Velocidade do 5G encosta na internet fixa, e cliente pensa em deixar wi-fi
Há quase um ano, o 5G passou a operar no Brasil com a promessa de ser mais rápido que outros tipos de internet. Uma pesquisa realizada pela OpenSignal, empresa que mensura a qualidade de redes móveis, indicou que as velocidades médias de download no 5G são pelo menos dez vezes as registradas no 4G, mas podem chegar a 18 vezes, como ocorre em Recife.
O estudo, divulgado em maio deste ano, mostrou ainda que a velocidade de download é superior a 250 Mbps nas 27 capitais do país. Mas passa de 400 Mbps em três cidades (Porto Alegre, Teresina e Curitiba), onde se aproxima do que hoje é oferecido em pacotes mensais de internet banda larga. Usuários ouvidos por Tilt narram como notaram essa melhora. E já há quem planeje abandonar o wi-fi de casa e ficar apenas com o 5G.
A advogada Thais Rodrigues de Almeida, 29, e o designer Thiago Dantas Martins Bauer, 42, são dois dos que notaram melhoria na velocidade na internet com a chegada do 5G. Thais mora no Rio de Janeiro, e Thiago reside em Brasília, primeira capital a operar o 5G no país, em 6 de julho de 2022.
"Meu 5G do celular nunca foi tão veloz como está hoje! Está quase sete vezes mais rápido que a internet wi-fi fixa de casa", escreveu o designer no Twitter em 20 de maio deste ano.
No post, ele mostra que a velocidade da internet 5G chegou a 1,1 Gbps, segundo medição do site Fast. Inicialmente, não era tão alta, mas Bauer mudou o plano de internet do celular no mesmo dia em que o 5G passou a operar na cidade. "Quando lançou, a internet do celular não chegava à internet fixa. No primeiro dia ficou em 270 Mbps." Agora, a situação se inverteu e ele até pensa em abrir mão da internet fixa.
Eu moro na Asa Norte e o que eu percebo é que às vezes a banda larga fica meio lenta. Em alguns cômodos da casa, não pega direito. Muitas vezes eu acabo tirando a rede wi-fi para o 5G por conta da velocidade. Estou começando a pensar em cancelar a internet fixa, de 500 mega, a metade do que o telefone está acessando
Thiago Dantas Martins Bauer, designer
Em Brasília, o designer percebe que o 5G é rápido em quase todos os lugares que vai. A exceção ocorre quando ele entra em prédios com paredes muito grossas. "A internet não chega no celular, daí o acesso é só no 3G."
Ele conta que só não cancelou o plano de internet fixa de vez porque o marido é gamer e usa um PC para jogar que depende da rede cabeada. "Adiamos um pouco esse plano até pensarmos em como resolver isso."
Já no Rio de Janeiro, Thais também percebe uma boa conexão de internet 5G na maior parte dos lugares. Porém, ela tem reparado que o pacote de dados de 30 GB tem terminado mais rápido, antes mesmo de fechar o mês. "A velocidade está ótima. Mas os meus dados móveis estão acabando muito rápido, coisa que não acontecia antes."
Ela percebe ainda que a conexão do 5G é melhor que a banda larga fixa para carregar vídeos e usar as redes sociais. "Como tem muita mídia, no 5G carrega muito rápido. Melhor até que wi-fi." A advogada passou a utilizar o novo tipo de conexão após trocar o celular, no final do ano passado. "Eu tinha um aparelho que não era 5G, quando eu troquei de aparelho atualizou automaticamente o plano."
Ainda assim, o 5G não é unanimidade. A gerente comercial Veridiana Maldonado, 48, e a radialista Heloisa Pinto, 39, não perceberam mudanças significativas. As duas moram em regiões diferentes de São Paulo —Heloísa no bairro Pinheiros e Veridiana na Vila Madalena. "Na verdade, continua ruim e caindo sempre", diz a gerente comercial.
O que é o 5G e como funciona?
O 5G, nova geração de internet móvel, usa o melhor espectro de rádio e permite que mais aparelhos acessem a internet móvel ao mesmo tempo. Ele usa faixas de frequência mais altas da telefonia para funcionar — é como se fossem diferentes pistas de uma estrada.
Essas faixas ficam entre 3,5 GHz (Gigahertz) a pelo menos 26 GHz. Elas têm uma capacidade maior, mas como seus comprimentos de onda são menores, significa que seu alcance é mais curto. Por isso, são chamadas de "ondas milimétricas" e são bloqueadas mais facilmente por objetos físicos.
O 5G utiliza cinco vezes mais antenas em relação ao 4G, conforme Luciano Stutz, presidente da Abrintel (Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações) e Marcos Ferrari, presidente executivo da Conexis.
*Com informações de Felipe Oliveira e Rosália Vasconcelos, colaboração para o UOL
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