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ANÁLISE

Galaxy Z Flip 5: como novo dobrável fará você usar celular sem nem abri-lo

Helton Simões

De Tilt, em Seul (Coreia do Sul)*

27/07/2023 08h56Atualizada em 28/07/2023 11h23

Após cinco anos de existência, já era hora de os celulares dobráveis deixarem de ser a mera experimentação de uma tecnologia sensacional — as telas capazes de dobrar, no caso — e passarem a resolver problemas reais do nosso dia a dia. De uma forma bem torta, essa é a proposta do Galaxy Z Flip 5, principal anúncio da Samsung durante o Galaxy Unpacked, realizado ontem (26) na Coreia do Sul.

Quase todo mundo sofre com um problema irritante: ter uma tarefa interrompida por alguma notificação, desbloquear o celular para lidar com ela e simplesmente se perder no emaranhado de distrações disponíveis na tela. A solução? Nada de impedir que os alertas ocorram, como fazem Google e Apple. O que o novo smartphone dobrável faz é permitir, sim, que você faça bastante coisa sem nem mesmo ter que abrir o celular. Mas uma de cada vez.

Okay, essa capacidade de não mexer tanto com sua cabeça do Z Flip 5 é trunfo da tela dobrável. O que é ótimo, afinal a fabricante sul-coreana está amadurecendo esse aparelho há cinco gerações. Acontece que, quando o display está dobrado ao meio, o principal meio de usar o celular é a partir da tela externa.

Ampliada para 3,4 polegadas — a versão anterior tinha apenas 1,9 —, ela permite novas interações via comandos aos quais já estamos familiarizados:

Deslize o dedo da direita para a esquerda, e surgem os widgets (gravador, previsão do tempo, calendário etc) e aplicativos (YouTube, Netflix, Google Maps, Spotify etc);

Deslize da esquerda para a direita, e eis que aparecem as notificações, do WhatsApp ao Gmail;

Deslize de cima para baixo, e aí estão os acessos de Wi-Fi, Bluetooth, volume e brilho da tela, entre outros;

Deslize de baixo para cima, e a é ativada a Samsung Wallet, que guarda cartão de crédito, chave de carro e cartões de fidelidade;

Use o movimento de pinça para ver todos os widget configurados.

Galaxy Z Flip 5, novo celular da Samsung - Helton Simões Gomes/Tilt - Helton Simões Gomes/Tilt
Galaxy Z Flip 5, novo celular da Samsung
Imagem: Helton Simões Gomes/Tilt

Pare e pense: o que mais você faz com frequência no celular além das tarefas listadas acima? Tirar fotos? Pois a tela externa permite tirar selfies com o melhor conjunto de lentes que o aparelho traz. As câmeras ali posicionadas são, na verdade, as traseiras do celular — lembre-se que ele, em tese, é feito para ser usado aberto.

Tudo bem, essa possibilidade quase camufla o fato de a Samsung não ter mexido nos aspectos técnicos do conjunto de câmeras. Nesse quesito, o Galaxy Z Flip 4 é um replay do Z Flip 4: continuam a ultra grande-angular de 12 MP e a grande-angular de 12 MP na parte traseira, e a lente de 10 MP, na parte frontal.

Tela externa do Galaxy Z Flip 4 serve para pré-visualizar selfie com câmera principal - Guilherme Tagiaroli/Tilt - Guilherme Tagiaroli/Tilt
Tela externa do Galaxy Z Flip 4
Imagem: Guilherme Tagiaroli/Tilt

Após tirar fotos e fazer vídeos de selfie com as câmeras traseiras, é possível ainda conferi-las ali mesmo, sem abrir o aparelho. Afinal, nunca se sabe quando é preciso refazer o clique.

Nova dobradiça

Quem observar bem verá que o Z Flip 5, assim como o Z Fold 5 (que abre e fecha como se fosse um livro), possui uma outra grande novidade: se os antecessores possuíam um vão quando as telas se dobravam, isso não existe mais; tudo porque a Samsung mexeu na arquitetura da dobradiça e criou uma forma de as duas faces do display se dobrarem em gota.

É uma mudança e tanto, mas marginal ao que o Flip 4 e o Fold 4 já entregavam. E é importante dizer que outros concorrentes já desenvolveram soluções parecidas bem antes da Samsung - alguns eram destacados por fechar tão bem que prendia até folha de papel.

Modo Flex e fluidez de uso

Talvez um incremento que pudesse ofuscar o brilho da nova tela externa é o que a Samsung chama de Modo Flex, que faz os aparelhos, quando posicionados em "L" sob uma superfície, exibirem conteúdos na tela inclinada na vertical, enquanto os controles das configurações ficam todos no display apoiado na vertical. Mas nem isso.

O painel externo ainda ganha pontos por funcionar de forma bastante fluida com o display dobrado do interior do smartphone. Qualquer programa iniciado na telinha de dentro continua a ser rodado quando o aparelho é aberto. Por exemplo: na correria, você buscou um endereço no Maps ainda com o celular fechado, mas quis abrir o aparelho? Sem problema. O aplicativo continua rodando interna.

O dobráveis vão se popularizar?

Pelo que vi e senti ao usar o Galaxy Z Flip 5, acredito que o modelo com tela maior tende a impulsionar um pouco o segmento dos dobráveis, que fazem bastante barulho mas vendem pouco.

Afinal, ele dá uma razão de existir para o display que se curva (não basta efetuar a ginástica para caber no bolso dos usuários), dribla nossa compulsão por disseminar uma atenção já minguada por aí e se posiciona como um recurso útil. Talvez o que o mundo precise agora é justamente o silêncio das telas que não se abrem.

*O jornalista viajou a convite da Samsung

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