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Por que preciso tirar o notebook da mala ao passar no raio-X do aeroporto?

Equipamentos eletrônicos na bagagem têm um papel importante para identificar possíveis ameaças à segurança - iStock
Equipamentos eletrônicos na bagagem têm um papel importante para identificar possíveis ameaças à segurança Imagem: iStock

Simone Machado

Colaboração para Tilt, em São José do Rio Preto (SP)

28/07/2023 04h00Atualizada em 28/07/2023 18h02

Para quem viaja de avião, passar pelo sistema de raio-X é uma das partes mais chatas da viagem. É necessário tirar chaves, celular, cinto e outros metais dos bolsos. Mas você já se perguntou o motivo de precisar tirar os equipamentos eletrônicos como notebook e tablets de dentro da mochila ou mala para que eles sejam escaneados pela máquina?

Ao contrário do que alguns imaginam, o motivo não envolve exclusivamente um potencial risco de explosão da bateria. O que acontece é que o laptop acaba atrapalhando a visão e identificação dos demais conteúdos que estão guardados na bagagem.

"Os notebooks possuem cabos, placas de circuito eletrônicos, baterias e proteções eletromagnéticas de metal que dificultam a inspeção por equipamentos de raio-X. Podemos dizer que os notebooks não são completamente 'transparentes' ao passarem por esse equipamento, podendo, portanto, camuflar itens proibidos", explica Francisco Araújo Bomfim Júnior, professor do curso de Redes de Computadores da Faculdade Impacta.

Essa falta de visibilidade causada pelos componentes eletrônicos pode ser uma facilitadora para que ocorram crimes no ambiente aéreo ou até mesmo o tráfico de armas ou outros itens proibidos.

"Como o raio-X não consegue enxergar através do notebook, uma pessoa mal-intencionada poderia esconder uma faca ou até mesmo uma arma embaixo do equipamento sem que fosse identificado algo. E o notebook tem uma área bastante grande que impossibilita essa verificação", acrescenta Euclides Lourenço Chuma, membro sênior do Instituto dos Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE) e pesquisador na Universidade de Linköping, na Suécia.

Além disso, em caso de algum tipo de suspeita, o passageiro também pode ser solicitado a tirar o notebook da bagagem para uma inspeção mais detalhada.

Atualmente no Brasil essa necessidade de retirar o equipamento da bagagem acontece em voos domésticos e internacionais.

Raio-x com dias contados

Com o avanço da tecnologia e, consequentemente, dos equipamentos de scanner dos aeroportos, a necessidade de retirar notebooks e outros eletrônicos das malas está com os dias contados.

Em alguns países, como Estados Unidos e Inglaterra, alguns aeroportos não possuem mais essa exigência.

Em Londres, no Aeroporto de London City, isso já é uma realidade. Isso porque os tomógrafos usados no escaneamento de bagagens foram substituídos por versões mais modernas, que geram imagens em 3D e mais detalhadas do que se encontra dentro das malas dos passageiros.

A expectativa do governo local é de que os principais aeroportos passem a usar a tecnologia até junho de 2024.

"Tais scanners são capazes de gerar centenas de imagens em todas as direções. E com base nessas imagens, um algoritmo de reconstrução calcula as suas dimensões e gera uma imagem em 3D do conteúdo da bagagem", afirma Bomfim Junior.

Nos aeroportos dos EUA, testes com aparelhos com a tecnologia de tomografia computadorizada já começaram a ser realizados. Eles também prometem acabar com a obrigatoriedade de retirar equipamentos eletrônicos das malas durante a inspeção.

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