Do sucesso 'fake' a Musk bravo: qual a ambição de Zuckerberg com o Threads?
Se alguém duvidava do poder de fogo da Meta, isso deve ter caído por terra nos últimos tempos. Mesmo sendo dona das principais redes sociais do mundo (Facebook, Instagram e WhatsApp), a empresa apresentou o Threads, um clone do Twitter, que faz parte de um plano ambicioso do conglomerado de redes sociais.
Com o lançamento da rede, Mark Zuckerberg teve um protagonismo que não exercia há muito tempo, dando um golpe duplo ao lançar uma nova rede social:
-Ameaçou a soberania do Twitter com um app muito parecido, e que já soma mais de 100 milhões de usuários em cinco dias — a título de comparação estima-se que o Twitter tenha 450 milhões
-Fez com que Mark Zuckerberg, CEO da Meta, saísse da casinha e passasse a tirar um barato de Elon Musk, dono do Twitter. O criador do Facebook fez questão de postar no Twitter, após mais de uma década de silêncio na rede, o meme do Homem-Aranha (tuíte abaixo) — na imagem, um Homem-Aranha aponta para outro Homem-Aranha; é uma menção dizendo que o Threads é muito parecido com o Twitter.
Musk sentiu tanto o golpe que ele chegou a chamar Zuckerberg de corno no Twitter e propôs um campeonato para saber quem tem o maior pênis entre eles. Sem contar que há uma conversa para uma possível luta numa jaula entre os dois.
Rede descentralizada: que diabos é isso?
Sobre o Threads, mais que uma tentativa de superar o Twitter (que tem mudado de tempos em tempos regras e cobrando acesso de recursos previamente gratuitos), a rede faz parte de um projeto ambicioso até então novo em redes sociais de massa: a descentralização.
Ainda que tenha ficado em segundo plano no lançamento, o Threads é compatível com um padrão chamado ActivityPub. Dessa forma, é possível transferir seu conteúdo para outro serviço ou até acessar e interagir com pessoas de outras redes compatíveis. Até então, a Meta permitia apenas interação com suas plataformas.
Por enquanto não há muitas redes com este padrão, a mais famosa até o momento é o Mastodon, que também lembra o Twitter.
Mas a ideia, quando a Meta liberar o recurso no Threads, é que membros da rede possam ver servidores do Mastodon e interagir com pessoas de lá; e o contrário também será possível: usuários da plataforma poderão conversar e ver postagens de pessoas no Threads.
A comunicação será feita usando a estrutura "@nomedousuário@threads.net". No caso do Mastodon, o endereço para menção é "@nomedousuario@mastodon.social".
Isso é sem precedentes para a Meta, pois está "perdendo" um pouco o controle das coisas para tentar ser a escolha de uma próxima geração de redes sociais que conversam entre si.
Threads: milhões de usuários significa sucesso?
Ainda é cedo para dizer se o Threads vai ser um sucesso. Ainda que tenha atingido números recordes (100 mi de usuários em 5 dias), há o questionamento se o que está acontecendo com a rede não foi o mesmo que rolou com a Microsoft no passado.
A gigante da tecnologia tinha o Internet Explorer, o navegador de internet mais usado do mundo. Mas ele era bom mesmo ou era por que vinha embarcado no sistema operacional mais usado à época? A Microsoft foi alvo de uma ação por práticas monopolistas nos EUA no início da década de 2010 por causa disso. Posteriormente, a empresa tomou ações para "reduzir" sua influência.
No caso da Meta, o número deve ser visto de forma crítica, levando em consideração o contexto. O Threads conseguiu esses números astronômicos por ser uma opção muito melhor ao Twitter ou por que é uma obrigação ter uma conta no Instagram, que tem 2 bilhões de usuários ativos, para entrar?
Threads claramente se beneficia do efeito de rede das pessoas do Instagram e também do fator novidade, mas ainda levará um tempo para sabermos se será um sucesso ou não.
Com tudo isso, a Meta, que estava um pouco fora do radar, volta a ter protagonismo. Após polêmicas de privacidade (da Cambridge Analytica aos Facebook Papers) e a mudança de nome para dizer que estavam focados no metaverso (algo que a empresa parece que vai deixar para um segundo momento), a companhia, líder no ramo, parece que não quer só ser gigante (como já é), mas também ser cool.
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