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10 empresas podem usar 5G em locais onde só tem 4G; entenda como é possível

Robô Anymal é usado nas operações da Vale e pode ser beneficiado pela implantação do 5G, ajudando a retirar pessoas de atividades de risco. - Vale/Divulgação
Robô Anymal é usado nas operações da Vale e pode ser beneficiado pela implantação do 5G, ajudando a retirar pessoas de atividades de risco. Imagem: Vale/Divulgação

Hygino Vasconcellos

Colaboração para Tilt, em Balneário Camboriú (SC)

04/07/2023 04h00Atualizada em 05/07/2023 08h56

Um ano após estrear comercialmente no Brasil, o 5G é oferecido por companhias de telecomunicação em cidades maiores, como as capitais.

No entanto, uma dezena de empresas têm autorização para usar a tecnologia móvel de quinta geração em cidades pequenas onde esse tipo de rede não chegou e por ora apenas o 4G está à disposição dos consumidores.

Isso ocorre graças a uma autorização especial concedida pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Ao todo, são 10 as empresas que obtiveram aval para usar o chamado 5G privativo industrial —algumas podem até prestar serviços móveis para outras, explica a agência. Veja a lista abaixo:

  • Algar Telecom
  • Claro
  • Dpr Telecomunicações
  • Ericsson Telecomunicações
  • Flextronics International Tecnologia
  • INDT (Instituto de Desenvolvimento Tecnológico)
  • Máquinas Agrícolas Jacto
  • Siemens
  • Stock Tech
  • Vale

As redes 5G têm potencial de impulsionar o uso de tecnologias digitais fundamentais para aumentar a segurança e a confiabilidade das atividades da mineração, como visão computacional, robotização e operação remota
Claudia Mazzi, diretora de Infraestrutura Tecnológica da Vale

A executiva da mineradora diz a Tilt que a empresa vai utilizar a tecnologia em equipamentos teleoperados, que são controlados por funcionários que estão a quilômetros de distância das máquinas. A ideia é retirar pessoas de atividades de risco e substituí-las por robôs, trazendo mais segurança para as operações, diz Mazzi.

Ainda que já possua autorização para ter uma rede 5G só sua e tenha desenhado um plano, a Vale ainda não implantou a tecnologia. Hoje, a companhia tem um contrato com a Vivo para oferta dedicada de 4G, que já está em funcionamento em várias operações.

As aplicações com o 5G serão testadas no IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), empresa estatal ligada ao governo de São Paulo e que fica na capital paulista. Os trabalhos serão conduzidos em um novo espaço chamado Lab 5G.

Por lá, a Vale testará ainda um software de manutenção remota que utiliza realidade aumentada, aquela que mescla elementos digitais e do mundo físico.

Além da Vale, o Lab 5G conta com a participação da Nokia, que fornece a infraestrutura e a configuração da rede privativa 5G, e a Vivo, fornecedora da rede 5G outdoor.

O Lab 5G usará as dependências de dois espaços do IPT que estão sendo reformados: uma sala de 30 m² e um galpão. No primeiro local, ficarão os computadores onde os testes serão feitos. No galpão, será reproduzida uma usina de beneficiamento de minério que contará com uma pequena planta de moagem.

"Lá será possível testar as aplicações na rede reproduzindo um ambiente industrial semelhante ao que existe nas operações da empresa", explicou a Vale, em nota enviada a Tilt. O espaço deve ser concluído já no segundo semestre deste ano, mas a Vale não divulga quanto investiu nele.

Como funciona a obtenção da autorização?

O processo para a obtenção da autorização ocorre diretamente junto à Anatel. As empresas interessadas precisam obter uma outorga do serviço móvel de 5G (autorização para utilizar a rede privativa). Caso usem radiofrequência em vez de fibra óptica, também necessitam de uma segunda autorização. A análise da documentação leva em média 30 dias.

Todos os custos para a instalação da rede ficam por conta da empresa, salienta Sidney Azeredo Nince, assessor da Superintendência de Outorga e Recursos para a Prestação de Serviços de Telecomunicações da Anatel.

A decisão de utilizar uma rede privativa é 100% da empresa. O valor [de implantação] depende da rede e do tamanho do projeto da empresa. Pensando em uma situação similar ao Wi-Fi, a empresa que queira usar radiofrequência vai ter uma ERB (Estação rádio base), que emite o sinal naquele endereço e funciona como o ponto de acesso na sua casa. A partir daí, os dispositivos se conectam àquela estação. Pode ter empresa com 10 ou 1 mil dispositivos conectados
Sidney Azeredo Nince, da Anatel

Qual a vantagem

O 5G privativo industrial pode ser uma alternativa para empresas com taxas de transmissão de informações muito altas. Ou ainda para companhias com alta latência de rede, o tempo que os dados demoram para serem transferidos pela rede e voltarem ao equipamento.

"Também há casos de densidade muito grande de dispositivos por quilômetro quadrado", explica o porta-voz da Anatel. Nince observa que este tipo de rede 5G pode favorecer processos de automação, por exemplo.

"Via de regra, automatizar processos é operar máquinas à distância, sem a presença de humanos. No caso de minas, principalmente, a vantagem é evitar que seres humanos trabalhem em condições insalubres. Esses tipos de ganhos levam as empresas a investir em rede e equipamento para, de alguma forma, melhorar ou aumentar sua produção ou diminuir os custos. Ou os dois ao mesmo tempo", diz Nince.