiente, fica mais fácil para imaginarmos que em outros planetas eles também têm histórias ricas e também podem ter sido muitos planetas ao longo de suas vidas", disse Graham. "E mais, isso significa que eles também podem ter acomodado muitos tipos de vida."
Como Graham apontou, no entanto, que a água é essencial para toda a vida como a entendemos, restringe um pouco essa busca.
Pequenas formas de vida
O principal tipo de vida em que a Nasa se concentra em encontrar no sistema solar são as formas de vida microscópicas ou de microrganismos.
Apesar de estar bem distante de encontrarmos "homenzinhos verdes" em espaçonaves voando pelos céus, como costuma ser imaginado, Graham explica que a descoberta de micróbios fora da Terra seria de grande importância. E dada a história do nosso próprio mundo, caçar micróbios como uma forma de vida alienígena faz todo o sentido.
Temos que lembrar que a maioria de nossa história foi microbiana. Os micróbios estavam no comando de nosso planeta por cerca de três bilhões de anos antes de organismos maiores aparecerem. Se encontrarmos um micróbio, isso significa que encontramos uma química planetária que descobriu como construir a vida. Sim, talvez não pudéssemos falar com ele, mas pelo menos saberíamos que não estamos sozinhos
Kobi Brown
Atualmente, uma das buscas mais intensas por vida microbiana está em andamento em Marte, onde os veículos robóticos Curiosity e Perseverance estão explorando regiões que bilhões de anos atrás tinham água abundante em contraste com o planeta árido visto hoje. Espera-se que as rochas dessas hidrovias fossilizadas de Marte possam conter vestígios de vida microbiana antiga.
"No robô está um instrumento chamado SAM (Sample Analysis at Mars), que é basicamente um laboratório de química inteiro e do tamanho de um forno de micro-ondas. Ele está na superfície de Marte coletando rocha e moléculas orgânicas que pensamos serem possíveis bioassinaturas químicas."
A cientista também apontou que a Nasa e a Agência Espacial Europeia (ESA) estão trabalhando para criar uma missão de retorno de amostras de Marte que pegará tubos lançados na superfície do planeta pelo Perseverance e os devolverá à Terra para serem analisados.
Amostras de asteroides
E Marte não é o único lugar onde a Nasa está coletando amostras. Em setembro, retorna à Terra a missão enviada ao asteroide Bennu.
Entender as amostras de asteroides é importante porque se acredita que essas rochas espaciais tenham se formado a partir do material que também deu origem aos planetas.
Ao contrário das amostras de asteroides que se desprendem e atingem a Terra como os meteoritos, as amostras trazidas por missões estão protegidas dos efeitos de entrar na atmosfera da Terra em alta velocidade, fazendo assim com que os cientistas consigam ter uma visão mais "pura" da matéria delas.
Luas também chamam a atenção
Algumas luas orbitando em outros planetas do sistema solar também são de interesse para a Nasa em sua busca incansável por vida além da Terra.
Mundos oceânicos como Encélado, a sexta maior lua de Saturno e Europa, uma lua de Júpiter, são bastante atraentes.
"Uma missão que me deixa muito animada é o lançamento do Europa Clipper em 2024. Quando obtivermos melhores imagens, poderemos entender melhor se é geologicamente ativo. Missões anteriores sugerem que, no fundo dos oceanos de Europa pode haver fontes hidrotermais ou aberturas no fundo do mar", disse Graham.
Ela acrescentou ainda que essas aberturas aquecem a água e podem alimentar a vida sob a casca gelada de Europa, um ecossistema que a luz do sol luta para alcançar.
"Na Terra vemos esses mesmos sistemas de fontes hidrotermais no nosso fundo do mar como um oásis para a vida alimentada por energia química", continuou a profissional.
Telescópio oferece ajuda importante
Graham também destacou o potencial do Telescópio Espacial James Webb (JWST) para caçar vestígios de vida além do sistema solar. Ele pode detectar bioassinaturas em torno de planetas extra-solares ou "exoplanetas" que indicam que algo na atmosfera desses mundos orbitando outras estrelas está usando energia naquele ambiente.
"Podemos não saber ainda como a vida começou neste planeta, mas aprendemos quão variada ela é. Também vislumbramos algumas das ferramentas para descobrirmos a possibilidade de que a vida possa ter surgido além da Terra e esteja em algum lugar escondido no universo ainda a ser descoberto. Mas meu principal argumento é que hoje, nós vivemos em um mundo extraordinário e cheio de possibilidades", conclui Brown.
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